Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos.
Em seguida Barnabé foi para Tarso, à procura deSaulo. Encontrou-o e o levou para Antioquia. Durante um ano estiveram juntos naquela igreja e instruíram muita gente. Foi em Antioquia que, pela primeira vez, os discípulos foram chamados cristãos. At 11, 25-26.
Sim, sou cristão pela graça de Deus.
Digo: pela graça de Deus, porque o ser cristão é um dom de Deus, inteiramente gratuito, que nós não podemos merecer.
Verdadeiro cristão é aquele que é batizado, crê e professa a doutrina cristã e obedece aos legítimos Pastores da Igreja.
A Doutrina Cristã é a doutrina que Jesus Cristo Nosso Senhor nos ensinou, para nos mostrar o caminho da salvação.
Certamente, é necessário aprender a doutrina ensinada por Jesus Cristo, e cometem falta grave aqueles que se descuidam de o fazer.
Os pais e patrões são obrigados a procurar que seus filhos e dependentes aprendam a Doutrina Cristã; e são culpados diante de Deus, se desprezarem esta obrigação.
Devemos receber e aprender a Doutrina Cristã da Santa Igreja Católica.
Temos a certeza de que a Doutrina Cristã, que recebemos da Igreja Católica, é verdadeira, porque Jesus Cristo, autor divino desta doutrina, a confiou por meio aos seus Apóstolos à Igreja Católica, por Ele fundada e constituída Mestra infalível de todos os homens, prometendo-Lhe a sua divina assistência até à consumação dos séculos.
A verdade da Doutrina Cristã é demonstrada ainda pela santidade eminente de tantos que a professaram e professam, pela heróica fortaleza dos mártires, pela sua rápida e admirável propagação no mundo, e pela sua plena conservação através de tantos séculos de muitas e contínuas lutas.
As partes principais e mais necessárias da Doutrina Cristã são quatro: o Credo, o Padre-Nosso, os Mandamentos e os Sacramentos.
O Credo ensina-nos os principais artigos da nossa santa Fé.
O Padre-Nosso ensina-nos tudo o que devemos esperar de Deus, e tudo o que Lhe devemos pedir.
Os Mandamentos ensinam-nos tudo o que devemos fazer para agradar a Deus; em resumo, amar a Deus sobre todas as coisas, e amar ao próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
A doutrina dos Sacramentos faz-nos conhecer a natureza e o bom uso desses meios que Jesus Cristo instituiu Para nos perdoar os pecados, comunicar-nos a sua graça, e infundir e aumentar em nós as virtudes da fé, da esperança e da caridade.
A fé é o fundamento do que se espera e a convicção das realidades que não se vêem. Foi a fé que fez a glória dos antigos. Pela fé sabemos que o universo foi criado pela palavra de Deus, de sorte que do invisível teve origem o visível. Pela fé Abel ofereceu a Deus sacrifício melhor do que Caim e por ela foi declarado justo, tendo Deus aprovado as suas oferendas, e é pela fé que depois de morto Abel continua a falar. Epístola aos hebreus 4, 1-4
A primeira parte da Doutrina Cristã é o Símbolo dos Apóstolos, chamado vulgarmente Credo.
O Credo chama-se Símbolo dos Apóstolos, porque é um compêndio das verdades da Fé, ensinadas pelos Apóstolos.
O Credo tem doze artigos.
A palavra Credo, eu creio quer dizer: eu tenho por absolutamente verdadeiro tudo o que nestes doze artigos se contém; e o creio mais firmemente do que se o visse com os meus olhos, porque Deus, que não pode nem enganar-Se nem enganar-nos, revelou estas verdades à Santa Igreja Católica, e por meio dEla eis revela também a nós.
Os artigos do Credo contêm tudo o que de mais importante devemos crer acerca de Deus, de Jesus Cristo e da Igreja, sua Esposa.
É utilíssimo rezar freqüentemente o Credo, para imprimirmos cada vez mais no coração as verdades da Fé.
Assim podeis comportar-vos de maneira digna do Senhor, procurando agradar-lhe em tudo, frutificando em boas obras e crescendo no conhecimento de Deus, confortados pelo poder de sua glória para tudo suportar com paciência, firmeza e alegria. Agradecei a Deus Pai que vos tornou capazes de participar da herança * dos santos na luz. Ele nos livrou do poder das trevas e nos transportou ao reino de seu Filho amado, no qual temos a libertação: o perdão dospecados. Epístolas aos Colossences 1, 9-14
O primeiro artigo do Credo ensina-nos que há um só Deus, o qual é todo- poderoso, e criou o céu e a terra e todas as coisas que no céu e na terra se contêm, isto é, todo o universo.
Sabemos que há Deus, porque a nossa razão no-lo demonstra, e a fé no-lo confirma.
Dá-se a Deus o nome de Pai:
O Padre é a primeira Pessoa da Santíssima Trindade, porque não procede de outra Pessoa, mas é o princípio das outras duas Pessoas, isto é, do Filho e do Espírito Santo.
A palavra todo-poderoso quer dizer que Deus pode fazer tudo o que quer.
Diz-se que Deus pode fazer tudo, embora não possa pecar nem morrer, porque o poder pecar ou morrer não é eleito de potência mas de fraqueza, a qual não pode existir em Deus, que é perfeitíssimo.
Criar quer dizer fazer do nada; portanto, Deus diz-se Criador do céu e da terra, porque fez do nada o céu e a terra, e todas as coisas que no céu e na terra se contêm, isto é, todo o universo.
O mundo foi criado igualmente por todas as três Pessoas divinas, porque aquilo que uma Pessoa faz relativamente às criaturas, fazem-no com um só e o mesmo ato também as outras.
Atribui-se a criação particularmente ao Padre, porque a criação é efeito da onipotência divina a qual se atribui particularmente ao Padre, como se atribui a sabedoria ao Filho e a bondade ao Espírito Santo, embora todas as três Pessoas tenham a mesma onipotência, sabedoria e bondade.
Sim, Deus cuida do mundo e de todas as coisas que criou, conserva-as e governa-as com a sua infinita bondade e sabedoria, e nada sucede no mundo, sem que Deus o queira, ou o permita.
Diz-se que nada sucede no mundo, sem que Deus o queira, ou o permita, porque há coisas que Deus quer e manda, e outras que Ele não quer, porém, não impede, como o pecado.
Deus não impede o pecado, porque até mesmo do abuso que o homem faz da liberdade que lhe concedeu, sabe tirar um bem, e fazer resplandecer ainda maisa sua misericórdia ou a sua justiça.
Vou declarar-vos toda a verdade e nada vos ocultarei. Já vos declarei e disse: É bom guardar oculto o segredo de um rei; as obras de Deus, porém, devem ser reveladas, com a glória devida. Quando tu e Sara fazíeis oração, eu apresentava o memorial de vossa prece diante da glória do Senhor; e fazia o mesmo quando tu, Tobi, enterravas os mortos. Quando não hesitaste em levantar-te e deixar tua refeição e saíste para resguardar o cadáver, fui enviado a ti para ter pôr à prova. E Deus me enviou, também, para curar a ti e a Sara, tua nora. Eu sou Rafael, um dos sete anjos que permanecem diante da glória do Senhor e têm acesso à sua presença. Atônitos, os dois, prostraram-se com a face por terra, cheios de temor. Masele prosseguiu: Não temais! A paz esteja convosco! bendizei a Deus por todos os séculos. Quando estava convosco, não era por benevolência minha que vos assistia, mas pela vontade de Deus. Bendizei-o todos os dias e cantai seus louvores. Vós me víeis comer, embora eu nada comesse. Era só aparência o que víeis. Agora, bendizei o Senhor sobre a terra e dai graças a Deus. Eis que eu subo para junto de Quem me enviou. Escrevei tudo o quevosaconteceu. E ele subiu. Então levantaram-se, masnão o viram mais. Tobias 12, 11-20
As criaturas mais nobres, criadas por Deus, são os Anjos.
Os Anjos são criaturas inteligentes e puramente espirituais, sem corpo.
Deus criou os Anjos para ser por eles honrado e servido, e para os fazer eternamente felizes.
Os Anjos não têm forma nem figura alguma sensível, porque são puros espíritos, criados por Deus para subsistirem, sem terem de estar unidos a corpo algum.
Representam-se osAnjos com formas sensíveis: para auxiliar a nossa imaginação; porque assim apareceram muitas vezes aos homens, como lemos na Sagrada Escritura.
Os Anjos não foram todos fiéis a Deus, mas muitos por soberba pretenderam ser iguais a Ele, e independentes do seu poder; e por este pecado foram excluídos para sempre do Paraíso, e condenados ao Inferno.
Os Anjos excluídos para sempre do Paraíso e condenados ao Inferno, chamam-se demônios, e o seu chefe chama-se Lúcifer ou Satanás.
Sim, os demônios podem fazer-nos muito mal à alma e ao corpo, se Deus lhes der licença, sobretudo tentando-nos a pecar.
Os demônios tentam-nos pela inveja que nos têm e que lhes faz desejar a nossa eterna condenação, e por ódio a Deus, cuja imagem em nós resplandece. E Deus permite as tentações, a fim de que nós, vencendo-as com a sua graça, pratiquemos as virtudes e alcancemos merecimentos para o Céu.
Vencem-se as tentações com a vigilância, com a oração e com a mortificação cristã.
Os Anjos que se conservaram fiéis a Deus chamam-se Anjos bons, Espíritos celestes, ou simplesmente Anjos.
Os Anjos que se conservaram fiéis a Deus, foram confirmados em graça, gozam para sempre da vista de Deus, amam-No, bendizem-No e louvam-No eternamente.
Sim, Deus serve-se dos Anjos coma seus ministros, e especialmente confia a muitos dentre eles o ofício de nossos guardas e protetores.
Sim, devemos ter particular devoção ao nosso Anjo da guarda, honrá-lo, implorar o seu auxílio, seguir as suas inspirações rações e ser-lhe reconhecidos pela assistência contínua que nos dá.
O Senhor Deus formou, pois, o homem do barro da terra, e inspirou no seu rosto um sopro de vida, e o homem tornou-se alma (pessoa) vivente. Ora, o Senhor Deus tinha plantado, desde o princípio um paraíso de delícias, no qual Pôs o homem que tinha formado. E o Senhor Deus tinha produzido da terra toda a casta de árvores formosas à vista, e de frutos doces para comer; e a árvore da vida no meio do paraíso, e a árvore da ciência do bem e do mal. Deste lugar de delícias saía um rio para regar o paraíso, o qual dali se divide em quatro braços. O nome do primeiro é Fison, e é aquele que torneia todo o país de Evilat, onde se encontra o ouro. E o ouro deste pais é ótimo; ali (também) se acha o bdélio e a pedra ônix. O nome do segundo rio é Gion; este é aquele que torneia toda a terra de Etiópia. O nome, porém, do terceiro rio é Tigre, que corre para a banda dos assírios. E o quarto rio é o Eufrates. Tomou Pois, o Senhor Deus o homem, e colocou-o no paraíso de delícias, para que o cultivasse e guardasse. E deu-lhe este preceito, dizendo: Come de todasasárvoresdo paraíso masnão comasdo fruto da árvore da ciência do bem e do mal; porque em qualquer dia que comeres dele, morrerás indubitavelmente. "Disse mais o Senhor Deus: Não é bom que o homem esteja só; façamos-lhe um adjutório semelhante a ele Tendo, pois, o Senhor Deus formado da terra todos os animais terrestres, e todas as aves do céu. levou-os diante de Adão, para este ver como os havia de chamar; e todo o nome que Adão pôs aos animais vivos, esse é o seu verdadeiro nome. E Adão pôs nomes convenientes a todos os animais, a todas as aves do céu, e a todos os animais selváticos; mas não se achava para Adão um adjutório semelhante a ele. Formação da mulher e instituição do matrimônio. Mandou, pois, o Senhor Deus um profundo sono a Adão; e, enquanto ele estava dormindo, tirou uma das suas costelas, e pôs carne no lugar dela. E da costela, que tinha tirado de Adão, formou o Senhor Deus uma mulher; e a levou a Adão. E Adão disse: Eis aqui agora o osso de meus ossos e a carne da minha carne; ela se chamará Virago, porque do varão foi tomada. Gênesis 2, 7-23
A criatura mais nobre que Deus colocou sobre a terra, é o homem.
O homem é uma criatura racional, composta de alma e corpo.
A alma é a parte mais nobre do homem, porque é substância espiritual, dotada de inteligência e de vontade, capaz de conhecer a Deus e de O possuir eternamente.
Não se pode ver nem apalpar a nossa alma, porque é espírito.
A alma humana nunca morre; a fé e a mesma razão provam que la é imortal.
Sim, o homem é livre nas suas ações; e cada qual sente, dentro de si mesmo, que pode fazer uma ação e deixar de fazê-la, ou fazer antes uma que outra.
Se eu disser voluntariamente uma mentira, sinto que poderia deixar de dizê-la, e calar-me, e que poderia também falar de outro modo, dizendo a verdade.
Diz-se que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus, porque a alma humana é espiritual e racional, livre na sua ação, capaz de conhecer e de amar a Deus, e de gozá-Lo eternamente, perfeiçõesque refletem em nósum raio da infinita grandeza de Deus.
Deus criou Adão e Eva no estado de inocência e de graça; mas depressa o perderam, pelo pecado.
Além da inocência e da graça santificante, Deus concedeu aos nossos primeiros pais outros dons, que eles deviam transmitir, juntamente com a graça santificante, aos seus descendentes, e eram: a integridade, isto é, a perfeita sujeição dos sentidos à razão; a imortalidade; a imunidade de todas as dores e misérias; e a ciência proporcionada ao seu estado.
O pecado de Adão foi um pecado de soberba e de grave desobediência.
Adão e Eva perderam a graça de Deus e o direito que tinham ao céu, foram expulsos do Paraíso Terrestre, sujeitos a muitas misérias na alma e no corpo, e condenados a morrer.
Se Adão e Eva não tivessem pecado, mas se se tivessem conservado fiéis a Deus, depois de uma permanência feliz e tranqüila neste mundo, teriam sido levados por Deus ao Céu, sem morrer, a gozar uma vida eterna e gloriosa.
Estes dons não eram devidos por nenhum título ao homem, mas eram absolutamente gratuitos e preternaturais; e por isso, tendo Adão desobedecido ao preceito divino, Deus pôde, sem injustiça, privar deles a Adão e a toda a sua descendência.
Este pecado não é só de Adão, mas é também nosso, embora por diverso título. É próprio de Adão, porque ele o cometeu com um ato da sua vontade, e por isso nele foi pessoal. É nosso, porque tendo Adão pecado como cabeça e fonte de todo o gênero humano, é transmitido por geração natural a todosos seusdescendentes, e por isso para nós é pecado original.
O pecado original transmite-se a todos os homens, porque tendo Deus conferido ao gênero humano, em Adão, a graça santificante e os outros dons preternaturais, com a condição de que ele não desobedecesse, e tendo este desobedecido tia sua qualidade de cabeça e pai do gênero humano, tornou a natureza humana rebelde a Deus. Por isso a natureza humana é transmitida a todos os descendentes de Adão num estado de rebeldia contra Deus, privada da graça divina e dos outros dons.
Sim, todos os homens contraem o pecado original, exceto a Santíssima Virgem que dele foi preservada por Deus, com singular privilégio, na previsão dos merecimentos de Jesus Cristo Nosso Salvador.
Depois do pecado de Adão, os homens já não poderiam salvar-se, se Deus não tivesse usado para com eles de misericórdia.
A misericórdia de que Deus usou para com o gênero humano, foi prometer logo a Adão um Redentor divino, ou Messias, enviá-Lo depois a seu tempo, para libertar os homens da escravidão do demônio e do pecado.
O Messias prometido é Jesus Cristo, como nos ensina o segundo artigo do Credo.
Imediatamente Jesus obrigou os seus discípulos a subir para a barca e a passarem antes dele à outra margem do lago, en quanto ele despedia as turbas, Despedidas as turbas, subiu só a um monte para orar. Quando chegou a noite, achava-se ali. Entretanto, a barca achava-se a muitos estádios da terra e era batida pelasondas, porque o vento era contrário. Porém, na quarta vigília da noite, foi Jesus ter com eles, andando sobre o mar. E (os discípulos), quando o viram andar sobre o mar, turbaram-se dizendo : E um fantasma. E, com medo, começaram a gritar. Mas Jesus falou-lhes imediatamente, dizendo: Tende confiança; sou eu, não reinais. Respondendo Pedro, disse: Senhor, se és tu, manda-me ir até onde estás por sobre as águas. Ele disse: Vem. Descendo Pedro da barca, caminhava sobre a água para ir a Jesus. Vendo, porém, que o vento era forte, temeu, e, começando a submergir-se, gritou, dizendo: Senhor, salva-me! Imediata mente Jesus estendendo a mão, o tomou e lhe disse: Homem de pouca fé, porque duvidaste? Depoisque subiram para a barca, o vento cessou. Os que estavam na barca aproximaram-se dele e o adoraram, dizendo: Verdadeiramentetu éso Filho deDeus. Mt 14, 22-33
O segundo artigo do Credo ensina-nos que o Filho de Deus é a segunda Pessoa da Santíssima Trindade; que Ele é Deus eterno, todo-poderoso, Cria for e Senhor, como o Padre; que se fez homem par nos salvar; e que o Filho, de Deus feito homem se chama Jesus Cristo.
A segunda Pessoa chama-se Filho porque é gerada pelo Padre por via de inteligência, desde toda da ti eternidade; e por este motivo se chama também Verbo eterno do Padre.
Jesus Cristo chama-se Filho único de Deus porque só Ele é por natureza seu Filho, e nós seus filhos por criação e por adoção.
Chama-se Jesus Cristo Nosso Senhor não se porque, enquanto Deus, juntamente com o Padre e o Espírito Santo, rios criou, como também porque, em enquanto Deus e homem rios remiu com seu Sangue.
O Filho de Deus feito homem chama-se Jesusque quer dizer Salvador, porque nos salvou da morte eterna que merecíamos por nossos pecados.
Foi o mesmo Padre Eterno que deu o nome de Jesus ao Filho de Deus feito homem, por meio do Arcanjo São Gabriel, quando este anunciou à Virgem Santíssima o mistério da Encarnação.
O filho de Deus feito homem chama-se também Cristo, que quer dizer Ungido e consagrado, porque antigamente ungiam-se os reis, os sacerdotes e os profetas e Jesus é Rei dos reis, Sumo Sacerdote e Sumo Profeta.
A unção de Jesus Cristo não foi corporal, como a dos antigos reis, sacerdotes e profetas, mas toda espiritual e divina, porque a plenitude da divindade habita nEle substancialmente.
Sim, os homens tiveram conhecimento de Jesus Cristo antes da sua vinda, pela promessa do Messias, que Deus fez aos nossos primeiros paisAdão e Eva, a qual renovou aos santos Patriarcas; e também pelas profecias e muitas figuras que O designavam.
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiramente o Messias e o Redentor prometido, porque nEle se cumpriu:
As profecias prediziam acerca do Redentor: a tribo e a família da qual devia sair; o lugar e o tempo do nascimento; os seus milagrese as mais minuciosas circunstâncias da sua Paixão e morte; a sua ressurreição e ascensão ao Céu; o seu reino espiritual, universal e perpétuo, que é a Santa Igreja Católica.
As principais figuras do Redentor no Antigo Testamento são o inocente Abel, o sumo sacerdote Melquisedec, o sacrifício de Isaac, José vendido pelos irmãos, o profeta Jonas, o cordeiro pascal e a serpente de bronze, levantada por Moisés tio deserto.
Sabemos que Jesus Cristo é verdadeiro Deus:
Os principais milagres operados por Jesus Cristo são, além da sua ressurreição, a saúde restituída aos enfermos, a vista aos cegos, o ouvido aos surdos, a vida aos mortos.
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem, chamado José, da casa de Davi. O nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, o anjo lhe disse: Deus te salve, cheia de graça, o Senhor está contigo! Ao ouvir as palavras, ela se perturbou e refletia no que poderia significar a saudação. Mas o anjo lhe falou: Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará na casa de Jacó pelos séculos e seu reino não terá fim. Maria perguntou ao anjo: Como acontecerá isso, pois não conheço homem? Em resposta o anjo lhe disse: O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; e por isso mesmo Santo que vai nascer de ti será chamado Filho de Deus. Eis que também Isabel, tua parenta, concebeu um filho em sua velhice, e este é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível. Disse então Maria: Eisaqui a serva do Senhor. Aconteça comigo segundo tua palavra! E o anjo afastou-se dela. Luc 1, 26-33
O terceiro artigo do Credo ensinam-nos que o Filho de Deus tomou um corpo e uma alma, como nós temos, no seio puríssimo de Maria Santíssima, Pelo poder do Espírito Santo, e que nasceu desta Virgem.
Sim, para formar o corpo e para criar a alma de Jesus Cristo, concorreram todas as três P Pessoas divinas.
Diz-se só: foi concebido pelo poder do Espírito Santo, porque a Encarnação do Filho de Deus é obra de bondade e de amor, e as obras de bondade e de amor atribuem-se ao Espírito Santo.
O Filho de Deus, fazendo-se homem, não deixou de ser Deus.
Sim, o Filho de Deus encarnado, isto é, Jesus Cristo, é Deus e homem ao mesmo tempo, perfeito Deus e perfeito homem.
Sim, em JesusCristo, que é Deuse homem, há duas naturezas, a divina e a humana.
No Filho de Deus feito homem há só uma Pessoa, que é a divina.
Em Jesus Cristo há duas vontades, uma divina, outra humana.
Sim, Jesus Cristo tinha vontade livre, mas não podia fazer o mal, porque poder fazer o mal é defeito, e não perfeição da liberdade.
O Filho de Deus e o Filho de Maria Santíssima são a mesma Pessoa, isto é, Jesus Cristo, verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
Sim, Maria Santíssima é Mãe de Deus, porque é Mãe de Jesus Cristo, que é verdadeiro Deus.
Maria veio a ser Mãe de Jesus Cristo unicamente por virtude do Espírito Santo.
Sim, é de fé que Maria Santíssima foi sempre Virgem, e é chamada a Virgem por excelência.
Levaram, pois, Jesus da casa de Caifás ao Pretório. Era de manhã. Não entraram no Pretório para se não contaminarem, a fim de comerem a Páscoa. Pilatos, pois, Saiu fora para lhes falar e disse: Que acusação apresentais contra este homem? Responderam e disseram lhe: Se este não fosse um malfeitor, não o entregaríamos nas tuasmãos. Pilatosdisselhes então: Tomai-o vós e julgai-o segundo a vos. sa lei, Mas os judeus disseram-lhe: A nós não nos é permitido matar ninguém. Para se cumprir a palavra que Jesus dissera, significando de que morte havia de morrer. Tornou, pois, Pilatos a entrar no Pretório, chamou Jesus e disse-lhe: Tu és o rei dos judeus? Respondeu Jesus: Tu dizes isso de ti mesmo, ou foram outrosque to disseram de mim? Respondeu Pilatos: Porventura sou eu judeu? A tua nação e os pontífices são os que te entregaram nas minhas mãos. Que fizeste tu? Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste inundo, certamente que os meus ministros se haviam de esforçar para que eu não fosse entregue aos judeus; mas o meu reino não é daqui. Disse-lhe então Pilatos: Logo tu és rei? Respondeu Jesus: Tu dizes, sou rei, Nasci, e vim ao mundo para dar testemunho da verdade; todo o que está pela verdade. ouve a minha voz. "Disse lhe Pilatos: O que é a verdade? Dito isto, tornou a sair, para ir ter com os judeus e disse-lhes: Não encontro nele crime algum. Ora é costume que eu pela Páscoa, vos solte um prisioneiro; quereis. pois, que vos solte o rei dos judeus? Então gritaram todos novamente, dizendo: Não este. mas Barrabás. Ora Barrabás era um salteador. Pilatos tomou então Jesus e mandou-o flagelar. Os soldados, tecendo uma coroa de espinhos, puseram-lha sobre a cabeça e revestiram- no com um manto de púrpura. Depois, aproximavam-se dele e diziamlhe: Salve, rei dos judeus! e davam-lhe bofetadas. Saiu Pilatos ainda entra vez fora, e disse-lhes: Eis que vo-lo trago fora, para que conheçais que não encontro nele crime algum. Saiu, pois, Jesus trazendo a coroa de espinhos e o manto de Púrpura. E (Pilatos) Eis aqui o homem. Então os, príncipes dos sacerdotes e os ministros, tendo-o visto, gritaram, dizendo: Crucifica-o, crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Tomai-o vós e crucificai-o, porque eu não en centro nele crime algum Responderam-lhe os judeus: Nós temos uma lei e segundo a lei deve morrer Porque se fez Filho de Deus. Pilatos, tendo ouvido estas palavras temeu ainda mais. Entrou novamente no Pretório e disse a Jesus: Donde és tu? Mas Jesus não lhe deu resposta Então disse-lhe Pilatos: Não me falas? Não ves que tenho poder para te soltar, e também para te crucificar? Respondeu Jesus: Tu não terias poder algum sobre mim, se não fosse dado do alto. Por isso o que me entregou a ti, tem maio pecado. Desde este momento, procurava Pilatos soltá-lo. Porém os judeus gritavam, dizendo: Se soltas este, não é, amigo de César, Porque todo o que se faz rei, declara-se contra César. Pilatos, tendo ouvido estas palavras, conduziu Jesus para fora e sentou se no seu tribunal. no lugar chamado Lithostrotos, em hebraico Gabbatha. Era a Parásceve (ou dia de preparação) da Páscoa, cerca da hora sexta, e disse aos judeus: Eis o vosso rei. Mas eles gritaram: Tira-o, tira-o, crucifica-o! Disse-lhes Pilatos: Pois eu, hei de crucificar o vosso rei? Responderam os pontífices: Não rei temos rei, senão César. Então entregou-lho, Para que fosse crucificado. S. João, 18, 28-40; 19, 1-23
O quarto artigo do Credo ensina-nos que JesusCristo, para remir o mundo com o seu precioso Sangue, padeceu sob Pôncio Pilatos, governador da Judéia, e morreu no madeiro da Cruz, da qual foi descido, e no fim sepultado.
A palavra padeceu exprime todos os sofrimentos suportados por Jesus Cristo na sua Paixão.
Jesus Cristo padeceu enquanto homem somente, porque enquanto Deus não podia padecer nem morrer.
O suplício da cruz era, naqueles tempos, o mais cruel e ignominioso de todos os suplícios.
Quem condenou Jesus Cristo a ser crucificado foi Pôncio Pilatos, governador da Judéia, o qual no entanto reconhecera a sua inocência; mas cedeu covardemente às ameaças dos judeus.
Sim, Jesus Cristo podia livrar-Se das mãos dos judeus ou de Pilatos; mas, conhecendo que a vontade do seu Eterno Padre era que Ele padecesse e morresse pela nossa salvação, submeteu-Se voluntariamente, e até saiu ao encontro dos seus inimigos, e deixou-Se espontaneamente prender e conduzir à morte.
Jesus Cristo foi crucificado sobre o monte Calvário.
Jesus Cristo na Cruz orou pelos seus inimigos, deu por Mãe ao discípulo São João, e na pessoa dele a nós todos, a sua mesma Mãe, Maria Santíssima; ofereceu a sua morte em sacrifício, e satisfez à justiça de Deus pelos pecados dos homens.
Não bastava que viesse um Anjo satisfazer por nós, porque a ofensa feita a Deus pelo pecado era, sob certo aspecto, infinita; e para satisfazê-la requeria-se unia pessoa que tivesse merecimento infinito
Sim, era necessário que Jesus Cristo fosse homem para poder padecer e morrer, e era necessário que fosse Deus, para que os seus sofrimentos fossem de valor infinito.
Era necessário que os merecimentos de Jesus Cristo fossem de valor infinito, porque a majestade de Deus, ofendida pelo pecado, é infinita.
Não era absolutamente necessário que Jesus Cristo padecesse tanto, porque o menor dos seus sofrimentos bastaria para a nossa redenção, pois cada um dos seus atos era de valor infinito.
Jesus quis sofrer tanto, para satisfazer mais abundantemente à justiça divina, para nos mostrar mais claramente o seu amor, e para nos inspirar maior horror ao pecado.
Sim, na morte de Jesus obscureceu-se o sol, tremeu a terra, abriram-se algumas sepulturas, e muitos mortos ressuscitaram.
O corpo de Jesus Cristo foi sepultado num túmulo novo, escavado na rocha do monte, pouco distante do lugar onde Ele foi crucificado.
Na morte de Jesus Cristo a divindade não se separou nem do corpo nem da alma; mas só a alma se separou do corpo.
Jesus Cristo morreu pela salvação de todos os homens, e satisfez por todos.
Jesus Cristo morreu por todos, mas nem todos se salvam, porque nem todosO reconhecem, nem todos seguem a sua lei, nem todos se servem dos meios de santificação que nos deixou.
Para nos salvarmos não basta que Jesus basta que Jesus Cristo tenha morrido por nós, mas é necessário que sejam aplicados, a cada um de nós, o fruto e os merecimentos da sua Paixão e morte, aplicação que se faz, sobretudo, por meios dosSacramentos, instituídos para este fim pelo mesmo Jesus Cristo; e como muitos ou não recebem os Sacramentos, ou não os recebem com as condições devidas, eles tornam inútil para si próprios a morte de Jesus Cristo.
No dia seguinte, isto é, depois da sexta-feira, os sumos sacerdotes e os fariseus foram a Pilatos e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor disse em vida: Depois de três dias ressuscitarei. Manda, pois, guardar o sepulcro até o terceiro dia para não acontecer que os seus discípulos venham roubar o corpo e digam ao povo: Ele ressuscitou dosmortos. E esta última impostura será pior do que a primeira. Pilatos lhes disse: Vós tendes a guarda. Ide e guardai-o como bem entendeis. Elesforam e puseram guarda ao sepulcro depoisdeselarem a pedra. Passado o sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. Subitamente houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu, aproximou-se, rolou a pedra do sepulcro e sentou-se nela. O seu aspecto era como o de um relâmpago e sua veste, branca como a neve. Paralisados de medo, osguardas ficaram como mortos. O anjo, dirigindo-se àsmulheres, disse: Não tenhais medo. Sei que procurais Jesus, o crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou conforme tinha dito. Vinde ver o lugar onde estava. Ide logo dizer a seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que vai à frentedevóspara a Galiléia. Lá o vereis. Eiso queeu tinha a dizer. Jesus aparece às mulheres. Afastando-se logo do túmulo, cheias de temor e grande alegria, correram para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus saiu ao encontro delas e disse-lhes: Salve! Elas se aproximaram, abraçaram-lhe os pés e se prostraram diante dele. Disse-lhes então Jesus: Não tenhais medo! Ide dizer a meus irmãos que se dirijam à Galiléia elá meverão. Mt 27, 62-66; 28, 1-10.
O quinto artigo tio Credo ensina-nos que a alma de Jesus Cristo, assim que se separou do corpo, foi ao Limbo e que, tio terceiro dia, se uniu de novo ao corpo, parti nunca mais dele se separar.
Por inferno entende-se aqui o Limbo, isto é, aquele lugar onde estavam as almas dos justos, esperando ti redenção de Jesus Cristo.
As almas dos justos não foram introduzidas no Paraíso antes da morte de Jesus Cristo, porque pelo pecado de Adão o Paraíso estava fechado; e convinha que Jesus Cristo, cuja morte o reabriu, fosse o primeiro ti entrar nele.
Jesus Cristo quis demorar até tio terceiro dia para ressuscitar, para mostrar de modo insofismável, que verdadeiramente tinha morrido.
A ressurreição de Jesus Cristo não foi semelhante à dos outros homens ressuscitados, porque Jesus Cristo ressuscitou por virtude própria, e os outros foram ressuscitados por virtude de Deus.
Os que prenderam Jesus levaram-no a Caifás, o Sumo Sacerdote, onde os escribas e anciãos se haviam reunido. Pedro o seguiu de longe até o pátio do Sumo Sacerdote. Entrou ali e sentou-se junto com os guardas para ver como ia terminar. Os sumos sacerdotes e todo o Sinédrio procuravam falsos testemunhoscontra Jesuspara condená-lo à morte. Masnão os encontraram, embora muitas testemunhas falsas se tivessem apresentado. Finalmente apresentaram-se duas testemunhas que disseram: Este homem falou: Posso destruir o Santuário de Deus e em três dias reconstruí-lo. Então o Sumo Sacerdote levantou-se e perguntou: Nada respondes ao que estes depõem contra ti? Jesus, porém, permanecia calado. O Sumo Sacerdote lhe disse: Conjuro-te pelo Deus vivo: dize-nos se tu és o Cristo, o Filho de Deus. Jesus respondeu-lhe: Tu o disseste. Entretanto eu vosdigo: Um dia vereiso Filho do homem sentado à direita do Todo-poderoso, vindo sobre as nuvens do céu. Então o Sumo Sacerdote rasgou asvestesn e disse: Blasfemou! Que necessidade temosde maistestemunhas? Acabaisde ouvir a blasfêmia. O que vosparece? Eles responderam: É réu de morte. Então começaram a cuspir-lhe no rosto e a darlhe bofetadas, e outros a ferir-lhe o rosto ; e diziam: Adivinha, ó Cristo, quem foi quetebateu? Mt 7, 57-68
O sexto artigo do Credo ensina-nos que Jesus quarenta dias depois da sua ressurreição na presença dos seusdiscípulos, subiu por Si mesmo tio Céu e que sendo, enquanto Deus, igual tio Padre Eterno na Glória, enquanto homem, foi elevado acima de todos os Anjos e de todos os Santos, e constituído Senhor de todas as coisas.
Jesus Cristo, depois da sua ressurreição, esteve quarenta dias na terra, antes de subir tio Céu, para provar, com várias aparições, que ressuscitara verdadeiramente, e para instruir melhor os Apóstolos e confirmá-los nas verdades da fé.
Jesus Cristo subiu tio Céu:
Diz-se de Jesus Cristo que subiu, e de sua Mãe Santíssima que foi levada ao Céu, porque Jesus Cristo, sendo Homem-Deus, subiu ao Céu por virtude própria; mas sua Mãe, que era criatura, embora a mais digna de todas, foi levada tio Céu por virtude de Deus.
As palavras está sentado significam ti posse pacífica que Jesus Cristo tem da sua glória, o as palavras à direita de DeusPadre todo-poderoso exprimem que Ele, tem o lugar de honra sobre todas as criaturas.
Quando o Filho do homem vier em sua glória com todos os seus anjos, então se assentará no seu trono glorioso. Em sua presença, todas as nações se reunirão e ele vai separar uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. Colocará as ovelhas à sua direita e os cabritos, à esquerda. E o rei dirá aos que estiverem à sua direita: Vinde, abençoados por meu Pai! Tomai posse do Reino preparado para vós desde a criação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, fui peregrino e me acolhestes e, estive nu e me vestistes, enfermo e me visitastes, estava na cadeia e viestes ver-me. E os justos perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos peregrino e te acolhemos, nu e te vestimos? Quando foi que te vimosenfermo ou na cadeia e te fomos visitar? E o rei dirá: Eu vos garanto: todasas vezes que fizestes isso a um desses meus irmãos menores, a mim o fizestes. Depois dirá aos da esquerda: Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque eu tive fome e não me destes de comer, tive sede e não me destes de beber, fui peregrino e não me destes abrigo; estive nu e não me vestistes, enfermo e na cadeia e não me visitastes. E eles perguntarão: Senhor, quando foi que te vimos faminto ou sedento, peregrino ou enfermo ou na cadeia e não te servimos? E ele lhes responderá: Eu vos garanto: quando deixastes de fazer isso a um dessespequeninos, foi a mim quenão o fizestes. E estesirão para o castigo eterno, enquanto osjustos, para a vida eterna. Mt 25, 31-46
O sétimo artigo do Credo ensina-nos que no fim do mundo Jesus Cristo cheio de glória e de majestade, há de vir do Céu para julgar todos os homens, bons e maus, e para dar a cada uni o prêmio ou o castigo que tiver merecido.
Havemos de ser julgados todos no Juízo universal por várias razões:
No Juízo universal há de manifestar-se a de Deus, porque todos hão de reconhecer ti justiça com que Deusgoverna o mundo, embora se vejam às vezes osbonsa sofrer e o maus em prosperidade.
No Juízo universal há de manifestar-se a glória de Jesus Cristo, porque, tendo Ele sido injustamente condenado pelos homens, aparecerá então à face do mundo inteiro como Juiz supremo de todos.
No Juízo universal há de manifestar-se a glória dos Santos, porque muitos deles, que morreram desprezados pelos maus, hão de ser glorificados em presença de todos os homens.
No Juízo universal a confusão dos maus será enorme, especialmente a daqueles que oprimiram os justos, e ti daqueles que, durante a vida, procuraram ser tidos, falsamente, por homens virtuosos e bons, pois verão manifestados, à vista de todo o inundo, os pecados que cometeram ainda os mais ocultos.
Chegando o dia de Pentecostes s, estavam todos reunidos no mesmo lugar. De repente veio do céu um ruído, como de um vento impetuoso, que encheu toda a casa em que estavam sentados. Viram aparecer, então, uma espécie de línguas de fogo, que se repartiram e foram pousar sobre cada um deles. Todos ficaram cheios do Espírito Santo e começaram a falar em outras línguas u, conforme o Espírito Santo lhes concedia que falassem. Ora, em Jerusalém moravam judeus, homens piedosos, de todas as nações que há debaixo do céu. Ouvindo aquele ruído, acorreu muita gente e se maravilhava de que cada um os ouvisse falar em sua própria língua. Profundamente impressionados, manifestavam sua admiração e diziam: Estes que estão falando não são todos galileus? Como, então, todos nós os ouvimos falar, cada um em nossa própria língua materna? Partos, medos, elamitas, os que habitam a Mesopotâmia, a Judéia, a Capadócia, o Ponto, a Ásia, a Frígia, a Panfília, o Egito e as províncias da Líbia, próximas de Cirene, peregrinos romanos, judeus ou convertidos ao judaísmo, cretenses e árabes todos os ouvimos falar as grandezas de Deus em nossas próprias línguas. Atônitos e fora de si, diziam uns para os outros: O que quer dizer isso? Outros, zombando, diziam: Eles estão cheios de vinho. Atos 2, 1-13
O oitavo artigo elo Credo ensina-nos que existe o Espírito Santo, terceira Pessoa da Santíssima Trindade, e que Ele é Deus eterno, infinito, onipotente, Criador e Senhor de todas as coisas, como o Padre e o Filho.
O Espírito Santo procede do Padre e do Filho como de um só princípio, por via de vontade e de amor.
Diz-se que si o eternas todas as trêsPessoas divinas, porque o Padre gerou o Filho desde toda a eternidade, e do Padre e do Filho procede o Espírito Santo, também desde toda a eternidade.
Designa-se a terceira Pessoa da Santíssima Trindade particularmente com o nome de Espírito Santo, porque procede do Padre e do Filho por meio de expiração e de amor.
Ao Espírito Santo atribui-se especialmente a santificação das almas.
Sim, todas as três Pessoas divinas nos santificam igualmente.
Atribui-se em particular ao Espírito Santo a santificação das almas, porque é obra de amor, e as obras de amor atribuem-se ao Espírito Santo.
O Espírito Santo desceu sobre osApóstolos no dia de Pentecostes, isto é, cinqüenta dias depois da Ressurreição de Jesus Cristo, e dez dias depois da sua Ascensão.
Os Apóstolos ficaram reunidos no Cenáculo em companhia da Virgem giz Maria e os outros discípulos, e perseveravam na oração esperando o Espírito Santo que Jesus lhes havia prometido.
O Espírito Santo confirmou na fé os Apóstolos, encheu-os de luzes, de forças, de caridade e da abundância de todos os seus dons.
O Espírito Santo foi enviado a toda a Igreja e a todas as almas fiéis.
O Espírito Santo, como a alma no corpo, vivifica a Igreja com a sua graça e com os seus dons; estabelece nEla o reino da verdade e do amor; e assiste-Lhe a fim de que oriente os seus filhos com firmeza tio caminho do Céu.
Então os apóstolos e presbíteros, de acordo com toda a Igreja, resolveram escolher alguns homens e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé; escolheram Judas, chamado Barsabás, e Silas, homens influentes entre os irmãos. Por seu intermédio enviaram a seguinte carta: Osirmãos, osapóstolosepresbíterossaúdam osirmãosdeAntioquia, Síria e Cilícia, convertidos dentre os pagãos. Chegou ao nosso conhecimento que alguns dos nossos vos têm perturbado com palavras, confundindo vossas mentes, sem nenhuma autorização de nossa parte. Por isso resolvemos, de comum acordo, enviar-vos alguns homens escolhidos, em companhia de nossos amados Barnabé e Paulo, que expuseram suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estamos enviando Judas e Silas para vos comunicar de viva voz as mesmas coisas. Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhuma outra exigência além das necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e da prostituição. Procedereis bem evitando estas coisas. Passai bem. Atos 15, 22-29
O nono artigo do Credo ensina-nos que Jesus Cristo fundou sobre a terra unia sociedade visível, a qual se chama Igreja Católica, e que todas as pessoas que fazem parte desta Igreja estão em comunhão entre si.
Depois do artigo que trata do Espírito Santo, fala-se imediatamente da Igreja Católica, para indicar que toda a santidade da mesma Igreja procede do Espírito Santo, que é o autor de toda a santidade.
A palavra Igreja quer dizer convocação ou reunião de muitas pessoas.
Nós fomos chamados para a Igreja de Jesus Cristo por uma graça particular de Deus, a fim de que, com a luz da fé e pela observância da lei divina, Lhe prestemoso culto devido, e cheguemos à vida eterna.
Os membros da Igreja encontram-se parte no Céu, e formam a Igreja triunfante; parte no Purgatório, e formam a Igreja padecente; parte na terra, e formam a Igreja militante.
Sim, estas diversas partes da Igreja constituem uma só Igreja e um só corpo, porque têm a mesma cabeça que é Jesus Cristo, o mesmo espírito que as anima e as tine, e o mesmo fim que é a felicidade eterna, que uns já estão gozando e que outros esperam.
Este nono artigo do Credo refere-se principalmente à Igreja militante, que é a Igreja na qual estamos atualmente.
A Igreja Católica é a sociedade ou reunião de todas as pessoas batizadas que, vivendo na terra, professam a mesma fé e a mesma lei de Cristo, participam dos mesmos Sacramentos, e obedecem aos legítimos Pastores, principalmente ao Romano Pontífice.
Para alguém ser membro da Igreja, é necessário estar batizado, crer e professar a doutrina de Jesus Cristo, participar dos mesmos Sacramentos, reconhecer o Papa e os outros legítimos Pastores da Igreja.
Os legítimos Pastores da Igreja são o Pontífice Romano, isto é, o Papa, que é o 1º Pastor universal, e os Bispos. Além disso, sob a dependência dos Bispos e do Papa, têm parte no oficio de Pastores os outros Sacerdotes e especialmente os párocos.
Porque Jesus Cristo disse a São Pedro, primeiro Papa: Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e dar-te-ei as chavesao reino dosCéus, e tudo o que ligares na terra, será ligado no Céu; e tudo o que desligares na terra, será desligado também no Céu. E disse-lhe mais: Apascenta osmeuscordeiros, apascenta asminhasovelhas.
Todos os que não reconhecem o Romano Pontífice por seu chefe, não pertencem à Igreja de Jesus Cristo.
Pode-se distinguir a verdadeira Igreja de Jesus Cristo, de tantas sociedades ou seitas fundadas pelos homens e que se dizem cristãs, por quatro notas características. Ela é Una, Santa, Católica e Apostólica.
Digo que a verdadeira Igreja é Una, porque os seus filhos, de qualquer tempo ou lugar, estão unidos entre si na mesma fé, no mesmo culto Ito, na mesma lei e na participação dos mesmos Sacramentos, sob o mesmo chefe visível, o Romano Pontífice.
Não pode haver mais de uma Igreja, porque, assim como há um só Deus, uma só Fé e um só Batismo, assim também não há nem pode ode haver senão uma só Igreja verdadeira.
Chamam-se igrejas também o conjunto dos fiéis de uma nação ou de uma diocese, mas são sempre porções da Igreja universal, e formam com ela uma só Igreja.
Chamo a verdadeira Igreja de Santa, porque Jesus Cristo, a sua cabeça invisível, é Santo, santos são muitos dos seus membros, santas são a sua Fé e a sua Lei, santos os seus Sacramentos, e fora dEla não há nem pode haver verdadeira santidade.
Chamo a verdadeira Igreja de Católica, que quer dizer universal, porque abrange os fiéis de todos os tempos, de todos os lugares, de todas as idades e condições, e todos os homens do mundo são chamados a fazer parte dEla.
A verdadeira Igreja chama-se também Apostólica, porque remonta sem interrupção até aosApóstolos; porque crê e ensina tudo o que creram e ensinaram osApóstolos; e porque é guiada e governada pelos legítimos sucessores dos Apóstolos.
A verdadeira Igreja chama-se também Romana, porque os quatro caracteres da unidade, santidade, catolicidade e apostolicidade se encontram só na Igreja que tem por chefe o Bispo de Roma, sucessor de São Pedro.
A Igreja de Jesus Cristo é constituída como uma sociedade verdadeira e perfeita. E nEla, como numa pessoa moral, podemos distinguir um corpo e uma alma.
A alma da Igreja consiste no que Ela tem de interior e de espiritual, isto é, a Fé, a Esperança, a Caridade, os dons da graça e do Espírito Santo, e todos os tesouros celestes que lhe provieram dos merecimentos de Cristo Redentor e dos Santos.
O corpo da Igreja consiste no queEla tem de visível e de externo, quer na associação dos seus membros, quer no seu culto e no seu ministério de -ensino, quer no seu governo e ordem externa.
Não basta para nos salvarmos o sermos de qualquer maneira membros da Igreja Católica, mas é preciso que sejamos seus membros vivos.
Os membros vivos da Igreja são todos os justos e só eles, isto é, aqueles que estão atualmente em graça de Deus.
Membros mortos da Igreja são os fiéis que estão em pecado mortal.
Não. Fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana, ninguém pode salvar-se, como ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja.
Todos os justos do Antigo Testamento se salvaram em virtude da fé que tinham em Cristo que havia de vir, por meio da qual eles já pertenciam espiritualmente a esta Igreja.
Quem, encontrando-se sem culpa sua - quer dizer, em boa fé - fora da Igreja, tivesse recebido o batismo, ou tivesse desejo, ao menos implícito, de o receber e além disso procurasse sinceramente a verdade, e cumprisse a vontade de Deuso melhor que pudesse, ainda que separado do corpo da Igreja, estaria unido à alma dEla, e portanto no caminho da salvação.
Quem, sendo muito embora membro da Igreja Católica, não pusesse em prática os seus ensinamentos, seria membro morto, e portanto não se salvaria, porque para a salvação de um adulto requer-se não só o Batismo e a fé, mas também as obras conformes à fé.
Sim, somos obrigadosa acreditar todasas verdadesque a Igreja nosensina, e Jesus Cristo declarou que quem não crê, já está condenado.
Sim, somos obrigados a fazer tudo o que a Igreja manda, porque JesusCristo disse aos Pastores da Igreja: Quem vos ouve, a Mim ouve, e quem vos despreza, a Mim despreza.
Não. Nas coisas que nos propõe para crer, a Igreja não pode enganar-Se, porque, segundo a promessa de Jesus Cristo, é sempre assistida pelo Espírito Santo.
Sim, a Igreja Católica é infalível. Por isso aqueles que rejeitam as suas definições, perdem a fé, e fazem-se hereges.
Não. A Igreja Católica pode ser perseguida, mas não pode ser destruída nem perecer. Ela há de durar até ao fim do mundo, porque até ao fim do mundo JesusCristo estará com Ela, como prometeu.
A Igreja Católica é tão perseguida, porque assim foi também perseguido o seu Divino Fundador, e porque reprova os vícios, combate as paixões e condena todas as injustiças e todos os erros.
Todo o cristão deve ter para com a Igreja um amor ilimitado, considerar-se feliz e infinitamente honrado por pertencer a Ela, e empenhar-se pela glória e aumento dEla por todos os meios ao seu alcance.
Um anjo do Senhor falou a Filipe: Vai para o sul pelo caminho que, através do deserto, desce de Jerusalém para Gaza. E Filipe partiu. Ora, um etíope, camareiro e tesoureiro-mor a serviço da rainha Candace da Etiópia, tinha ido prestar culto em Jerusalém. Voltava, sentado no seu carro, lendo o profeta Isaías. O Espírito Santo disse a Filipe: Aproximate e acompanha aquele carro. Filipe acelerou o passo. Ouvindo que lia o profeta Isaías, perguntou: Será que estás entendendo o que lês? Ele respondeu: Como é que vou entender se ninguém me orienta? Então convidou Filipe para subir e sentar-se ao seu lado. A passagem da Escritura que ele lia era a seguinte : Como uma ovelha levada ao matadouro, e como um cordeiro diante de quem o tosquia, ele emudeceu e não abre a boca. Com humilhação foi consumado o seu julgamento; de seus descendentes, quem falará? pois a sua vida é tirada da terra. O camareiro perguntou a Filipe: Dize-me, de quem o profeta está falando? De si mesmo ou de outro? Filipe pôs-se a falar e, começando com esta passagem da escritura, anunciou-lhe a boa-nova de Jesus. Seguindo o caminho, encontraram água e o camareiro disse m: Aqui existe água, o queimpedequeeu seja batizado? Mandou parar o carro, e os dois desceram para a água, Filipe e o camareiro, e Filipe o batizou. Quando subiram da água, o Espírito do Senhor arrebatou Filipe n, e o camareiro já não o viu, mas alegre prosseguiu seu caminho. Quanto a Filipe, foi parar em Azoto e, de passagem, anunciava a boa-nova a todas as cidades até chegar a Cesaréia Atos 8, 26-40
Entre os membros que compõem a Igreja há distinção muito importante, porque há uns que mandam, outros que obedecem, uns que ensinam, outros que são ensinados.
A parte da Igreja que ensina chama-se docente, ou ensinante.
A parte da Igreja que é ensinada chama-se discente.
Esta distinção na Igreja estabeleceu-a o próprio Jesus Cristo.
A Igreja docente e a Igreja discente são duas partes distintas de uma só e mesma Igreja, como no corpo humano a cabeça é distinta dos outros membros, e, não obstante, forma com eles um corpo só.
A Igreja docente compõe-se de todos os Bispos (quer se encontrem dispersos, quer se encontrem reunidos em Concílio), unidos à sua cabeça, o Romano Pontífice.
Á Igreja discente é composta de todos os fiéis.
Os que têm na Igreja o poder de ensinar são o Papa e osBispos e, sob a dependência destes, os outros ministros sagrados.
Sim, sem dúvida, somos todos obrigados a ouvir a Igreja docente, sob pena de condenação eterna, porque Jesus Cristo disse aos Pastores da Igreja, na pessoa dos Apóstolos: Quem vosouve, a Mim ouve, e quem vosdespreza, a Mim despreza.
Sim, além da autoridade de ensinar, a Igreja tem especialmente o poder de administrar as coisas santas, de fazer leis e de exigir a sua observância.
O poder que têm os membros da hierarquia eclesiástica não vem do Povo, e seria heresia o dizê-lo: vem unicamente de Deus.
O exercício destes poderes compete unicamente ao corpo hierárquico, isto é, ao Papa e aos Bispos a ele subordinados.
Chegando à região de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou a seus discípulos: Quem aspessoasdizem queéo Filho do homem? Eles responderam: Alguns dizem que é João Batista; outros, Elias; outros, Jeremias ou um dos profetas. Então ele perguntou-lhes: E vós, quem dizeis que eu sou? Simão Pedro respondeu: Tu és o Cristo, o Filho de Deus vivo. Em resposta, Jesusdisse: Feliz és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue quem te revelou isso, mas o Pai que está nos céus. E eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra construirei a minha Igreja e as portas do inferno nunca levarão vantagem sobre ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo que desligares na terra será desligado nos céus. E deu ordens aos discípulos de não falarem para ninguém que ele era o Cristo. Mt 16, 13-20.
O Papa, a quem chamamos também Sumo Pontífice ou Romano Pontífice, é o sucessor deSão Pedro na Sede de Roma, o Vigário de Jesus Cristo na terra, e o chefe visível da Igreja.
O Romano Pontífice é o sucessor de São Pedro. porque São Pedro reuniu na sua pessoa a dignidade de Bispo de Roma e de chefe da Igreja e porque, por disposição divina, estabeleceu em Roma a sua sede, e aí morreu. Por isso quem é eleito Bispo de Roma, é também herdeiro de toda a sua autoridade.
O Romano Pontífice é o Vigário de Jesus Cristo porque ele O representa na terra, e faz as suas vezes no governo da Igreja.
O Romano Pontífice é o Chefe visível da Igreja porque a dirige visivelmente com a mesma autoridade de Jesus Cristo, que é a cabeça invisível da Igreja.
A dignidade do Papa é a maior entre todas as dignidades da terra e dá-lhe um poder supremo e imediato sobre todos e cada uni dos Pastores e dos fiéis.
O Papa não pode errar, quer dizer, é infalível nas definições que dizem respeito à fé e aos costumes.
O Papa é infalível em razão da promessa de Jesus Cristo e da contínua assistência do Espírito Santo.
O Papa é infalível só quando, na sua qualidade dePastor e Mestre de todosos cristãos, em virtude da sua suprema autoridade apostólica, define uma doutrina relativa à fé e aos costumes, que deve ser seguida por toda a Igreja.
Quem não acreditasse nas definições solenes do Papa, ou ainda só duvidasse delas, pecaria contra a fé; e, se se obstinasse nesta incredulidade, já não seria mais católico, mas herege.
Deus concedeu ao Papa o dom da infalibilidade, a fim de que todos estejam certos e seguros da verdade que ti Igreja ensina.
A infalibilidade do Papa foi definida pela Igreja rio Concílio do Vaticano; e, se alguém ousasse contradizer esta definição, seria herege e excomungado
Não. A Igreja, ao definir que o Papa é infalível, não estabeleceu uma nova verdade de fé, mas só definiu, parti se opor a errosnovos, que a infalibilidade do Papa, contida já tia Sagrada Escritura e na Tradição, e uma verdade revelada por Deus, e que por conseguinte se deve crer como dogma ou artigo de fé.
Todo o católico deve reconhecer o Papa como Pai, Pastor e Mestre universal, e estar unido a ele de espírito e coração.
Depois do Papa, por instituição divina, as personagens mais venerandas da Igreja são os Bispos.
OsBispos são osPastores aos fiéis, estabelecidos pelo Espírito Santo para governar ti Igreja de Deus, nas sedesque lhes são confiadas sob i] dependência do Romano Pontífice.
O Bispo na própria diocese é o Pastor legítimo, o Pai, o Mestre, o superior de todos os fiéis, eclesiásticos e leigos, que pertencem à mesma diocese.
Chama-se o Bispo Pastor legítimo, porque ti jurisdição, isto é, o poder que tem de governar os fiéis da própria diocese, foi-lhe conferido segundo tis normas e leis da Igreja.
O Papa é sucessor de São Pedro, Príncipe dosApóstolos, e osBispos são sucessores dos Apóstolos, tio que diz respeito ao governo ordinário da Igreja.
Sim, todo o fiel, eclesiástico ou leigo, deve estar unido de espírito e de coração ao próprio Bispo que está em graça e comunhão com a Se Apostólica.
Todo o fiel, eclesiástico ou leigo, deve respeitar, amar e honrar o próprio Bispo, e prestar-lhe obediência em tudo o que se refere ao bem das almas e ao governo espiritual da diocese.
Os auxiliares do Bispo na cura das almas são os Sacerdotes, e principalmente os párocos.
O pároco é uni Sacerdote delegado para presidir e dirigir, sob a dependência do Bispo, uma porção da diocese, que se chama paróquia.
Os fiéis devem conservar-se unidos ao seu pároco, ouvi-lo com docilidade, professar-lhe respeito e submissão em tudo o que interessa ao bem da paróquia.
O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os olhos, o que contemplamos e nossas mãos apalparam no tocante ao Verbo da vida a porque a vida se manifestou e nós vimos e testemunhamos, anunciando-vosa vida eterna que estava com o Pai e nos foi manifestada o que vimos e ouvimos, nós também vos anunciamos a fim de que também vós vivaisem comunhão conosco. Ora, nossa comunhão é com o Pai e seu Filho, Jesus Cristo. Nós vos escrevemos estas coisas para nossa alegria ser completa! Para viver na luz. A mensagem que dele ouvimos e vos anunciamos é esta: Deus é luz, nele não há trevas. Se dizemos ter comunhão com ele mas andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade. Se, porém, andamos na luz, assim como ele está na luz, estamos em comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus, seu Filho, nos purifica de todo pecado. Se dizemos que em nós não há pecado, enganamos a nós mesmos e a verdade não está conosco. Se confessamos nossos pecados, fiel e justo é Deus para nos perdoar e nos purificar de toda iniqüidade. Se dizemos que não pecamos, chamamos Deus de mentiroso e sua palavra não está connosco. I João 1, 1-10
Com as palavras: na comunhão dos Santos, o nono artigo do Credo ensina nosque na Igreja, pela íntima união que existe entre todos os seus membros, são comuns os bens espirituais, assim internos Como externos, que lhe pertencem.
Os bens comuns internos na Igreja são: a graça que se recebe nos Sacramentos, a Fé, a Esperança, a Caridade, os merecimentos infinitos de Jesus Cristo, os merecimentos superabundantes da Santíssima Virgem e dosSantos, e o fruto de todas as boas obras que na mesma Igreja se fazem.
Os bens externos comuns na Igreja são: os sacramentos, o Santo Sacrifício da Missa, as orações públicas, as funções religiosas, e todas as outras práticas exteriores que unem entre si os fiéis.
Na comunhão dos bens internos entram somente os cristãos que estão em graça de Deus; os que estão em pecado mortal não participam de todos estes bens.
Porque é a graça de Deus. vida sobrenatural da alma, que une os fiéis a Deus e a Jesus Cristo como seus membros vivos e os torna capazes de fazer obras meritórias para a vida eterna; e porque aqueles que se encontram em estado de pecado mortal, não tendo a graça de Deus, estão excluídos da comunhão perfeita dos bens espirituais e não podem fazer obras meritórias rias para a vida eterna.
Os cristãos que estão em pecado mortal tiram ainda assim algum proveito dos bens internos e espirituais da Igreja, porquanto conservam o caráter de cristãos, que é indelével, e a virtude da Fé que é a raiz de toda justificação. Por isso são auxiliados pelas orações e boas obras dos fiéis, para obterem a graça da conversão.
Os que estão em pecado mortal podem participar dos bens externos da Igreja, contanto que não estejam separados da mesma Igreja pela excomunhão.
Os membros desta comunhão chamam-se Santos, porque todos são chamados à santidade, e foram santificados por meio do Batismo, e muitos deles atingiram la a santidade perfeita.
Sim, a comunhão dosSantos estende-se também ao Céu e ao Purgatório, porque a caridade une as três igrejas - triunfante, padecente e militante -; e os Santos rogam a Deus por nós e pelas almas do Purgatório, e nós damos honra e glória aos Santos, e podemos aliviar as almas do Purgatório, aplicando, em sufrágio delas, Missas, esmolas, indulgências e outras boas obras.
Aqueles que não participam da comunhão dos Santos são, na outra vida, os condenados, e nesta vida aqueles que não pertencem nem à alma nem ao corpo da Igreja, quer dizer, aqueles que estão em estado de pecado rnortal e se encontram fora da verdadeira Igreja.
Encontram-se fora da verdadeira Igreja os infiéis, os judeus, os hereges, os apóstatas, os cismáticos e os excomungados.
Os infiéis são aqueles que não foram batizados e não crêem em Jesus Cristo, seja porque crêem e adoram falsas divindades, como os idólatras; seja porque, embora admitam o único Deus verdadeiro, não crêem em Cristo Messias, nem como vindo na pessoa de Jesus Cristo, nem como havendo de vir ainda: tais são os maometanos e outros semelhantes.
Os judeus são aqueles que professam a lei de Moisés, não receberam o batismo, nem crêem em Jesus Cristo.
Os hereges são as pessoas batizadas que recusam com pertinácia crer em alguma verdade revelada por Deus e ensinada conto de fé pela Igreja Católica: por exemplo, os arianos, os nestorianos e as várias seitas dos protestantes.
Os apóstatas são aqueles que abjuram, isto é, renegam, com ato externo, a fé católica, que antes professavam.
Os cismáticos são os cristãos que, não negando explicitamente dogma algum, se separam voluntariamente da Igreja de Jesus Cristo, ou dos legítimos Pastores.
Os excomungados são aqueles que por faltas graves são fulminados com excomunhão pelo Papa ou pelo Bispo, e portanto são separados, como indignos, do corpo da Igreja, a qual espera e deseja a sua conversão.
Deve-se temer grandemente a excomunhão, porque é o castigo mais grave e mais terrível que a Igreja pode infligir aos seus filhos rebeldes e obstinados.
Os excomungados ficam privados das orações publicas, dos Sacramentos, das indulgências e excluídos da sepultura eclesiástica.
Nós podemos auxiliar de alguma maneira os excomungados e todos os outros que estão fora da verdadeira Igreja com advertências salutares, com orações e boas obras, suplicando a Deus que pela sua misericórdia lhes conceda a graça de se converterem à Fé e de entrarem na comunhão dos Santos.
Alguns dias depois, Jesus entrou novamente em Cafarnaum, e souberam que ele estava em casa. Reuniu-se tanta gente que nem mesmo em frente à porta havia lugar para todos. E Jesus lhes anunciava a palavra. Trouxeram-lhe um paralítico, carregado por quatro homens. Como não podiam levá-lo até Jesus, por causa da multidão, descobriram o teto no lugar em que ele se achava, e pela abertura desceram a maca em que estava deitado o paralítico. Ao ver a fé deles, Jesus disse ao paralítico: Filho, os teus pecados estão perdoados. Ora, estavam sentadosali alguns escribas, pensando consigo mesmos: Como estehomem pode falar assim? Ele blasfema! Quem pode perdoar pecados senão só Deus? Mas Jesus percebeu logo em seu espírito os pensamentos deles e disse: Por que estais pensando assim? a O que é mais fácil dizer ao paralítico: teuspecados estão perdoados ou dizer: levanta-te, toma a tua maca e anda? Pois bem, para que saibaisque o Filho do homem * tem na terra poder de perdoar os pecados disse ao paralítico eu te digo: levanta-te, toma a tua maca e vai para casa. Ele se levantou, pegou logo a sua maca e saiu à vista de todos. Todos se espantaram e se puseram a louvar a Deus, dizendo: Nunca vimoscoisa igual! Mar 2, 1-12
O décimo artigo do Credo ensina-nos que Jesus Cristo deixou à sua Igreja o poder de perdoar os pecados.
Sim, a Igreja pode perdoar todos os pecados, por numerosos e graves que sejam, porque Jesus Cristo Lhe concedeu pleno poder de ligar e desligar.
Os que na Igreja exercem o poder de perdoar os pecados são, em primeiro lugar, o Papa que é o único que possui a plenitude de tal poder; depois os Bispos e, sob a dependência dos Bispos, os Sacerdotes.
A Igreja perdoa os pecados pelos merecimentos de Jesus Cristo, administrando os Sacramentos por Ele instituídos para esse fim, especialmente o Batismo e a Penitência.
No dia seguinte, isto é, depois da sexta-feira, os sumos sacerdotes e os fariseus foram a Pilatos e disseram: Senhor, lembramo-nos de que aquele impostor disse em vida: Depois de três dias ressuscitarei. Manda, pois, guardar o sepulcro até o terceiro dia para não acontecer que os seus discípulos venham roubar o corpo e digam ao povo: Ele ressuscitou dosmortos. E esta última impostura será pior do que a primeira. Pilatos lhes disse: Vós tendes a guarda. Ide e guardai-o como bem entendeis. Elesforam e puseram guarda ao sepulcro depoisdeselarem a pedra. Passado o sábado, ao amanhecer do primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. Subitamente houve um grande terremoto, pois um anjo do Senhor desceu do céu, aproximou-se, rolou a pedra do sepulcro e sentou-se nela. O seu aspecto era como o de um relâmpago e sua veste, branca como a neve. Paralisados de medo, osguardas ficaram como mortos. O anjo, dirigindo-se àsmulheres, disse: Não tenhais medo. Sei que procurais Jesus, o crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou conforme tinha dito. Vinde ver o lugar onde estava. Ide logo dizer a seus discípulos que ele ressuscitou dos mortos e que vai à frente de vós para a Galiléia. Lá o vereis. Eiso queeu tinha a dizer. Jesus aparece às mulheres. Afastando-se logo do túmulo, cheias de temor e grande alegria, correram para dar a notícia aos discípulos. De repente, Jesus saiu ao encontro delas e disse-lhes: Salve! Elas se aproximaram, abraçaram-lhe os pés e se prostraram diante dele. Disse-lhes então Jesus: Não tenhais medo! Ide dizer a meus irmãos que se dirijam à Galiléia elá meverão. Mt 27, 62-65; 28, 1-10.
O undécimo artigo do Credo ensina-nos que todos os homens hão de ressuscitar, retomando cada alma o corpo que teve nesta vida.
A ressurreição dos mortos realizar-se-á por virtude de Deus Onipotente, a Quem nada é impossível.
A ressurreição de todos os mortos será no fim do inundo, e depois seguir-se-á o Juízo universal.
Deus quer a ressurreição dos corpos para que a nossa alma, tendo feito o bem ou o final unida ao corpo, receba juntamente com ele o prêmio ou o castigo.
Não. Haverá enorme diferença entre os corpos dos eleitos e os corpos dos condenados; porque somente os corpos dos eleitos terão, à semelhança de Jesus Cristo ressuscitado, os dotes dos corpos gloriosos.
Os dotes que adornarão os corpos gloriosos dos bem-aventurados são:
Os corpos dos condenados serão destituídos dos dotes dos corpos gloriosos dos bem-aventurados, e trarão o horrível estigma da reprovação eterna.
Lázaro caiu doente em Betânia, onde estavam Maria e sua irmã Marta. Maria era aquela que tinha ungido o Senhor com óleo perfumado e lhe tinha enxugado os pés com os cabelos. Seu irmão Lázaro estava enfermo. As irmãs mandaram dizer a Jesus: Senhor, aquele a quem amas está doente. Quando ouviu isso, Jesus disse: Esta doença não causará a morte mas se destina à glória de Deus: por ela o Filho de Deus será glorificado. Ora, Jesus amava Marta, sua irmã e Lázaro. Embora estivesse informado de que ele estava doente, demorou-se ainda doisdiasnaquele lugar. Depois disse aos discípulos: Voltemos para a Judéia. Os discípulos disseram: Mestre, há pouco os judeus te queriam apedrejar e tu voltas para lá? Jesus respondeu: Não são doze as horas do dia? Se alguém caminha durante o dia, não tropeça porque vê a luz deste mundo; mas se caminha de noite, tropeça porque lhe falta a luz. Depois destas palavras, acrescentou: Lázaro, nosso amigo, adormeceu mas eu vou despertá-lo. Senhor, se ele está dormindo é porque vai ficar bom disseram os discípulos. Jesus se referia à morte, mas eles pensavam que estivesse falando do repouso do sono. Então Jesus lhes falou claramente: Lázaro morreu. Eu me alegro de não ter estado lá, para que vós assim acrediteis. Mas vamos até ele. Tomé, chamado Dídimo, disse então aos companheiros: Vamos nós também para morrermos com ele. Quando Jesus chegou, já fazia quatro dias que Lázaro estava no túmulo. Betânia ficava perto de Jerusalém, a uns três quilômetros. Muitos judeus tinham vindo até Marta e Maria para as consolar da morte do irmão. Quando Marta ouviu que Jesus havia chegado, saiu-lhe ao encontro. Maria ficou sentada em casa. Marta disse a Jesus: Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Sei, porém, que tudo quanto pedires a Deus ele te concederá. Jesus respondeu: Teu irmão ressuscitará.* Sei que ele ressuscitará na ressurreição do último dia disse Marta. Jesus lhe disse: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E quem vive e crê em mim jamais morrerá. Crês isto? Sim, Senhor respondeu ela creio que és o Cristo, o Filho deDeus, quedevia vir a estemundo. Dito isso, ela foi chamar sua irmã Maria e disse-lhe baixinho: O Mestre está aí e te chama. Ao ouvir isso, Maria levantou-se imediatamente e foi ao encontro dele. É que Jesus ainda não havia entrado no povoado mas ficou lá onde Marta o tinha encontrado. Os judeus, que estavam em casa com ela e a consolavam, vendo que Maria se tinha levantado e saído às pressas, seguiram-na pensando: Ela vai ao sepulcro para chorar. Assim que Maria chegou onde Jesus estava, lançou-se aos pés dele e disse: Senhor, se tivesses estado aqui, o meu irmão não teria morrido. Quando viu que Maria e todos os judeus que vinham com ela estavam chorando, Jesus se comoveu profundamente. E emocionado, perguntou: Onde o pusestes? Senhor, vem ver disseram-lhe. Jesus começou a chorar. Os judeus comentavam: Vede como ele o amava. Al- guns, porém, disseram: Ele, que abriu os olhos do cego de nascença, não podia fazer com que Lázaro não morresse? Tomado novamente de profunda emoção, Jesus se dirigiu ao sepulcro. Era uma gruta com uma pedra colocada na entrada. Jesus ordenou: Tirai a pedra. Marta, irmã do morto, disse: Senhor, já está cheirando mal, pois já são quatro dias que está aí. Jesus respondeu: Eu não te disse que, se acreditasses, verias a glória de Deus? Tiraram então a pedra. Jesus levantou os olhos para o alto e disse: Pai, eu te dou graças porque me atendeste. Eu sei que sempre me atendes, mas digo isto por causa da multidão que me rodeia, para que creiam que tu me enviaste. Depois dessas palavras, gritou bem forte: Lázaro, vem para fora! O morto saiu com os pés e as mãos atados com faixas e o rosto envolto num sudário. Jesus ordenou: Desatai-o e deixai-o andar. João 11, 1-44
O último artigo do Credo ensina-nos que depois da vida presente há outra, ou eternamente feliz para os eleitos no Paraíso, ou eternamente desgraçada para os condenados no Inferno.
Não. Não podemos compreender a felicidade do Paraíso, porque excede os conhecimentosda nossa inteligência limitada, e porque osbensao Céu não podem comparar-se aos bens deste mundo.
A felicidade dos eleitos consiste em ver, amar e possuir para sempre a Deus, fonte de todo o bem.
A desgraça dos condenados consiste em serem para sempre privados da vista de Deus, e punidos com tormentos eternos no Inferno.
Os bens do Paraíso e os males do Inferno, por agora, são só para as almas porque por enquanto só as almas estão no Paraíso, ou no Inferno; mas depois da ressurreição da carne, os homens, ria plenitude da sua natureza, isto é, em corpo e alma, serão ou felizes ou infelizes para sempre.
Os bens do Paraíso para os eleitos, e os males do Inferno para os condenados, serão iguais na substância e na duração eterna; mas na medida, isto é, no grau, serão maiores ou menores, segundo os méritos ou deméritos de cada um.
A palavra Amém no fim dasorações significa: assim seja; no fim do Credo significa: assim é, que quer dizer: creio que é absolutamente verdadeiro tudo o que nestes doze artigos se contém, e estou mais certo disso do que se o visse com os meus olhos.
Jesus contou também a seguinte parábola para alguns que confiavam em si mesmos, tendo-se por justos, e desprezavam os outros: Dois homens subiram ao Templo para orar; um era fariseu, o outro, um cobrador de impostos. O fariseu rezava, de pé, desta maneira: Ó meu Deus, eu te agradeço por não ser como osoutroshomens, que são ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de tudo que possuo. Mas o cobrador de impostos, parado à distância, nem se atrevia a levantar os olhos para o céu. Batia no peito, dizendo: Ó meu Deus, tem piedade de mim, pecador! Eu vos digo: Este voltou justificado para casa e não aquele. Porque todo aqueleque seeleva será humilhado, equem sehumilha será elevado. Luc 18, 9-14 E quando orardes, não sejais como os hipócritas, que gostam de rezar em pé nas sinagogas e nas esquinas das praças para serem vistos pelos outros. Eu vos garanto: eles já receberam a recompensa. Mas quando rezares, entra no teu quarto, fecha a porta e reza ao teu Pai que está no oculto. E o Pai, que vê no oculto, te dará a recompensa. E nas orações não faleis muitas palavras, como os pagãos. Eles pensam que serão ouvidos por causa das muitas palavras. Não os imiteis, pois o Pai já sabe de vossas necessidades antes mesmo de pedirdes. Mt 6, 2-9
A segunda parte da Doutrina Cristã trata da oração em geral, e do Padre-Nosso em particular.
A oração é uma elevação da alma a Deus, para adora-Lo, para Lhe dar graças e para Lhe pedir aquilo de que precisamos.
A oração divide-se em mental e vocal. Oração mental é a que se faz só com a alma; oração vocal a que se faz com as palavras acompanhadas da atenção do espírito e da devoção do coração.
A oração pode também dividir-se em particular e pública.
A oração particular é a que faz cada um em particular, por si ou pelos outros.
A oração pública é a que fazem os ministros sagrados, em nome da Igreja, e pela salvação do povo fiel. Pode-se chamar pública também a oração feita em comum e publicamente pelos fiéis, como nas procissões, nas peregrinações e na Igreja.
A esperança de obter de Deus as graças de que necessitamos, é fundamentada nas promessas de Deus onipotente, muito misericordioso e fidelíssimo, e nos merecimentos de Jesus Cristo.
Devemos pedir a Deus as graças de que necessitamos, em nome de Jesus Cristo, como Ele mesmo nosensinou e como pratica a Igreja, a qual termina sempre as suasorações com estas palavras: per Dorninum nostrum Jesurn Christurn, que quer dizer: por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Devemos pedir as graças em nome de Jesus Cristo, porque, sendo Ele o nosso mediador, só por meio dEle podemos aproximar-nos do trono de Deus.
Muitas vezesasnossas oraçõesnão são atendidas, ou porque pedimos coisas que não convêm à nossa eterna salvação, ou porque não pedimos como deveríamos.
Devemos principalmente pedir a Deusa sua glória, a nossa salvação e osmeiospara consegui-la.
Sim, é também lícito pedir a Deus os bens temporais, sempre com a condição de que sejam conformes à sua santíssima vontade, e não sejam obstáculo à nossa eterna salvação.
Embora Deus saiba tudo aquilo de que necessitamos, quer todavia que nós Lho peçamos, para reconhecermos que é Ele que dá todos os bens, para Lhe testemunharmos a nossa humilde submissão, e para merecermos os seus favores.
A primeira e a melhor disposição, para tornar eficazes as nossas orações, é estar em estado de graça, ou, não o estando, ao menos desejar recuperar esse estado.
Para bem orar requerem-se especialmente o recolhimento, a humildade, a confiança, a perseverança e a resignação.
Quer dizer: pensar que estamos a falar com Deus; e por isso devemos orar com todo o respeito e a devoção possíveis, evitando, quanto for possível, as distrações, isto é, todo o pensamento estranho à oração.
Sim, quando nós mesmos as provocamos, ou não as repelimos com diligência. Se porém fizermos quanto podemos para estarmos recolhidos em Deus, então as distrações não diminuem o merecimento da nossa oração, mas até o podem aumentar.
Devemos antes da oração afastar todas as ocasiões de distração, e durante a oração devemos pensar que estamos na presença de Deus, que nos vê e nos ouve.
Quer dizer: reconhecer sinceramente a nossa indignidade, incapacidade e miséria, acompanhando a oração com a compostura do corpo.
Quer dizer que devemos ter firme esperança de sermos atendidos, se daí provier a glória de Deus e o nosso verdadeiro bem.
Quer dizer que não nos devemos cansar de orar, se Deus não nos atender imediatamente, senão que devemos continuar a orar ainda com mais fervor.
Quer dizer que nos devemos conformar com a vontade de Deus, que conhece melhor do que nós quanto nos é necessário para a nossa salvação eterna, ainda mesmo no caso em que as nossas orações não fossem atendidas.
Sim, Deus atende sempre as orações bem feitas; mas da maneira que Ele sabe ser mais útil para a nossa salvação eterna, e não sempre segundo a nossa vontade.
A oração faz-nos reconhecer a nossa dependência, em todas as coisas, de Deus, supremo Senhor, faz-nos progredir na virtude, alcança-nos de Deus misericórdia fortalece- nos contra as tentações, conforta-nos nas tribulações, auxilia-nos nas nossas necessidades e alcança-nos a graça da perseverança final.
Devemos orar especialmente nos perigos, nas tentações e no momento da morte; além disso, devemos orar freqüenternente, e é bom que o façamos pela manhã e à noite, e no princípio das ações importantes do dia.
Devemos orar por todos; isto é, por nós mesmos pelos nossos parentes, superiores, benfeitores, amigos e inimigos; pela conversão dos pobres pecadores, daqueles que estão fora da verdadeira Igreja, e pelas benditas almas do Purgatório.
Um dia, Jesus estava rezando num certo lugar. Quando terminou, um dos discípulos lhe pediu: Senhor, ensina-nos a rezar como João ensinou a seusdiscípulos. Ele lhes disse: Quando rezardes, dizei: Pai, santificado seja o teu nome, venha o teu Reino. O pão nosso de cada dia nos dá hoje. E perdoa-nos os nossos pecados, pois também nós perdoamos a todo o nosso devedor, e não nos deixescair em tentação. Jesus acrescentou: Se algum de vós tiver um amigo e for procurá-lo à meia-noite e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, pois um amigo meu chegou de viagem e não tenho nada para oferecer, e ele responder lá de dentro: Não me incomodes, a porta já está fechada e eu e meus filhos já estamos deitados; não posso me levantar para te dar os pães. Eu vos digo: Se ele não se levantar e não lhe der os pães por ser seu amigo, ao menos se levantará por causa do incômodo e lhe dará quantos necessitar. Pedir com confiança Digo-vos, pois: Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos abrirão. Pois quem pede, recebe; quem procura, acha; e a quem bate, se abre. Que pai dentre vósdará uma pedra a seu filho que pede um pão? Ou lhe dará uma cobra se ele pedir um peixe? Ou se pedir um ovo lhe dará um escorpião? Se, pois, vós que sois maus, sabeis dar coisas boas aos vossos filhos, quanto mais o Pai do céu saberá dar o Espírito Santo aos que pedirem! Luc 11, 1-13
A oração vocal mais excelente é aquela que o próprio. o JesusCristo nosensinou, isto é, o Padre-Nosso.
O Padre-Nosso é ti oração mais excelente porque foi o próprio Jesus Cristo que a compôs e no-la ensinou,- porque contém claramente, em poucas palavras, tudo o que podemos esperar de Deus; e porque é a regra e o modelo de todas as outras orações.
O Padre-Nosso é também a oração maiseficaz, porque é a maisagradável a Deus, porque é feita com as mesmas palavras que nos ditou o seu Divino Filho.
Chama-se o Padre-Nosso oração dominical, que quer dizer oração do Senhor, precisamente porque ti ensinou Jesus Cristo por sua própria boca.
No Padre-Nosso há sete petições precedidas de um preâmbulo.
Padre-Nosso, que estais no Céu:
No princípio da oração dominical chamamos a Deus nosso Pai para despertar a nossa confiança na sua infinita bondade, visto sermos seus filhos.
Somos filhos de Deus:
Chamamos a Deus Pai nosso e não Pai meti, Porque todos somos seus filhos, e portanto devemos considerar-nos e amar-nos todos como irmãos, e orar uns pelos outros.
Deus está em toda a parte; mas dizemos: Padre Nosso que estais no Céu, para elevar os nossos corações ao Céu, onde Deus se manifesta na glória aos seus filhos.
Na primeira petição: santificado seja o vosso nome, pedimos que Deus seja conhecido, amado, honrado e servido por todos os homens, e por nós em particular.
Temos em vista pedir que os infiéis cheguem ao conhecimento do verdadeiro Deus, que os hereges reconheçam os seus erros, que os cismáticos voltem à unidade da Igreja, que os pecadores se corrijam e que os justos sejam perseverantes no bem.
Em primeiro lugar pedimos que seja santificado o nome de Deus, porque devemos prezar mais a glória de Deus do que todos os nossos bens e vantagens.
Podemospromover a glória de Deus com a oração, o bom exemplo e dirigindo para Ele todos os nossos pensamentos afetos e ações.
Por reino de Deus entendemos uni tríplice reino espiritual, a saber: o reino de Deusem nós, ou o reino da graça; o reino de Deusna terra, isto é, a Santa Igreja Católica; e o reino de Deus nos céus, ou o Paraíso.
Com relação à graça, pedimosque Deus reine em nós com a sua graça santificante, pela qual Ele se compraz em residir em nós como um rei em seu palácio, e que nos mantenha unidos a si pelas virtudes da fé, da esperança e da caridade, pelas quais reina sobre ti nossa inteligência, sobre o nosso coração e sobre a nossa vontade.
Com relação à Igreja, pedimos que Ela se dilate cada vez mais, e se propague por todo o mundo para salvação dos homens.
Com relação à glória, pedimos que possamos um dia ser admitidos no Santo Paraíso, para o qual fomos criados e onde seremos plenamente felizes.
Na terceira petição: seja feita a vossa vontade, assim na terra como no Céu. pedimos a graça de fazer em todas as coisas a vontade de Deus, obedecendo aos seus santos Mandamentos tão prontamente como os Anjos e os Santos Lhe obedecem rio Céu. Pedimos, além disso, a graça de corresponder às inspirações divinas e de viver resignados à vontade de Deus, quando Ele nos manda tribulações.
É-nos tão necessário cumprir a vontade de Deus, como nos é necessário conseguir a salvação eterna, porque Jesus Cristo disse que só entrará tio reino dos céus quem tiver feito a vontade de seu Pai.
A Vontade de Deus rios é manifestada pelos Mandamentos de sua Lei e pelos preceitos de sua Santa Igreja. Nossos superiores espirituais, postos por Deus para guiar-nos no caminho da Salvação, nos orientam a fim de que conheçamos os desígnios particulares da Providência a nosso respeito, desígnios que se podem manifestar em divinas inspirações ou nas circunstâncias em que o Senhor nos tenha colocado.
Tanto nas prosperidades como nas adversidades da vida presente, devemos reconhecer sempre a vontade de Deus, o qual tudo dispõe ou permite para nosso bem.
Não. A revelação Divina encerrou-se com a morte do último Apóstolo, de maneira que não há mais Revelação pública necessária para a salvação. A afirmação de que devemos ver em todas as coisas a Vontade de Deus, diz apenas que todas as coisas estão sujeitas à Santíssima Vontade de Deus, de maneira que mesmo o mal não acontece sem uma permissão de Deus, que sabe tirar o bem do inal, e por isso o permite. E como Deus tem sobre os homens uma amorosa Providência, devemos ver em todos os acontecimentos, bons ou maus, um desígnio de Deus que visa nossa salvação eterna.
Na quarta petição: o pão nosso de cada dia nosdai hoje, pedimosa Deuso que nos é necessário cada dia para a alma e para o corpo.
Para a nossa alma pedimos a Deus o sustento da vida espiritual, isto é, pedimos ao Senhor que nos dê a sua graça, da qual a todo o instante temos necessidade.
 vida da nossa alma sustenta-se especialmente com o alimento da palavra divina, e com o Santíssimo Sacramento do altar.
Para o nosso corpo pedimos o que é necessário para o sustento da vida temporal.
Dizemos: O pão nosso nos dai hoje, e não dizemos: dai-nos hoje o pão, para excluir todo o desejo tio,, bens alheios. Por isso pedimos ao Senhor que nos ajude nos ganhos justos e lícitos, a fim de granjearmos o sustento com o nosso trabalho, sem furtos nem fraudes.
Dizemos: nos dai, e não: me dai, para nos lembrarmos de que, assim como os bens nos vêm de Deus, assim também se Ele no-los dá em abundância, é para que distribuamos o supérfluo pelos pobres.
Acrescentamos de cada dia, porque devemos desejar o que nos é necessário para a vida, e não a fartura dos alimentos e dos bens da terra.
A palavra hoje quer dizer que não devemos estar demasiadamente preocupados com o futuro, irias pedir o que rios é necessário rio momento.
Na quinta petição: perdoai-nos as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores, pedimos a Deus que nos perdoe os nossos pecados, corno nós perdoamos aos que nos ofendem.
Nossos pecados são chamados de dívidas porque por causa deles devemos satisfazer a divina justiça, seja nesta vida, seja na outra.
Os que não perdoam tio próximo não têm razão alguma para esperar que Deus lhes perdoe, tanto mais que se condenam por si mesmos, dizendo ti Deus que lhes perdoe, como eles perdoam ao próximo.
Na sexta petição: e não nosdeixeis cair em tentação, pedimosa Deus que nos livre das tentações, ou não permitindo que sejamos serrados, ou dando-nos graças para não serinos vencidos.
As tentações são um incitamento ao pecado que nos vem do demônio, ou das pessoas más ou das nossas paixões.
Não é pecado ter tentações, mas é pecado consentir nelas, ou expor-se voluntariamente ao perigo de consentir.
Deus permite que sejamos tentados, para provar a nossa fidelidade, para fortalecer as nossas virtudes e para aumentar os nossos merecimentos.
Para evitar as tentações devemos fugir das ocasiões perigosas, guardar os sentidos, receber com freqüência a os santos sacramentos, fazer uso da oração, especialmente da devoção a Maria Santíssima, Senhora Nossa.
Na sétima petição: mas livrai-nos do mal, pedimos a Deus que nos livre dos males passados, presentes, futuros, e especialmente do sumo mal, que é o pecado, da condenação eterna, que é o seu castigo.
Dizemos: livrai-nos do mal, e não: dos males, por que não devemos desejar ser isentos de todos os males desta vida, mas só daqueles que são nocivos à nossa alma, e por isso pedimos a libertação do mal em geral, isto é, de tudo aquilo que Deus vê que para nós é mal.
Sim. é lícito pedir a libertação de algum mal em particular, mas sempre entregando-nos à vontade de Deus, que pode no entanto, ordenar aquela tribulação para proveito da nossa alma.
As tribulações que Deus nos envia nos são úteis para fazermos penitência das nossas culpas, para provar nossas virtudes, e sobretudo para levar-nos à imitação de Jesus Cristo, nossa cabeça, ao qual é justo que nos conformemos nos sofrimentos, se quisermos ter parte na sua glória.
Amém quer dizer: assim seja, assim desejo. assim peço ao Senhor e assim espero.
Para se alcançarem as graças pedidas no Padre-Nosso é necessário rezá-lo sem precipitação, com atenção e acompanhá-lo com o coração.
Devemos rezar o Padre-Nosso todos os dias, por que todos os dias temos necessidade do auxílio de Deus.
No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado da parte de Deus para uma cidade da Galiléia, chamada Nazaré, a uma virgem, prometida em casamento a um homem, chamado José, da casa de Davi. O nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, o anjo lhe disse: Alegra-te, cheia de graça, o Senhor está contigo! Ao ouvir as palavras, ela se perturbou e refletia no que poderia significar a saudação. Mas o anjo lhe falou: Não tenhas medo, Maria, porque encontraste graça diante de Deus. Eis que conceberás e darás à luz um filho e lhe porás o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo. O Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai. Ele reinará na casa de Jacó pelos séculos e seu reino não terá fim. Maria perguntou ao anjo: Como acontecerá isso, pois não conheço homem? Em resposta o anjo lhe disse: O Espírito Santo virá sobre ti e o poder do Altíssimo te cobrirá com sua sombra; é por isso que o menino santo que vai nascer será chamado Filho de Deus. Até Isabel, tua parenta, concebeu um filho em sua velhice, e este é o sexto mês daquela que era considerada estéril, porque para Deus nada é impossível. Disse então Maria: Eis aqui a serva do Senhor. Aconteça comigo segundo tua palavra! E dela seafastou o anjo. Naqueles dias, Maria se pôs a caminho e foi apressadamente às montanhas para uma cidade de Judá. Entrou em casa de Zacarias e saudou Isabel. Aconteceu que, mal Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança saltou em seu ventre; e Isabel, cheia do Espírito Santo, exclamou em voz alta: Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre! Donde me vem a honra que a mãe do meu Senhor venha a mim? Pois quando soou em meus ouvidos a voz de tua saudação, a criança saltou de alegria em meu ventre. Feliz é aquela que teve fé no cumprimento do que lhe foi dito da partedo Senhor. Luc 1, 26-45
Depois do Padre-Nosso rezamos a saudação angélica, isto é, a Ave-Maria, por meio da qual recorremos à Santíssima Virgem.
Chama-se a Ave-Maria saudação angélica, porque principia com a saudação que dirigiu à Virgem Maria o Arcanjo São Gabriel.
Aspalavras da Ave-Maria são, em parte do Arcanjo São Gabriel, em parte deSanta Isabel e em parte da Igreja.
As palavras do Arcanjo São Gabriel são: Ave, cheia de graça; o Senhor é convosco, bendiga sois vós entre as mulheres.
O Anjo disse a Maria estas palavras quando Lhe foi anunciar da parte de Deus o mistério da Encarnação, que nEla devia operar-se.
Ao saudarmos a Santíssima Virgem com as mesmas palavras do Arcanjo, nós nos congratulamos com Ela, lembrando os dons e singulares privilégios corri que Deus a favoreceu de preferência a todas as outras criaturas.
As palavras de Santa Isabel são: Bendita sois vós entre as mulheres, e bendito é o fruto do vosso ventre.
Santa Isabel disse estas palavras, inspirada por Deus, quando, três meses tirites de nascer seu filho João Batista, foi visitada pela Santíssima Virgem, que já trazia no seio o seu Divino Filho Jesus.
Ao dizer estas palavras de Santa Isabel, congratulamo-nos com Maria Santíssima pela sua excelsa dignidade de Mãe de Deus, bendizemos a Deus e darnos-Lhe graças por nos ter dado Jesus Cristo por meio de Maria.
Todas as demais palavras da Ave-Maria foram acrescentadas pela Igreja.
Coni as ultimas palavras da Ave-Maria pedimos o proteção tia Santíssima Virgem no decurso desta vida e especialmente na hora da nossa morte, no qual pios será mais necessária.
Porque a Santíssima Virgem é a Advogada mais poderosa junto de Jesus Cristo: por isso, depois de termos rezado a oração que Jesus Cristo nos ensinou, pedimos à Santíssima Virgem que nos alcance as graças que imploramos.
A Santíssima Virgem é tão poderosa, porque é Mãe de Deus, e é impossível que não seja atendida por Ele.
A respeito da devoção a Maria, osSantos nos ensinam que os seus verdadeiros devotos são por Ela amados e protegidos com amor de Mãe muito terna, e por meio dEla têm a certeza de encontrar a Jesus Cristo, e de alcançar o Paraíso.
A devoção que a Igreja nos recomenda de modo especial em honra da Santíssima Virgem é a reza do santo Rosário.
Então os amalecitas vieram combater contra os israelitas em Rafidim. Moisés disse a Josué: Escolhe alguns homens e sai para combater contra os amalecitas. Amanhã estarei de pé no alto da colina com a vara de Deus na mão. Josué fez o que Moisés lhe tinha mandado, e atacou os amalecitas, enquanto Moisés, Aarão e Hur subiram ao topo da colina. Enquanto mantinha a mão levantada, Israel vencia; quando abaixava a mão, vencia Amalec. Como as mãos de Moisés se tornassem pesadas, pegaram uma pedra e a colocaram debaixo dele para sentar. Aarão e Hur, um de cada lado, sustentavam-lhe asmãos. Assim asmãos ficaram firmes até o pôr-do-sol, e Josué derrotou Amalec e sua gente a fio de espada. O Senhor disse a Moisés: Escreve isto para recordação num livro e comunica a Josué que eu apagarei a lembrança de Amalec debaixo do céu. Moisés construiu um altar e deu-lhe o nome o Senhor é meu estandarte, dizendo: Levantou a mão contra o trono do Senhor, por isso o Senhor estará em guerra contra Amalec, degeração em geração. Ex 17, 8-15 Quando o Senhor acabou de dirigir a Jó estaspalavras, disse a Elifaz de Temã: Estou indignado contra ti e teus dois companheiros, porque não falastes corretamente de mim, como o fez meu servo Jó. Tomai, pois, sete novilhos e sete carneiros e dirigi-vos ao meu servo Jó. Oferecei-os em holocausto em vosso favor, enquanto meu servo Jó intercederá por vós. Em atenção a ele, não vos tratarei como merece vossa temeridade, por não terdesfalado corretamente demim, como o fez meu servo Jó. Elifaz de Temã, Baldad de Suás e Sofar de Naamat fizeram o que o Senhor lhes ordenara, e ele atendeu à oração de Jó. O Senhor mudou a sorte de Jó, porque intercedia por seus companheiros, e duplicou todas as suas posses. Vieram visitá-lo seus irmãos e suas irmãs e os antigos conhecidos e jantaram com ele em sua casa, consolaram-no e confortaram-no pela desgraça que o Senhor lhe tinha enviado; cada um lhe ofereceu uma soma de dinheiro e um anel de ouro. O Senhor abençoou a Jó pelo fim de sua vida mais do que no princípio; possuía agora quatorze mil ovelhas, seismil camelos, mil juntasde boise mil jumentas. Teve sete filhos e três filhas: a primeira chamava-se Rola; a segunda, Cássia; a terceira, Azeviche. Não havia em todo o país mulheres mais belas que as filhas do Jó. Seu pai lhes repartiu heranças como a seus irmãos. Depois destes acontecimentos Jó viveu cento e quarenta anos e viu seus filhos, netosebisnetos. E Jó morreu velho echeio dedias. Jó 8, 7-17
É coisa utilíssima invocar osSantos, e todo o Cristão o deve fazer. Devemos invocar particularmente nossos Anjos da Guarda, São José, protetor da Igreja, os Santos Apóstolos, o Santo do nosso nome e os Santos protetores da diocese e da paróquia.
Entre as orações que fazemos a Deus e as que fazemos aosSantos, há esta diferença: que a Deus, invocamo-Lo a fim de que, como autor das graças, nos dê os bens e nos livre dos males, e aos Santos, invocamo-los para que, como advogados junto de Deus, intercedam por nós.
Quando dizemos que um Santo concedeu uma graça, queremos dizer que esse Santo obteve de Deus aquela graça.
A lei do Senhor, que é imaculada, converte as almas; o testemunho do Senhor é fiel, dá sabedoria aos pequeninos. Lex Domini inmaculata convertensanimas testimonium Domini fidele sapientiam praestans parvulis. As justiçasdo Senhor são retas, alegram os corações; o preceito do Senhor é claro, esclarece os olhos. Iustitiae Domini rectae laetificantes corda praeceptum Domini lucidum inluminans oculos. O temor do Senhor é santo, permanece pelos séculos dos séculos; os juízos do Senhor são verdadeiros, cheios de justiça em si mesmos. Timor Domini sanctus permanens in saeculum saeculi iudicia Domini vera iustificata in semet ipsa. São mais para desejar do que o muito ouro e as muitas pedras preciosas; e são mais doces que o mel e o favo. Desiderabilia super aurum et lapidem pretiosum multum et dulciora super mel et favum. Por isso o teu servo os guarda, e em os guardar há grande recompensa. Etenim servus tuus custodit ea in custodiendis illisretributio multa. Salmo 18, 8-12 Bem -av ent urados os que se conser v am sem m ácula no cam inho, os que andam na lei do Senhor. Beati inmaculati in via Qui ambulant in lege Domini. Salmo 118, 1 De t odo o m eu coração t e busquei; não m e deixes transviar dos teus mandamentos. In toto corde meo exquisivi te non repellas me a mandatistuis. Escondi no meu coração as tuas palavras, para não pecar contra ti. In corde meo abscondi elo quia tua ut non peccem tibi. Bendito és, Senhor; ensina-me as tuas justas leis. Benedictus es Domine doce me iustificationes tuas. Salmo 118, 10-12 Deleitei-me no caminho das tuas ordens, tanto como em todas as riquezas. In via testimoniorum tuorum delectatus sum sicut in omnibus divitiis Nos teus mandamentos me exercitarei, e considerarei os teus caminhos. In mandatis tuis exercebor et considerabo vias tuas Nas tuas ordens meditarei; não me esquecerei das tuas palavras. In iustificationibus tuis meditabor non obliviscar sermones tuos Concede esta graça ao teu servo, dá-me vida, e eu guardarei as tuas palavras. Retribue servo tuo vivifica me et custodiam sermones tuos Tira o véu dosmeusolhos, e considerarei asmaravilhasda tua lei. Revela oculos meos et considerabo mirabilia de legetua Salmo 118, 14-18 Minha alma desejou ansiosa em todo o tempo as tuas justas leis. Concupivit anima mea desider ar eiustificationes tuas in omni tempore Salmo 118, 20 Dá-me inteligência, e estudarei a tua lei, e a guardarei detodo o meu coração. Da mihi intellectum et scrutabor legem tuam et custodiam illam in toto corde meo. Guia-me pela senda de teus mandamentos, porque essa mesma desejei. Deduc me in semita mandatorum tuorum quia ipsam volui. Inclina o meu coração para os teus preceitos, e não para a avareza. Inclina cor meum in testimonia tua et non in avaritiam Desvia os meusolhos, para que não vejam a vaidade; faze que eu viva segundo o teu caminho. Averte oculosmeos ne videant vanitatem in via tua vivifica me. Salmo 118, 34-37 Meditarei nos teus mandamentos, que eu amo. Et meditabar in mandatis tuis quae dilexi. Levantarei as minhas mãos para os teus mandamentos, que eu amo, e exercitar-me-ei nas tuas ordens. Et levavi manus meas ad mandata quae dilexi et exercebar in iustificationibustuis. Salmo 118, 47-48
A terceira parte da Doutrina Cristã traiu dos Mandamentos da Lei de Deus e da Igreja.
Os Mandamentos da Lei de Deus são dez:
Os Mandamentos da Lei de Deus têm esse nome porque foi o próprio Deus que os gravou ria alma de todo o homem, os promulgou no monteSinai, na antiga Lei, esculpidos em duas tábuas de pedra, e Jesus Cristo os confirmou na Lei nova.
Os Mandamentos da primeira tábua são os três primeiros, que se referem diretamente a Deus, e aos deveres que temos para com Ele.
Os Mandamentos da segunda tábua são os últimos sete, que se referem ao próximo e aos deveres que temos para com ele.
Sim, todos somos obrigados a observar os Mandamentos, porque todos devemos viver segundo a vontade de Deus que nos criou; e basta transgredir gravemente um só deles para merecermos o Inferno.
Podemos, sem dúvida, observar os Mandamentos da Lei de Deus, porque Deus não nosmanda nenhuma coisa impossível, e dá a graça para os observar a quem ti pede devidamente.
Em cada Mandamento deve-se considerar a parte positiva e a parte negativa; isto é, o que nos é ordenado e o que nos é proibido.
Uma vez mais vos digo que ninguém me tenha por insensato ; ou então tomai-me por insensato, para que também eu possa sentir um pouco de orgulho. O que vou dizer na certeza de poder orgulhar-me, não o digo sob inspiração do Senhor mas como num acesso de delírio. Visto que muitos se orgulham das coisas humanas, também eu vou orgulhar-me. Vós, que sois sensatos, suportais de boa vontade os insensatos. Sim, suportais quem vos escraviza, quem vos devora, quem vos explora, quem vos trata com orgulho, quem vos bate no rosto. Neste ponto, sinto vergonha de dizer, parece que fomos fracos. Quanto às pretensões que qualquer outro possa ter falo como louco também eu as tenho. São hebreus? Também sou. São israelitas? Também sou. São da descendência deAbraão? Também sou. São ministros de Cristo? Falando como louco, eu sou mais ainda. Muito mais pelos trabalhos, muito mais pelas prisões, pelos açoites sem conta. Muitas vezes vi a morte de perto. Cinco vezes recebi dos judeus os quarenta açoites menos um. Três vezes fui flagelado com varas. Uma vez, apedrejado. Três vezes naufraguei, uma noite e um dia passei no alto-mar. Viagens sem conta, exposto a perigos nos rios, perigos de assaltantes, perigos da parte de concidadãos, perigos da parte dos pagãos, perigos na cidade, perigos nos lugares desabitados, perigos no mar, perigos entre falsos irmãos! Trabalhos e fadigas, muitas noites sem dormir, com fome e sede, freqüentes jejuns, frio e nudez! Além de outras coisas, o que pesa sobre mim diariamente, a preocupação por todas as igrejas! Quem está fraco, sem que eu sinta com ele? Quem é seduzido ao pecado, sem que eu fique indignado? Se é preciso contar vantagens, contarei vantagens da minha fraqueza. O Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que é bendito pelos séculos, sabe que não minto. Em Damasco, o governador do rei Aretas pôs guarda na cidade dos damascenos, para me prender, mas através de uma janela, fui descido numa cesta pelo muro, e escapei das suas mãos. II Cor 11, 16-33
Antes de promulgar os seus Mandamentos, Deus disse: Eu sou o Senhor teu Deus, para que saibamos que Deus, sendo o nosso Criador e Senhor, pode mandar o que quiser, e nós, criaturas suas, somos obrigados a obedecer-Lhe.
Com as palavras do primeiro Mandamento: amar a Deus sobre todas as coisas, Deus nosordena que o reconheçamos, adoremos, amemos e sirvamos a Ele só, como nosso Soberano Senhor.
Cumpre-se o primeiro Mandamento com o exercício do culto interno e externo.
O culto interno é a honra que se presta a Deus só com as faculdadesda alma isto é, com a inteligência e com a vontade.
O culto externo é a homenagem que se presta a Deus por meio de atosexteriores e de objetos sensíveis.
Não basta adorar a Deus interiormente, só com o coração, mas é necessário adorá- Lo também exteriormente, com a alma e com o corpo juntamente, porque Ele é Criador e Senhor absoluto de uma e de outro.
Não pode de forma alguma haver culto externo sem o interno, porque aquele, desacompanhado deste, fica privado de vida, de merecimento e de eficácia, como corpo sem alma.
O primeiro Mandamento proíbe-nos a idolatria, a superstição, o sacrilégio, a heresia, e todo e qualquer outro pecado contra a religião.
Chama-se idolatria o prestar a alguma criatura, por exemplo a uma estátua, a uma imagem, a um homem, o culto supremo de adoração, devido só a Deus.
Na Sagrada Escritura está expressa esta proibição com as palavras: Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma de tudo o que há em cima, no céu, e do que há embaixo, na terra. E não adorarás tais coisas, nem lhes darás culto.
Não, por certo. Mas só as das falsas divindades, feitas com intuito de adoração, como faziam os idólatras. E tanto isto é verdade, que o próprio Deusdeu ordem a Moisés para fazer algumas, como as duas estátuas de querubins que estavam sobre a arca, e a serpente de bronze no deserto.
Chama-se superstição toda e qualquer devoção contrária à doutrina e ao uso da Igreja, bem como o atribuir a urna ação ou alguma coisa uma virtude sobrenatural que ela não tem.
O sacrilégio é a profanação de um lugar, de uma pessoa ou de uma coisa consagrada a Deus ou destinada ao seu culto.
A heresia é um erro culpável de inteligência, pelo qual se nega com pertinácia alguma verdade de fé.
O primeiro Mandamento proíbe também todo o comércio ou trato com o demônio, e o filiar-se às seitas anticristãs.
Quem recorresse ao demônio e o invocasse, cometeria um pecado enorme, porque o demônio é o mais perverso inimigo de Deus e do homem.
Todas as práticas do espiritismo são proibidas, porque são supersticiosas, e muitas vezes não estão isentas de intervenção diabólica, e por isso foram justamente interditas pela Igreja.
Não. Não é proibido honrar e invocar osAnjose osSantos, e até o devemos fazer, porque é coisa boa e útil, e altamente recomendada pela Igreja, já que eles são amigos de Deus e nossos intercessores junto dEle.
Jesus Cristo é o nosso mediador junto de Deus, enquanto, sendo verdadeiro Deuse verdadeiro Homem, só Ele, em virtude dos próprios merecimentos, nos reconciliou com Deuse dEle nos obtém todasasgraças. Mas, a Santíssima Virgem e osSantos, em virtude dos merecimentos de Jesus Cristo, e pela caridade que os une a Deus e a nós, auxiliam- nos com a sua intercessão a alcançar asgraçasque pedimos. E este é um dosgrandesbens da comunhão dos Santos.
Sim, porque a honra que se tributa às sagradas imagens de Jesus Cristo e dosSantos, refere-se às suas mesmas pessoas.
Sim, também as relíquias dos Santos podem e devem honrar-se porque os seus corpos foram membros vivos de Jesus Cristo e templos do Espírito Santo, e devem ressurgir gloriosos para a vida eterna.
Entre o culto que prestamos a Deus e o culto que prestamos aosSantos há esta diferença: que a Deus adoramo-Lo pela sua infinita excelência, ao passo que aosSantosnão os adoramos, mas só os honramos e veneramos como amigosde Deus e nossos intercessores junto dEle. O culto que prestamosa Deus chama-se latria, isto é, de adoração, e o culto que prestamos aos Santos chama-se dulia, isto é, de veneração aos servos de Deus; enfim o culto especial que prestamos a Maria Santíssima chama-se hiperdulia, isto é, de essencialíssima veneração, como Mãe de Deus.
Certo homem, chamado Ananias, decomum acordo com sua mulher Safira, vendeu uma propriedade. Com a cumplicidade da mulher, reteve uma parte do preço e foi depositar o resto aos pés dos apóstolos. Pedro, porém, disse: Ananias, por queSatanásseapoderou deteu coração para enganar o Espírito Santo, retendo uma parte do preço do terreno? Por acaso não podias conservá-lo, sem o vender? E depois de vendido, não podias dispor livremente da quantia? Então, por que resolveste fazer isso? Não foi aoshomensquementiste, masa Deus. Ao ouvir estaspalavras, Ananias caiu morto. Grande medo tomou conta de todos os que souberam disso. Alguns jovens se levantaram, envolveram o corpo num lençol e o retiraram dali para sepultar. Passadas umas três horas, entrou também a mulher, sem saber o que havia acontecido. Pedro perguntou-lhe: Dize-me: foi por tanto que vendesteso terreno? Ela respondeu: Sim, foi por essepreço. Então Pedro disse: Por que combinastestentar o Espírito do Senhor? Olha, já estão entrando pela porta aqueles que sepultaram o teu marido. Eles vão levar também a ti. Ela imediatamente caiu aos pés de Pedro e morreu. Quando os jovens entraram, encontraram a mulher morta e a levaram para sepultar ao lado do marido. Grande medo se apoderou de toda a Igreja e de todosqueouviram taiscoisas. Atos 5, 1-11
O segundo Mandamento: não tomar seu Santo Nome em vão, proíbe-nos:
Pronunciar o Nome de Deus sem respeito quer dizer: pronunciar este Santo Nome, e tudo o que se refere em modo especial ao próprio Deus como o Nome de Jesus Cristo, de Maria e dos Santos com ira, por escárnio, ou de outro modo pouco reverente.
A blasfêmia é um pecado horrível que consiste em palavras ou atos de desprezo ou maldição contra Deus, contra a Virgem, contra os Santos, ou contra as coisas santas.
Há diferença, porque com a blasfêmia se amaldiçoa ou se deseja mal a Deus, a Nossa Senhora, aosSantos; ao passo que, com a imprecação ou praga, se amaldiçoa ou se deseja mal a si mesmo ou ao próximo.
Jurar é tomar a Deus em testemunho da verdade do que se afirma ou se promete.
Não é sempre proibido o juramento, mas é lícito e até honroso para Deus, quando há necessidade, e se jura com verdade, discernimento e justiça.
Quando se afirma com juramento o que se sabe ou se julga ser falso, e quando com juramento se promete o que não se tem a intenção de cumprir.
Quando se jura sem prudência e sem madura ponderação, ou por coisas de pequena importância.
Quando se jura fazer uma coisa que não é justa ou permitida, como jurar vingar- se, roubar e outras coisas parecidas.
Não só não somos obrigados, mas pecaríamos fazendo-as, porque são proibidas pela lei de Deus ou da Igreja.
Quem jura falso comete pecado mortal, porque desonra gravemente a Deus, verdade infinita, chamando-O em testemunho do que é falso.
O segundo Mandamento ordena-nos que honremos o Santo Nome de Deus, e que cumpramos, além dos juramentos, também os votos.
Um voto é uma promessa feita a Deus de uma coisa boa, para nós possível, e melhor que a coisa contrária, a que nós nos obrigamos, como se nos fosse preceituada.
Podia-se pedir a comutação ou a dispensa ao Bispo próprio, ou ao Sumo Pontífice, conforme a qualidade do voto.
O transgredir os votos é pecado, e por isso não devemos fazer votos sem madura reflexão, e ordinariamente sem o conselho do confessor, ou de outra pessoa prudente, para não nos expormos ao perigo de pecar.
Os votos fazem-se só a Deus; pode-se, porém, prometer a Deus fazer alguma coisa em honra de Nossa Senhora ou dos Santos.
No primeiro dia da semana, de manhã muito cedo, as mulheres vieram ao túmulo trazer os perfumes que tinham preparado. Encontraram a pedra do túmulo removida e, entrando, não acharam o corpo do Senhor Jesus. Ficaram sem saber o que fazer. Nisso, doishomens vestidos de roupas brilhantes apareceram diante delas. Como ficassem aterrorizadas e baixassem os olhos para o chão, eles disseram: Por que procurais entre os mortos quem está vivo? Ele não está aqui mas ressuscitou! Lembrai-vos do que vos falou, quando estava ainda na Galiléia: O Filho do homem deveria ser entregue ao poder de pecadores e ser crucificado mas ressuscitaria ao terceiro dia. Então elas se lembraram das palavras de Jesus. Luc 24, 1-8 No primeiro dia da semana, estávamos reunidos para partir o pão. Paulo, que ia viajar no dia seguinte, conversava com os discípulos e prolongou a conversa até meia-noite. Havia muitas lâmpadas na sala onde estávamos reunidos. Um jovem, chamado Êutico, que estava sentado no parapeito de uma janela, adormeceu profundamente enquanto Paulo continuava a falar. Vencido pelo sono, caiu do terceiro andar, e o levantaram morto. Paulo desceu, debruçou-se sobre ele e, abraçando-o, disse: Não vos perturbeis. Ele está vivo. Depois subiu, partiu o pão, comeu e prosseguiu a pregação até ao amanhecer. Então partiu. Quanto ao rapaz, levaram-no vivo, com grandeconsolo detodos. Atos 20, 7-12
O terceiro Mandamento: guardar domingos e festas, ordena-nos que honremos a Deus com obras de culto nos dias de festa.
Na Antiga Lei, eram os sábados e outros dias particularmente solenes para o povo judeu; na Lei Nova, são os domingos e outras festividades estabelecidas pela Igreja.
O domingo, que significa dia do Senhor, substituiu o sábado, porque foi em dia de domingo que Nosso Senhor Jesus Cristo ressuscitou.
É-nos preceituado assistir devotamente ao Santo Sacrifício da Missa.
Um bom cristão santifica as festas:
O terceiro Mandamento proíbe-nos os trabalhos servis, e qualquer obra que nos impeça o culto de Deus.
Os trabalhos servis proibidos nos dias santos são os trabalhos chamados manuais, isto é, aqueles trabalhosmateriaisem que tem parte maiso corpo do que o espírito, como os que ordinariamente são próprios dos servidores, dos operários e dos artífices.
Trabalhando em dia santo, comete-se pecado mortal; não obstante não há culpa grave se o trabalho dura pouco tempo.
Nos dias santos são permitidos aqueles trabalhos que são necessários à vida, ou ao serviço de Deus, e os que se fazem por uma causa grave, pedindo licença, se for possível, ao próprio pároco.
São proibidos nos dias santos os trabalhos servis, a fim de que possamos melhor dedicar-nos ao culto divino e à salvação da nossa alma, e para repousar das nossas fadigas. Por isso não é proibido entregar-se a divertimentos honestos.
Nos dias santos devemos evitar principalmente o pecado e tudo o que possa induzir-nos a ele, como são os bailes e outras diversões e reuniões perigosas.
Honra teu pai e tua mãe, como o Senhor teu Deus te mandou, para que vivas longos anos e sejas feliz na terra que o Senhor teu Deus te dá. Deut 5, 16 Meu filho, escuta a advertência de teu pai, e não rejeites o ensino de tua mãe, pois serão diadema para tua cabeça e um colar para teu pescoço. Prov 1, 8-9 Pois o Senhor glorifica o pai em seus filhos e consolida a autoridade da mãe sobre a prole. Quem honra o pai, expia os pecados; quem glorifica a mãe, é como se acumulasse tesouros. Quem honra o pai será alegrado pelos filhos e, no dia em que orar, será atendido. Quem glorifica o pai terá vida longa, e quem obedece ao Senhor proporcionará repouso à sua mãe. Quem teme o Senhor honrará seu pai e, como a senhores, servirá seus genitores. Com obras e palavras honra teu pai, para que venha sobre ti a sua bênção. A bênção do pai consolida a casa dos filhos; a maldição da mãe lhes destrói os alicerces. Não te glories da desonra de teu pai, pois a desonra do pai não é uma glória para ti. A glória do homem vem da honra de seu pai, e é uma desonra para os filhos a mãe desprezada. Filho, ampara teu pai na velhice, e não lhe causes desgosto enquanto vive. Ainda que perca a razão, sê tolerante e não o desprezes, tu, que estás em teu pleno vigor. Não será esquecida a compaixão para com teu pai e, em lugar dos pecados, terás os méritos aumentados. No dia da aflição, o Senhor lembrar-se-á de ti; e teus pecados desaparecerão, como o gelo ao calor do dia. Quem abandona o pai é como blasfemador; e é maldito do Senhor quem irrita sua mãe. Eclo 3, 2-13. Quem amaldiçoa o pai e a mãe verá sua lâmpada apagar-se nas trevas. Prov 20, 20 Maldito, quem desprezar o pai ou a mãe! E todo o povo dirá: Amém! Deut 27, 16 Quando o viram, ficaram admirados e sua mãe lhe disse: Filho, por que agiste assim conosco? Olha, teu pai e eu, aflitos, te procurávamos. Ele respondeu-lhes : Por que me procuráveis? Não sabíeis que eu devia estar na casa do meu Pai? Eles não entenderam o que lhes dizia. Depois desceu com eles e foi para Nazaré, e lhes era submisso. Sua mãe conservava a lembrança de tudo isso no coração. Jesus crescia em sabedoria, idadeegraça diantedeDeusedaspessoas. Luc 2, 48-52
O quarto Mandamento: honrar pai e mãe, ordena-nos respeitar o pai e a mãe, obedecer-lhes em tudo o que não é pecado, e auxiliá-los em suas necessidades espirituais e temporais.
O quarto Mandamento proíbe-nos ofender os nossos pais com palavras, obras, ou de qualquer outra maneira.
Debaixo do nome de pai e de mãe, este Mandamento também compreende todos os legítimos superiores tanto eclesiásticos como seculares, aos quais portanto devemos obedecer e respeitar.
A autoridade que os pais têm de mandar nos filhos, e a obrigação que têm os filhos de obedecer, vêm-lhes de Deus que constituiu e ordenou a família, a fim de que nela o homem encontre os primeiros meios necessários para o seu aperfeiçoamento material e espiritual.
Os pais têm o dever de amar, cuidar e alimentar seus filhos, de prover à sua educação religiosa e civil, de dar-lhes o bom exemplo, de afastá-los das ocasiões de pecado, de corrigi-los nas suas faltas, e de auxiliá-los a abraçar o estado para o qual são chamados por Deus.
Deus nosdeu o modelo da família perfeita na Sagrada Família, na qual JesusCristo viveu sujeito a Maria Santíssima e a São José até aos trinta anos, isto é, até quando começou a desempenhar a missão que o Padre Eterno Lhe confiara, de pregar o Evangelho.
Se as famílias vivessem isoladamente umas das outras, não poderiam prover às suas necessidades, e é necessário o que elas se unam em sociedade civil, a fim de se auxiliarem mutuamente, para o seu aperfeiçoamento e para sua felicidade comum.
A sociedade civil é a reunião de muitas famílias, dependentesda autoridade de um chefe, para se auxiliarem reciprocamente a conseguir o mútuo aperfeiçoamento e a felicidade temporal
A autoridade que governa a sociedade civil vem de Deus, que a quer constituída para o bem comum.
Sim, todos os que pertencem à sociedade civil, têm obrigação de respeitar a autoridade e de lhe obedecer, porque esta autoridade vem de Deus, e porque assim o exige o bem comum.
Devem respeitar-se todas as leisque a autoridade civil impõe, desde que não sejam contrárias à Lei de Deus, pois esta é a ordem e o exemplo de Nosso Senhor Jesus Cristo.
Os que formam parte da sociedade civil, além da obrigação de respeitar e obedecer às leis, têm o dever de viver em harmonia e de procurar, segundo suaspossibilidades, que a sociedade seja virtuosa, pacífica, ordenada e próspera para o proveito comum, com vistas à salvação eterna dos indivíduos.
Aconteceu, tempos depois, que Caim apresentou ao Senhor frutosda terra como oferta. Abel, por sua vez, ofereceu osprimeiros cordeirinhos e a gordura das ovelhas. E o Senhor olhou para Abel e sua oferta, mas não deu atenção a Caim e sua oferta. Caim se enfureceu e ficou com o rosto abatido. O Senhor disse a Caim: Por que estásenfurecido e andas com o rosto abatido? Não é verdade que, se fizereso bem, andarásde cabeça erguida? Mas se não o fizeres, o pecado não estará à porta, espreitando-te, como um assaltante? Tu, porém, terás de dominá-lo. Caim disse a Abel, o irmão: Vamos para o campo! Mas, quando estavam no campo, Caim agrediu o irmão Abel e o matou. O Senhor perguntou a Caim: Onde está teu irmão Abel? E ele respondeu: Não sei. Acaso sou o guarda de meu irmão? O que fizeste? perguntou ele Ouço da terra a voz do sangue de teu irmão, clamando por vingança! Agora serás amaldiçoado pela própria terra que engoliu o sangue de teu irmão, derramado por ti. Quando cultivares o solo, negar-te-á o sustento e virás a ser um fugitivo, errante sobre a terra. Caim disse ao Senhor : O castigo é grande demaispara suportá-lo. Eis que hoje me expulsasda face deste solo fértil e devo ocultar-me diante de teu rosto. Quando estiver fugindo e vagueando pela terra, quem me encontrar, matar-me-á. Mas o Senhor lhe disse: Pois bem. Se alguém matar Caim, será vingado sete vezes. O Senhor pôs, então, um sinal em Caim para que ninguém, ao encontrá-lo, o matasse. Afastando-se da presença do Senhor, Caim foi habitar na região deNod, ao oriente deÉden. Gênesis 4, 3-16
O quinto Mandamento: não matar, proíbe dar a morte ao próximo, nele bater ou feri-lo, ou causar qualquer outro dano no seu corpo, por nós ou por meio de outrem. Proíbe também ofendê-lo com palavras injuriosas e querer-lhe o mal. Neste Mandamento Deus proíbe ainda ao homem dai, a morte a si mesmo, isto é, o suicídio.
Porque o que mata usurpa temerariamente o direito que só Deus tem sobre a vida do homem; porque destroi a segurança da sociedade humana, e porque tira ao próximo a vida, que é o maior bem natural que ele tem neste mundo.
É lícito tirar a vida do próximo: durante o combate ein guerra justa; quando se executa por ordem da autoridade suprema a condenação à morte em castigo de algum crime; e finalmente quando se trata de necessária e legítima defesa da vida, no momento de uma injusta agressão.
Sim, Deus no quinto Mandamento proíbe também fazer mal à vida espiritual do próximo com o escândalo.
O escândalo é toda palavra, ação ou omissão, que é ocasião para os outros de cometerem pecados.
O escândalo é um pecado grave, porque tende a destruir a maior obra de Deus, que é a redenção, com a perda das almas: pois que ele dá ao próximo a morte da alma tirando-lhe a vida da graça, que é mais preciosa que a vida do corpo; e porque é causa de uma multidão de pecados. Por isso, Deus ameaça os escandalosos com os mais severos castigos.
No quinto Mandamento Deus proíbe o suicídio, porque o homem não é senhor da sua vida, como o não é da dos outros. A Igreja, por seu lado, castiga o suicida com a privação da sepultura eclesiástica.
Sim, o quinto Mandamento proíbe também o duelo, porque o duelo participa da malícia do suicídio e do homicídio, e fica excomungado todo o que voluntariamente nele toma parte, ainda que seja como simples espectador.
Sim, é também proibido este duelo, porque não só não podemos matar, mas nem sequer ferir voluntariamente a nós mesmos ou a outrem.
Não. Porque é falso que no duelo se repare a ofensa, e porque não se pode reparar a honra com uma ação injusta, irracional e bárbara, qual é o duelo.
O quinto Mandamento ordena-nos que perdoemos aos nossos inimigos e queiramos bem a todos.
Quem danificou o próximo, não basta que se confesse, mas deve também reparar o mal que fez, compensando o próximo dos danos que lhe causou, retratando os erros que lhe ensinou, e dando-lhe bom exemplo.
José foi levado para o Egito. Putifar, um egípcio, ministro do Faraó e chefe da guarda do palácio, o comprou dos ismaelitas que o tinham levado para lá. Mas o Senhor estava com José e ele se tornou um homem bem sucedido enquanto esteve na casa de seu senhor egípcio. O patrão notou que o Senhor estava com ele e fazia prosperar todas as suas iniciativas. José conquistou asboasgraçasde seu amo que o pôsa seu serviço, constituindo-o administrador da casa e confiando-lhe todos osbens. E desde o momento em que o fez administrador, o Senhor abençoou em atenção a José a casa do egípcio e derramou sua bênção sobre tudo que possuía em casa e no campo. Ele entregou tudo nas mãosde José e não se preocupava com coisa alguma a não ser com o que comia. Ora, José tinha um belo porte e era formoso de rosto. Aconteceu, depois, que a mulher de seu amo pôs nele os olhos e lhe disse: Dorme comigo. Ele recusou, dizendo à mulher de seu senhor: Em verdade meu senhor não me pede contas do que há na casa, confiando-me todos os bens. Ele próprio não é mais importante do que eu nesta casa. Nada se reservou senão a ti por seres sua mulher. Como poderia eu fazer tamanha maldade pecando contra Deus! E ainda que ela insistisse com José, todos os dias, para dormir com ela ou mesmo estar com ela, ele não atendeu. Um dia José entrou na casa para cumprir as tarefas e nenhum dos empregados estava em casa. A mulher o agarrou pelo manto, dizendo: Dorme comigo. Mas ele largou-lhe nas mãos o manto e fugiu correndo para fora. Vendo que lhe tinha deixado nas mãoso manto e escapado para fora, ela se pôs a gritar e a chamar os empregados, dizendo: Vede! meu marido trouxe este hebreu para abusar de nós. Aproximou-se de mim para dormir comigo, mas pus-me a gritar em voz alta. Quando viu que comecei a gritar por socorro, largou o manto junto a mim e fugiu correndo para fora. A mulher ficou com o manto de José até o marido voltar para casa. Então falou-lhe nos mesmos termos, dizendo: Esse escravo hebreu que nos trouxeste, veio ter comigo e quis abusar de mim. Quando me ouviu gritar por socorro, largou junto de mim o manto e fugiu para fora. Ao ouvir o marido o que dizia a mulher, assim é que me tratou teu escravo, ficou furioso. Mandou prender José e o meteu no cárcere, onde se guardavam os presos do rei. E José ficou no cárcere. Mas o Senhor estava com José e concedeu-lhe seu favor, atraindo-lhe a simpatia do chefe do cárcere. Este confiou a seus cuidados todos os que se achavam presos. Era ele que organizava tudo que lá se fazia. O chefe da prisão não se preocupava com coisa alguma que lhe fora confiada, porque o Senhor estava com José e fazia prosperar tudo o que ele fazia. Gênesis 39, 1-23
O sexto Mandamento: não pecar contra a castidade, proíbe qualquer ação, palavra ou olhar contrários à santa pureza, e a infidelidade no matrimônio.
O nono Mandamento proíbe expressamente todo o desejo contrário à fidelidade que os cônjuges se juraram ao contrair matrimônio; e proíbe também todo o pensamento culpável e todo desejo de ação proibida pelo sexto Mandamento.
É um pecado gravíssimo e abominável diante de Deus e dos homens; rebaixa o homem à condição dos irracionais, arrasta-o a muitos outros pecados e vícios, e provoca o, mais terríveis castigos de Deus nesta vida e na outra.
Os pensamentos que nos vêm ao espírito contra ti pureza, por si mesmos não são pecados, mas antes tentações e incentivos ao pecado.
Osmauspensamentos, ainda que não sejam seguidosde ação, são pecados, quando culpavelmente lhes damosmotivo, ou neles consentimos, ou nos expomos ao perigo próximo de neles consentir.
O sexto Mandamento ordena-nos que sejamos castos e modestos nas ações, nos olhares, no porte e nas palavras. O nono Mandamento ordena-tios que sejamos castos e puros, ainda mesmo tio nosso íntimo, isto é, tia alma e no coração.
Para bem observarmoso sexto e o nono Mandamentos, devemos invocar freqüenternente e de todo o coração a Deus, ser devotos de Maria Virgem, Mãe da pureza, lembrar-nos de que Deus nos vê, pensar ria morte, nos castigos divinos, tia Paixão de Jesus Cristo, guardar os nossos sentidos, praticar a mortificação cristã, e freqüentar os sacramentos corri as devidas disposiçoes.
Para nos conservarmos castos, devemos evitar a ociosidade, os maus companheiros, as más leituras, a intemperança, o olhar para figuras indecentes, osespetáculos licenciosos, osbailes, as conversase diversõesperigosas, bem como todas asdemaisocasiões de pecado.
Jesus entrou em Jericó e atravessava a cidade. Havia ali um homem rico, chamado Zaqueu, chefe dos cobradores do imposto. Procurava ver Jesus, mas não conseguia por causa da multidão, pois era muito baixo. Correndo na frente, subiu numa figueira brava para vê-lo, pois tinha de passar por ali. Ao chegar ao lugar, Jesus olhou para cima e disselhe: Zaqueu, desce depressa, poishoje devo ficar em tua casa. Ele desceu a toda pressa e o recebeu com alegria. Ao ver isso, todos começaram a resmungar: Ele foi hospedar-se na casa de um pecador. Zaqueu entretanto, de pé, disse ao Senhor: Senhor, vou dar a metade dos meus bens aospobres e, se em alguma coisa prejudiquei alguém, vou restituir quatro vezes mais. Disse-lhe Jesus: Hoje a salvação entrou nesta casa porque também este é um filho deAbraão. Poiso Filho do homem veio procurar e salvar o que estava perdido. Luc 19, 1-9
O sétimo Mandamento: não furtar, proíbe tirar ou reter injustamente as coisas alheias, e causar dano ao próximo nos seus bens de qualquer outro modo.
Furtar quer dizer: tirar injustamente as coisas alheias contra a vontade do dono, quando ele tem toda a razão e todo o direito de não querer ser privado do que lhe pertence.
Porque se peca contra a justiça, e se faz injúria ao próximo, tirando e retendo, contra o seu direito e contra a sua vontade, o que lhe pertence.
São todas as coisas que pertencem ao próximo, das quais tem a propriedade ou o uso, ou simplesmente as tem em depósito.
De dois modos: com o furto e com o roubo.
Comete-se o furto tirando ocultamente as coisas alheias.
Comete-se o roubo tirando com violência ou manifestamente as coisas alheias.
Quando o dono se não opõe, ou então, quando se opõe injustamente, como aconteceria se alguém estivesse em extrema necessidade, contanto, que tirasse só o que lhe é estritamente necessário para suprir à necessidade urgente e extrema.
Prejudica-se também com a fraude, com a usura e com outra qualquer injustiça contra os seus bens.
Comete-se a fraude enganando o próximo no comércio com pesos, medidas ou moedas falsas, ou com gêneros deteriorados; falsificando escrituras e documentos; em suma, fazendo falsidades nas compras, nas vendas ou em qualquer outro contrato, e ainda quando se não quer dar o preço justo ou o preço combinado.
Comete-se a usura exigindo sem titulo legítimo um juro ilícito por uma quantia emprestada, abusando da necessidade ou da ignorância do próximo.
São injustiças fazê-lo perder injustamente o que tem, danificá-lo nas suas propriedades, não trabalhar como se deve, não pagar, por malícia, asdívidase mercadorias compradas, ferir ou matar osanimaisdo próximo, estragar ou deixar estragar-se o que se tem em depósito, impedir alguém de auferir um lucro justo, auxiliar os ladrões, e receber, esconder ou comprar as coisas roubadas.
É um pecado grave contra a justiça quando se trata de matéria grave, porque é de suma importância que seja respeitado o direito que cada um tem sobre os próprios bens, e isto para bem dos indivíduos, das famílias e da sociedade.
É grave quando se tira coisa importante, e ainda quando, tirando-se coisa de pouca monta, o próximo sofre com isso grave dano.
O sétimo Mandamento ordena-nos que respeitemos as coisas alheias, que paguemos o justo salário aos operários, e que observemos a justiça ein tudo o que se refere à propriedade alheia.
Quem pecou contra o sétimo Mandamento, não basta que se confesse, mas é necessário que faça o que puder para restituir as coisas alheias e reparar os danos causados ao próximo.
A reparação dos danos causados é a compensação que se deve dar ao próximo pelos frutos e lucros perdidos por causa do furto e das outras injustiças cometidas ein seu prejuízo.
Àquele a quem se roubaram; aos seus herdeiros, se já tiver morrido; e se isso for verdadeiramente impossível. deve-se dar o seu valor aos pobres e a obras pias.
Deve-se empregar grande diligência para achar o dono, e restituir-lhe fielmente.
Em Babilônia vivia um homem de nome Joaquim. Estava casado com uma senhora chamada Susana filha de Helcias, que era muito bonita e religiosa. Também seus pais eram pessoas justas e tinham educado a filha de acordo com a Lei de Moisés. Joaquim era muito rico e tinha um parque confinante com sua casa; junto dele afluíam os judeus, por ser o mais respeitado de todos. Ora, naquele ano dois anciãos do povo tinham sido apontados como juízes, a respeito dos quais o Senhor tinha dito: De Babilônia brotou a iniqüidade, da parte de anciãos-juízes que aparentemente governavam o povo. Eles freqüentavam a casa de Joaquim, e todos os que tinham alguma questão se dirigiam a eles. Ora, quando pelo meio-dia o povo se tinha dispersado, Susana ia passear no parque do marido. Os dois anciãos viam-na todos os dias entrar e passear, e acabaram se apaixonando por ela. Fizeram o contrário do que deveriam ter feito, evitando erguer os olhos para o Céu e esquecendo os justos juízos de Deus. Embora ambos se sentissem perdidamente apaixonadospor ela, contudo um não traía ao outro o seu sofrimento, porque ainda sentiam vergonha de manifestar o desejo ardente de a possuir. Todos os dias espreitavam avidamente por vê-la. Certo dia um disse ao outro: Vamos para casa, é hora de almoço! Mas quando saíram e se separaram um do outro, deram um giro, acabando por encontrar-se no mesmo ponto... Forçados portanto a se explicar, finalmente confessaram um ao outro sua paixão; então combinaram espreitar uma eventual ocasião de a encontrar a sós. Ora, enquanto os dois estavam à espreita duma ocasião favorável, certo dia Susana entrou no parque segundo seu costume, acompanhada apenas por duas mocinhas; é que queria tomar banho por causa do calor intenso. Não havia lá ninguém, exceto os dois velhos que estavam escondidos e a espreitavam. Então ela ordenou àsmocinhas: Por favor, ide buscar-me azeite e perfumes e trancai as portas do parque, enquanto tomo banho! Elas obedeceram, trancando as portas do parque e retirando- se por uma porta lateral, para buscar o que a patroa tinha pedido, sem se darem conta que os velhos estavam lá escondidos. Apenas as duas mocinhas tinham saído, os dois velhos se levantaram e correram para Susana, dizendo: Olha, as portas do parque estão trancadas e ninguém nos vê; nós estamos apaixonados por ti: faze-nos a vontade e entrega-te a nós! Caso contrário, nós deporemos contra ti que um moço estava contido e foi por isso que mandaste embora asmeninas. Então Susana deu um suspiro, exclamando: Vejo-me encurralada de todos os lados. Pois se fizer isto, espera-me a morte, mas se não o fizer, não escaparei das vossas mãos. Contudo prefiro cair inocente em vossas mãos a pecar na presença do Senhor. Então ela se pôs a gritar em altas vozes, mas também os dois velhos gritaram contra ela. Um deles correu para as portas do parque e as abriu. Quando a gente da casa ouviu a gritaria no parque, precipitaram-se pela porta dos fundos para ver o que lhe estaria sucedendo. Mas quando os velhos apresentaram a sua versão dos fatos, os empregados ficaram muito constrangidos, porque jamais se tinha ouvido falar de qualquer deslize de Susana. Quando no dia seguinte o povo se reuniu em casa do seu marido Joaquim, os dois anciãos vieram animados pela intenção criminosa de conseguir sua condenação à morte; por isso se dirigiram ao povo reunido: Mandai comparecer a Susana filha de Helcias, mulher de Joaquim! Mandaram-na portanto chamar. Ela compareceu em companhia dos pais e filhos e de todos os parentes. Ora, Susana era mulher de aparência exuberante e de extraordinária beleza. Como ela se apresentasse com o rosto velado, os dois malvados mandaram tirar-lhe o véu, para se embriagarem da sua beleza. Seus familiares e todos os parentes choravam. Os dois velhos se levantaram no meio do povo e puseram as mãos sobre a cabeça de Susana. Mas, entre lágrimas, ela olhou para o céu, pois seu coração tinha confiança no Senhor. Em seguida osanciãos deram este depoimento: Enquanto estávamos passeando a sós no parque, esta mulher entrou com duasmocinhase mandou fechar asportasdo parque, para depois mandá-las embora. Então um moço, que estava escondido, aproximou-se dela e com ela se deitou. Quando nós, do canto do parque onde estávamos, vimos esta infâmia, corremos para eles e os surpreendemos juntos. Não conseguimos, é verdade, agarrar o moço, porque era mais forte que nós, e assim abriu as portas e sumiu. A esta mulher, porém, agarramose lhe perguntamos, quem era aquele moço. Mas ela não o quis revelar. Disto nós damos testemunho. A assembléia lhes deu crédito como a anciãos do povo e juízes que eram, e a condenou à morte. Susana, porém, gritou em alta voz e rezou: Ó Deus eterno que conheces os segredos e sabes tudo antes que aconteça, tu bem sabes que elesproferiram falso testemunho contra mim! Eisque vou morrer, embora não tenha cometido o crime do qual maldosamente me acusam! E o Senhor escutou a sua voz. Enquanto Susana estava sendo conduzida para a execução, o Senhor excitou o santo espírito dum jovem de nome Daniel, e ele gritou em altas vozes: Sou inocente do sangue desta pessoa! Então todo o povo se voltou para ele e perguntou: O que queres dizer com isto? De pé, no meio deles, elerespondeu: Então soistão insensatosassim, israelitas? Sem inquérito sério e sem provas concludentes condenastes uma filha de Israel! Voltai ao tribunal, por que estes malvados deram falso testemunho contra ela! Então todo o povo voltou apressadamente, e os anciãos convidaram a Daniel, dizendo: Tem a bondade de tomar lugar em nosso meio e presta-nos o teu depoimento, pois Deus te concedeu o privilégio da idade. Daniel lhes disse: Separai-os longe um do outro, para os poder submeter a interrogatório! Quando foram separados um do outro, Daniel chamou a um deles e lhe disse: Velho encarquilhado e cheio de crimes! Agora vêm à luz os pecados que cometias antes, proferindo sentenças injustas, condenando os inocentes e absolvendo os culpados, quando o Senhor ordena: Ao inocente e ao justo não os matarás! Poisbem! Se a viste tão bem, dize-me à sombra de qual árvore os viste abraçados? O outro respondeu: À sombra duma aroeira. Daniel respondeu: Mentiste direto contra tua cabeça, pois o anjo de Deus já recebeu dele ordem de te cortar pelo meio! Tendo-o despedido, mandou vir o outro e lhe disse: Raça de Canaã e não de Judá! A beleza te fascinou e a paixão perverteu teu coração. É assim que procedíeis com as mulheres israelitas, e elaspor medo vos faziam a vontade; mas esta mulher judia não suportou vossa iniqüidade. Ora bem! Dize-me debaixo de que árvore os surpreendeste a se entreterem? Ele respondeu: Foi debaixo duma azinheira. Daniel lhe respondeu: Também tu mentiste diretamente contra tua cabeça! Pois o anjo de Deus já está à espera, com a espada na mão, para te cortar ao meio e dar cabo devós. Toda a assistência pôs-se a gritar em voz alta, dando graças a Deus que salva os que nele esperam. Voltaram-se contra os dois velhos, porque Daniel os tinha convencido por suas próprias palavras que eram falsas testemunhas. Segundo a Lei de Moisés, aplicaram-lhes a pena que maldosamente tinham tramado contra o próximo, e os mandaram matar. Desta maneira, naquele dia foi salva uma vida inocente. Helcias e sua mulher louvaram a Deus por causa da sua filha e o mesmo fizeram Joaquim, esposo de Susana, e todos os seus familiares; eles louvaram a Deus, porque nela não foi achada qualquer coisa que merecesse reprovação. Dan 13, 1-62
O oitavo Mandamento: não levantar falso testemunho, proíbe-nos atestar falsidade em juízo; proíbe também a detração ou murmuração, a calúnia, a adulação, o juízo e a suspeita temerários, e toda espécie de mentiras.
A detração ou murmuração é um pecado que consiste em manifestar, sem justo motivo, os pecados ou defeitos alheios.
A calúnia é um pecado que consiste em atribuir maliciosamente ao próximo culpas e defeitos que não tem.
A adulação é um pecado que consiste em enganar urna pessoa, dizendo-lhe falsamente bem dela mesma ou de outra, com o fim de tirar daí algum proveito.
O juízo ou suspeita temerária é um pecado que consiste em julgar ou suspeitar mal dos outros, sem justo fundamento.
A mentira é um pecado que consiste em afirmar como verdadeiro ou como falso, por meio de palavras ou de ações, o que se julga não ser assim.
A mentira é de três espécies: jocosa, oficiosa e nociva.
Mentira jocosa é aquela pela qual se mente por gracejo e sem prejuízo para ninguém.
Mentira oficiosa é a afirmação de urna falsidade para utilidade própria ou alheia, sem prejuízo para ninguém.
Mentira nociva é a afirmação de uma falsidade com prejuízo do próximo.
Nunca é lícito mentir nem por gracejo, nem para proveito próprio ou alheio, porque é coisa má por si mesma.
A mentira, quando é jocosa ou oficiosa, é pecado venial; mas, quando é nociva, é pecado mortal, se o prejuízo que causa é grave.
Não. Nem sempre é necessário, especialmente quando quem pergunta não tem o direito de saber o que pergunta.
Quem pecou contra o oitavo Mandamento, não basta que confesse o seu pecado, masé também obrigado a retratar tudo o que disse caluniando o próximo, e a reparar, do melhor modo que possa, os danos que lhe causou.
O oitavo Mandamento ordena-nos que digamos oportunamente a verdade, e que interpretemos em bom sentido, tanto quanto pudermos, as ações do nosso próximo.
Eis o que se passou depois destes acontecimentos: Nabot de Jezrael possuía uma vinha em Jezrael ao lado do palácio de Acab, rei de Samaria. Acab falou com Nabot: Cede-me a tua vinha para que me sirva de horta, pois ela está bem perto da minha casa, e eu te darei uma vinha melhor, ou se preferires, posso pagar-te o preço em dinheiro. Mas Nabot respondeu a Acab: Deusme livre de entregar-te a herança de meuspais! Acab voltou para casa contrariado e furioso, por causa da resposta que Nabot de Jezrael lhe tinha dado, negando-se a lhe ceder a herança de seus pais. O rei se jogou na cama, virou o rosto e não quis comer. Sua esposa Jezabel entrou no quarto e lhe perguntou: Por que estás tão mal-humorado e não queres comer? Ele lhe respondeu: É que tive uma conversa com Nabot de Jezrael e lhe fiz a proposta de me ceder a sua vinha por dinheiro, ou se o preferisse, eu lhe daria em troca outra vinha. Mas o homem me respondeu que não me cede a vinha. Sua esposa Jezabel lhe disse: Bela figura de rei de Israel estás fazendo! Levanta-te, toma alimento e fica de bom humor! Eu te arranjarei a vinha de Nabot de Jezrael. Em seguida ela escreveu uma carta em nome de Acab, selou-a com o selo do rei e a enviou aos anciãos e nobres da cidade que moravam com Nabot. Na carta ela escrevia como segue: Proclamai um jejum e colocai Nabot na primeira fila. Fazei sentarem-se em frente dele dois cafajestes que dêem este depoimento: Tu amaldiçoastea Deuse ao rei! Depois conduzi-o para fora e apedrejai-o atémorrer. Os homens da cidade, anciãos e nobres, seus concidadãos, procederam conforme a ordem recebida de Jezabel, como estava escrito na carta que lhes tinha enviado. Proclamaram um jejum e deram a Nabot o primeiro lugar na assembléia. Chegaram também os dois cafajestes e se sentaram na frente dele. Os dois cafajestes acusaram a Nabot na presença do povo, nestes termos: Nabot amaldiçoou a Deus e ao rei! Em seguida o conduziram para fora da cidade e o apedrejaram até morrer. Então avisaram a Jezabel: Nabot foi apedrejado emorreu. Ao saber que Nabot tinha sido apedrejado e estava morto, Jezabel disse a Acab: Levanta-te e toma posse da vinha que Nabot de Jezrael não te quis vender, pois Nabot não está mais vivo; ele morreu. Quando Acab soube que Nabot estava morto, levantou-se para descer até a vinha de Nabot de Jezrael e dela tomar posse. As ameaças de Elias. Então a palavra do Senhor foi dirigida ao tesbita Eliasnestestermos: Levanta-te, desce ao encontro de Acab, rei de Israel, que reside em Samaria. Olha, ele está na vinha de Nabot, aonde desceu para dela tomar posse. Fala-lhe neste teor: Assim fala o Senhor: Tu és um assassino e por cima ladrão! E lhe falarás nestes termos: Assim fala o Senhor: No mesmo lugar onde os cães lamberam o sangue de Nabot, lamberão também o teu próprio sangue! Acab respondeu a Elias: Quer dizer que me surpreendeste, meu inimigo? Ele respondeu: Sim, surpreendi! Porque te prestaste para praticar o que desagrada ao Senhor, eisque vou trazer para ti desgraças. Vou varrer-te, exterminando em Israel todas as pessoas do sexo masculino da família de Acab, escravos e livres. Tratarei tua família como as famílias de Jeroboão filho de Nabat, e de Baasa filho de Aías, porque me causaste irritação e seduziste Israel ao pecado. Também a respeito de Jezabel o Senhor falou assim: Os cachorros devorarão a Jezabel na propriedade de Jezrael. Os membros da família de Acab que morrerem na cidade, serão devorados pelos cachorros, e os que morrerem na campanha, serão comidospelasavesdo céu. I Reis 21, 1-23
O décimo Mandamento: não cobiçar as coisas alheias, proíbe o desejo de privar o próximo dos seus bens, e o desejo de adquirir bens por meios injustos.
Deus proíbe-nos o desejo dos bens alheios, porque Ele quer que nós, até interiormente, sejamos justos, e nos conservemos cada vez mais afastados das ações injustas.
O décimo Mandamento ordena-nos que nos contentemos com o estado em que Deus nos colocou, e que soframos com paciência a pobreza, quando Deus nos queira neste estado.
O cristão pode estar contente mesmo na pobreza, considerando que o maior de todos os bens é a consciência pura e tranqüila, que a nossa verdadeira pátria é o céu, e que Jesus Cristo se fez pobre por amor de nós, e prometeu um prêmio especial a todos aqueles que suportam com paciência a pobreza.
Se teu irmão pecar, vai e censura-o pessoalmente. Se ele te ouvir, terás ganho teu irmão. Se não te ouvir, leva contigo uma ou duas pessoas a fim de que toda a questão se resolva pela decisão de duas ou três testemunhas. Se não as ouvir, vai dizê-lo à igreja. E, se não escutar a igreja, seja para ti como um pagão e pecador público. Eu vos garanto: Tudo que ligardes na terra, será ligado no céu; e tudo que desligardes na terra, será desligado no céu. Digo-vos ainda: Se doisde vósse unirem na terra para pedir qualquer coisa, hão de conseguilo do meu Pai que está nos céusl Porque onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, eu estarei ali no meio deles. Mt 18, 15-20 Então os apóstolos e presbíteros, de acordo com toda a Igreja, resolveram escolher alguns homens e enviá-los a Antioquia com Paulo e Barnabé; escolheram Judas, chamado Barsabás, eSilas, homens influentes entre os irmãos. Por seu intermédio enviaram a seguinte carta: Os irmãos, os apóstolos e presbíteros saúdam os irmãos de Antioquia, Síria e Cilícia, convertidos dentre os pagãos. Chegou ao nosso conhecimento que alguns dos nossos vos têm perturbado com palavras, confundindo vossas mentes, sem nenhuma autorização de nossa parte. Por isso resolvemos, de comum acordo, enviar-vos alguns homens escolhidos, em companhia de nossos amadosBarnabé ePaulo, que expuseram suas vidas pelo nome de Nosso Senhor Jesus Cristo. Estamos enviando Judas e Silas para vos comunicar de viva voz as mesmas coisas. Pareceu bem ao Espírito Santo e a nós não vos impor nenhuma outra exigência além das necessárias: que vos abstenhais das carnes imoladas aos ídolos, do sangue, das carnes sufocadas e da prostituição. Procedereis bem evitando estas coisas. Passai bem. Atos 15, 22-29
Além dos Mandamentos da Lei de Deus, somos obrigados a observar os mandamentos ou preceitos da Igreja.
Sem dúvida, somos obrigados a obedecer à Igreja, porque o próprio Jesus Cristo no-lo ordena, e porque os preceitos da Igreja facilitam a observância dos Mandamentos de Deus.
A obrigação de observar os preceitos da Igreja começa geralmente com o uso da razão.
Transgredir com advertência um preceito da Igreja em matéria grave é pecado grave.
De um preceito da Igreja só pode dispensar o Papa ou quem dele receber as competentes faculdades.
Os preceitos da Igreja são cinco:
O primeiro preceito da Igreja: ouvir Missa inteira nos domingos e festas de guarda, manda-nos assistir com devoção à Santa Missa nos domingos e nas outras festas de preceito.
A Missa à qual a Igreja deseja que, sendo possível, se assista nos domingos e nas outras festas de guarda, é a Missa paroquial.
A Igreja recomenda aos fiéis que assistam à Missa paroquial:
Domingo quer dizer dia do Senhor, isto é, dia especialmente consagrado ao serviço de Deus.
No primeiro mandamento da Igreja faz-se menção especial do domingo, porque é ele o principal dia de festa entre os cristãos, como entre os judeus o principal dia de festa era o sábado, por instituição do próprio Deus.
A Igreja instituiu também as festas de Nosso Senhor, da Santíssima Virgem, dos Anjos e dos Santos.
A Igreja instituiu outras festas de Nosso Senhor memória dos seus divinos mistérios.
As festas da Santíssima Virgem, dos Anjos e dos Santos foram instituídas:
Com as palavras do segundo preceito: confessar-se ao menos uma vez cada ano, a Igreja obriga todos os cristãos que chegaram ao uso da razão, a receber, uma vez ao menos em cada ano, o Sacramento da Penitência.
O tempo mais próprio para cumprir o preceito da confissão anual é a Quaresma, segundo o uso introduzido e aprovado ein toda a Igreja.
A Igreja diz ao menos, para dar a conhecer o seu desejo de que nos aproximemos deste Sacramento com mais freqüência.
É muito útil confessar-nos com freqüência, sobretudo porque é difícil que se confesse bem e se conserve isento de pecado mortal, quem se confessa raras vezes.
Quem fizer uma confissão sacrílega, não satisfaz ao segundo preceito da Igreja, porque a intenção da Igreja é que se receba este Sacramento para nossa santificação.
Com as palavras do terceiro preceito: comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição, a Igreja obriga todos os cristãos que chegarem à idade da discrição a receber todos os anos a Santíssima Eucaristia, durante o tempo pascal; e é bom que seja na própria paróquia.
No Brasil, o tempo útil para satisfazer o preceito da Comunhão Pascal vai do dia 2 de fevereiro, festa da Purificação de Nossa Senhora e da Apresentação do Menino Jesus no Templo, até o dia 16 de julho, comemoração de Nossa Senhora do Carmo.
Sim, somos obrigados também a comungar em perigo de morte.
Porque a Igreja deseja vivamente que não somente na Páscoa, mas com muita freqüência, nos aproximemos da Sagrada Comunhão, que é o alimento divino das nossas almas.
Quem fizer uma Comunhão sacrílega não satisfaz ao terceiro preceito da Igreja; porque a intenção da Igreja é que se receba esteSacramento para o fim para que foi instituído, isto é, para nossa santificação.
O quarto preceito da Igreja: jejuar e abster-se de carne quando manda a Santa Madre Igreja, manda-nos que jejuemos e nos abstenhamos de carne na Quarta-Feira de Cinzas e na Sexta-Feira Santa; e que nos abstenhamos de carne em todas as sextas-feiras do ano. Esta abstinência pode ser comutada por outra obra pia, a juízo do Bispo Diocesano.
O jejum consiste em tomar uma só refeição, durante o dia, e em não comer coisas proibidas.
Nos diasde jejum, a Igreja permite uma pequena parva pela manhã, e uma ligeira refeição à noite, ou, então, cerca do meio-dia, quando se deixa para a tarde a refeição maior.
O jejum serve para nos dispor melhor para a oração, para fazer penitência dos pecados cometidos, e para nos preservar de cometer outros novos.
São obrigados a jejuar todos os cristãos, desde os vinte e um anos completos até aos sessenta começados, se não estão dispensados ou escusados por legitimo impedimento. A abstinência começa a obrigar aos catorze anos.
Os que não estão obrigados a jejuar, nem por isso estão dispensados de toda a mortificação, porque todos temos obrigação de fazer penitência.
A Quaresma foi instituída a fim de imitarmos, de algum modo, o rigoroso jejum de quarenta dias que Jesus Cristo observou no deserto, e a fim de nos prepararmos, por meio da penitência, para celebrar santamente a festa da Páscoa.
O jejum do Advento foi instituído para nos dispor a celebrar santamente a festa do Natal
O jejum das Quatro Têmporas foi instituído para consagrar cada uma das quatro estações do ano com a penitência de alguns dias; para pedir a Deus a conservação dos frutos da terra; para Lhe dar graças pelos frutos já concedidos, e para Lhe pedir que dê à sua Igreja santos ministros, que são ordenados nos sábados das Quatro Têmporas.
O jejum das vigílias foi instituído a fim de nos prepararmos para celebrar santamente as festas principais.
Quando a pessoa não está legitimamente dispensada, deve no dia de jejum e abstinência tornar uma só refeição plena, podendo fazer duas outras pequenas, uma pela manhã e outra à tarde, que evite grave dano, como, por exemplo, uma forte dor de cabeça. Nos dias de abstinência, proíbe o uso da carne e do caldo de carne.
A fim de que façamos penitência todas as semanas, e sobretudo à sexta-feira, em honra da Paixão de Jesus Cristo.
Observa-se o quinto preceito: pagar dízimos segundo o costume, pagando aquelas ofertas ou contribuições, que foram estabelecidas, para reconhecer o supremo domínio que Deus tem sobre todas as coisas, e para sustentar os ministros do altar.
Por deveres do próprio estado entendem-se aquelas obrigações particulares que cada um tem por causa do seu estado, da sua condição e da situação em que se acha.
Foi o mesmo Deus que impôs aos diversos estados os deveres particulares, porque estes derivam dos seus divinos Mandamentos.
Mandamentos No quarto Mandamento, sob o nome de pai e mãe, entendem-se também todos osnossos superiores; assim deste Mandamento derivam todos os deveres de obediência, de amor e de respeito dos inferiores para com os seus superiores e todososdeveresde vigilância que têm os superiores sobre os seus inferiores.
Os deveres de fidelidade, de sinceridade, de justiça, de eqüidade, que eles têm, derivam do sétimo, do oitavo e do décimo Mandamento, que proíbem toda a fraude, injustiça, negligência e duplicidade.
Os deveres das pessoas consagradas a Deus derivam do segundo Mandamento, que manda cumprir os votos e as promessas feitas a Deus; visto como essas pessoas se obrigaram por esta forma à observância de todos ou de alguns conselhos evangélicos.
Os conselhos evangélicos são alguns meios sugeridos por Jesus Cristo no santo Evangelho, para chegar à perfeição cristã.
Os conselhos evangélicos são: pobreza voluntária, castidade perpétua e obediência inteira, ein tudo o que não seja pecado.
Os conselhos evangélicos servem para facilitar a observância dos Mandamentos e para assegurar melhor a salvação eterna.
Os conselhos evangélicos facilitam a observância dos Mandamentos, porque nos ajudam a desapegar o coração do amor dos bens terrenos, dos prazeres e das honras, e assim nos afastam do pecado.
A quarta parte da Doutrina Cristã trata dos Sacramentos.
Pela palavra Sacramento entende-se um sinal sensível e eficaz da graça, instituído por Jesus Cristo, para santificar as nossas almas.
Chamo aos Sacramentos sinais sensíveis e eficazes da graça, porque todos os Sacramentos significam, por meio de coisas sensíveis, a graça divina que eles produzem na nossa alma.
No Batismo, o ato de derramar a água sobre cabeça da pessoa, e aspalavras: Eu te batizo, isto é, eu te lavo, em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo, são um sinal sensível do que o Batismo opera na alma; porque assim como a água lava o corpo, assim a graça, dada pelo Batismo, purifica a alma, do pecado.
Os Sacramentos são sete, a saber: Batismo, Confirmação, Eucaristia, Penitência, Extrema-Unção, Ordem e Matrimônio.
Para fazer um Sacramento requerem-se a matéria, a forma, e o ministro, que tenha intenção de fazer o que faz a Igreja.
A matéria dosSacramentos é a coisa sensível que se emprega para os fazer; como, por exemplo, a água natural no Batismo, o óleo e o bálsamo na Confirmação.
A forma dos Sacramentos são as palavras que se proferem para os fazer.
O ministro dos Sacramentos é a pessoa que faz ou confere os Sacramentos.
A graça de Deus é um dom interior, sobrenatural, que nos é dado sem merecimento algum da nossa parte, mas pelos merecimentos de Jesus Cristo, ein ordem à vida eterna.
Divide-se a graça em: graça santificante, que se chama também habitual; e graça atual.
A graça santificante é um dom sobrenatural, inerente à nossa alma, que nos faz justos, filhos adotivos de Deus e herdeiros do Paraíso.
Há duas espécies de graça santificante: graça primeira, e graça segunda.
A graça primeira é aquela pela qual o homem passa do estado de pecado rnortal ao estado de justiça, de amizade com Deus.
A graça segunda é um aumento da graça primeira.
A graça atual é um dom sobrenatural que ilumina nossa inteligência, move e fortalece a nossa vontade, a fim de que pratiquemos o bem e evitemos o mal.
Sim, podemos resistir à graça de Deus, porque ela não destroi o nosso livre arbítrio.
Sem o auxílio da graça de Deus, só com as nossas forças, não podemos fazer nada que nos seja útil para a vida eterna.
Deus nos comunica a graça principalmente por meio dos santos Sacramentos.
Os Sacramentos, além da graça santificante, conferem também a graça sacramental.
A graça sacramental consiste no direito que se adquire, recebendo qualquer Sacramento, de ter ein tempo oportuno as graças atuais necessárias, para cumprir as obrigações que derivam do Sacramento recebido. Assim, quando fomos batizados, recebemos o direi to a ter as graças necessárias as para vi vermos cristãmente.
Os Sacramentos dão sempre a graça, contanto que se recebam com as disposições necessárias.
Foi Jesus Cristo que, por sua Paixão e Morte, deu aos Sacramentos a virtude de conferir a graça.
Os Sacramentos que conferem a primeira graça santificante, que nos faz amigos de Deus, são dois: Batismo e Penitência.
Estes doisSacramentos, isto é, o Batismo e a Penitência, chamam-se por este motivo Sacramentos de mortos, porque são instituídos principalmente para restituir a vida da graça às almas mortas pelo pecado.
Os Sacramentos que aumentam a graça em quem a possui, são os outros cinco, isto é, a Confirmação, a Eucaristia, a Extrema-Unção, a Ordem e o Matrimônio, os quais conferem a graça segunda.
Estes cinco Sacramentos, isto é, a Confirmação, a Eucaristia, a Extrema-Unção, a Ordem e o Matrimônio, chamam-se Sacramentos de vivos, porque aqueles que os recebem, devem estar isentos de pecado mortal, quer dizer, já vivos pela graça santificante.
Quem recebe um Sacramento de vivos, sabendo que não está em estado de graça, comete um grave sacrilégio.
Os Sacramentos mais necessários para nossa salvação, são dois: o Batismo e a Penitência; o Batismo é necessário absolutamente para todos, e a Penitência é necessária para todos aqueles que pecaram mortalmente depois do Batismo.
O maior de todos os Sacramentos é o Sacramento da Eucaristia, porque contém não só a graça, mas também ao mesmo Jesus Cristo, autor da graça e dos Sacramentos.
Os Sacramentosque se podem receber uma só vez, são três: Batismo, Confirmação e Ordem.
Os três Sacramentos, Batismo, Confirmação e Ordem, podem-se receber uma só vez, porque imprimem caráter.
O caráter impresso na alma em cada um destes três Sacramentos, é um sinal espiritual que nunca se apaga.
O caráter que estes três Sacramentos imprimem na alma, serve para nos distinguir, no Batismo como membros de Jesus Cristo, na Confirmação como seus soldados, na Ordem como seus ministros.
O Batismo é o Sacramento pelo qual renascemos para a graça de Deus, e nos tornamos cristãos.
O Sacramento do Batismo confere a primeira graça santificante, que apaga o pecado original e também o atual, se o há; perdoa toda a pena por eles devida; imprime o caráter de cristão; faz-nos filhos de Deus, membros da Igreja e herdeiros do Paraíso, e torna-nos capazes de receber os outros Sacramentos.
A matéria do Batismo é a água natural, que se derrama sobre a cabeça do que é batizado, de maneira que escorra.
A forma do Batismo é esta: Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo.
Batizar compete por direito aosBispose aospárocos; mas, em caso de necessidade, qualquer pessoa pode batizar, seja homem ou seja mulher, e até um herege ou um infiel, contanto que realize o rito do Batismo e tenha intenção de fazer o que faz a Igreja.
Se houver necessidade de batizar alguém em perigo de morte, e estiverem muitas pessoas presentes, deverá batizá-lo o Sacerdote, se lá estiver; na sua falta, um eclesiástico de ordem inferior, e na falta deste, o leigo homem de preferência à mulher, a não ser que a perícia maior da mulher ou a decência exijam o contrário.
Quem batiza deve ter a intenção de fazer o que faz a Santa Igreja ao batizar.
Batiza-se derramando água sobre a cabeça do batizando, ou, não podendo ser sobre a cabeça, sobre qualquer outra parte principal do corpo, e dizendo ao mesmo tempo: Eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo.
Se alguém derramasse a água, e outro proferisse as palavras, a pessoa não ficaria batizada; é necessário que seja a mesma pessoa que derrame a água e pronuncie as palavras.
Quando se duvida se a pessoa está morta, deve-se batizá-la sob condição, dizendo: Se estás vivo, eu te batizo em nome do Padre e do Filho e do Espírito Santo.
As crianças devem ser levadas à Igreja para serem batizadas, o mais cedo possível.
Deve-se ter suma solicitude em levar a batizar as crianças, porque elas pela sua tenra idade estão expostas a muitos perigos de morrer, e não podem salvar-se sem o Batismo.
Sim, os pais e as mães, que pela sua negligência deixam morrer os filhos sem Batismo, pecam gravemente, porque os privam da vida eterna; e pecam também gravemente, demorando muito tempo o Batismo, porque os expõem ao perigo de morrer sem o terem recebido.
O adulto que se batiza deve ter, além da fé, a dor, pelo menos imperfeita, dos pecados mortais que tivesse cometido.
Se um adulto se batizasse em pecado mortal, sem esta dor, receberia o caráter do Batismo, mas não a remissão dos pecados, nem a graça santificante; e estes efeitos ficariam suspensos, enquanto não fosse removido o impedimento pela dor perfeita dos pecados ou pelo Sacramento da Penitência.
O Batismo é absolutamente necessário para a salvação, porque o Senhor disse expressamente: Quem não renascer na água e no Espírito Santo, não poderá entrar no reino dos céus.
A falta do Batismo pode supri-la o martírio, que se chama Batismo de sangue, ou um ato de amor perfeito de Deus, ou de contrição, junto com o desejo, ao menos implícito, do Batismo, e este ato chama-se Batismo de desejo.
Quem recebe o Batismo, fica obrigado a professar sempre a fé e a observar a lei de Jesus Cristo e da sua Igreja.
Ao receber o santo Batismo renuncia-se para sempre ao demônio, às suas obras e às suas pompas.
Por obras e pompas do demônio, entendem-se os pecados e as máximas do mundo, contrárias às máximas do Santo Evangelho.
Ao que se batiza, impõe-se o nome de um Santo, para o pôr sob a especial proteção de um padroeiro celeste, e para o animar a imitar-lhe os exemplos.
Ospadrinhose asmadrinhasdo Batismo são aquelaspessoasque por disposição da Igreja seguram as crianças junto à pia batismal, respondem por elas, e ficam responsáveis, diante de Deus, pela educação cristã das mesmas, especialmente se vierem a faltar os pais.
Sim, somos obrigados, sem dúvida, a cumprir as promessas e renúncias que por nós fizeram os nossos padrinhos, porque Deus, só mediante estas condições, nos recebeu na sua graça.
Devem escolher-se para padrinhos e madrinhas pessoas católicas e de bons costumes, e observantes das leis da Igreja.
Os padrinhos e as madrinhas são obrigados a cuidar que os seus filhos espirituais sejam instruídos nas verdades da fé, e vivam como bons cristãos, edificando-os com o bom exemplo.
Os padrinhos contraem um parentesco espiritual com o batizado, e este parentesco origina impedimento de matrimônio com o mesmo.
A Confirmação, ou Crisma, é um Sacramento que nos dá o Espírito Santo, imprime na nossa alma o caráter de soldados de Cristo, e nos faz perfeitos cristãos.
A Confirmação faz-nosperfeitos cristãos, confirmando-nosna fé, e aperfeiçoando em nós as outras virtudes e os dons recebidos no santo Batismo; e é por isso que se chama Confirmação.
Os dons do Espírito Santo, que se recebem na Confirmação, são sete:
A matéria deste Sacramento, além da imposição das mãos do Bispo, é a unção feita na fronte da pessoa batizada, com o santo Crisma; por isso, este Sacramento se chama também Crisma, que significa Unção.
O santo Crisma é óleo de oliveira misturado com bálsamo, e consagrado pelo Bispo na Quinta-Feira Santa.
Neste Sacramento, o óleo, que se derrama e fortalece, significa a abundância da graça que se difunde na alma do cristão para o confirmar na fé; e o bálsamo, que é aromático e preserva da corrupção, significa que o cristão fortificado por esta graça é capaz de difundir o bom aroma das virtudes cristãs, e de preservar-se da corrupção dos vícios.
A forma atual do Sacramento da Confirmação é esta: Recebe o sinal do dom do Espírito Santo, que substituiu a antiga: Eu te assinalo com o sinal da Cruz, e te confirmo com o Crisma da salvação, em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Assim seja.
O ministro ordinário do Sacramento da Confirmação e só o Bispo.
O Bispo, para administrar o Sacramento da Confirmação, primeiro estende as mãos sobre os que estão para se crismar, invocando sobre eleso Espírito Santo; em seguida faz uma unção em forma de cruz com o santo Crisma na fronte de cada um, dizendo aspalavrasda forma; depois, com a mão direita, dá uma leve bofetada na face do crismado, dizendo: A paz seja contigo; e no fim abençoa solenemente todos os crismados.
Faz-se a unção na fronte, onde aparecem os sinais do temor e da vergonha, a fim de que o crismado entenda que não deve envergonhar-se do nome e da profissão de cristão, nem ter medo dos inimigos da fé.
Dá-se uma leve bofetada na face do crismado para que saiba que deve estar pronto a sofrer todas as afrontas e todas as penas pela fé e amor de Jesus Cristo.
Sim, todos devem procurar receber o Sacramento da Confirmação e fazer que os seus subordinados o recebam.
A idade em que é conveniente receber o Sacramento da Confirmação é a de sete anos, pouco mais ou menos, porque então costumam começar as tentações e já se pode conhecer bastante a graça deste Sacramento, e conservar-se a lembrança de tê-lo recebido.
Para receber dignamente o Sacramento da Confirmação é necessário estar em estado de graça, saber os mistérios principais da nossa santa Fé, e aproximar-se deste Sacramento com reverência e devoção.
Cometeria um sacrilégio, porque a Confirmação é um daqueles Sacramentos que imprimem caráter na alma e que portanto só se podem receber uma vez.
Para conservar a graça da Confirmação, o cristão deve orar freqüentemente, fazer boas obras, e viver segundo a lei de Jesus Cristo, sem respeito humano.
Para que estes, com as palavrase com osexemplos, orientem o crismado no caminho da salvação e o auxiliem nos combates espirituais.
O padrinho deve ser de idade conveniente, católico, crismado, instruído nas coisas mais necessárias da religião e de bons costumes; e deve ser do mesmo sexo que o crismado.
Sim, o padrinho de Crisma contrai parentesco espiritual com o crismado; mas este parentesco não é impedimento para o matrimônio.
A Eucaristia é um Sacramento que, pela admirável conversão de toda a substância do pão no Corpo de JesusCristo, e de toda a substância do vinho no seu precioso Sangue, contém verdadeira, real e substancialmente o Corpo, Sangue, Alma e Divindade do mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, debaixo das espécies de pão e de vinho, para ser nosso alimento, espiritual.
Sim, na Eucaristia está verdadeiramente o mesmo Jesus Cristo que está no Céu e que nasceu, na terra, da Santíssima Virgem Maria.
Eu acredito que no Sacramento da Eucaristia está verdadeiramente presente Jesus Cristo, porque Ele mesmo o disse, e assim no-lo ensina a Santa Igreja.
A matéria do Sacramento da Eucaristia é a que foi empregada por Jesus Cristo. a saber: o pão de trigo e o vinho de uva.
A forma do Sacramento da Eucaristia são as palavras usadas por Jesus Cristo: Isto é o meu Corpo: este é o meu Sangue.
A hóstia antes da consagração é pão de trigo.
Depois da consagração, a hóstia é o verdadeiro Corpo de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espécies de pão.
No cálice, antes da consagração, está vinho com algumas gotas de água.
Depois da consagração, há no cálice o verdadeiro Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, debaixo das espécies de vinho.
A conversão do pão no Corpo, e do vinho no Sangue de JesusCristo, faz-se precisamente no ato em que o sacerdote, na santa Missa, pronuncia as palavras da consagração.
A consagração é a renovação, por meio do sacerdote, do milagre operado por Jesus Cristo na última Ceia, quando mudou o pão e o vinho no seu Corpo e no seu Sangue adorável, por estas palavras: Isto é o meu Corpo; este é o meu Sangue.
A miraculosa conversão, que todos os dias se opera sobre os nossos altares. é chamada pela Igreja transubstanciação.
Foi o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor, Deus onipotente, que deu tanta virtude às palavras da consagração.
Depois da consagração ficam só as espécies do pão e do vinho.
Dizem-se espécies a quantidade e as qualidades sensíveis do pão e do vinho, como a figura, a cor, o sabor.
As espécies do pão e do vinho ficam maravilhosamente sem a sua substância por virtude de Deus Onipotente.
Tanto debaixo dasespéciesde pão, corno debaixo dasespéciesde vinho, está Jesus Cristo vivo e todo inteiro com seu Corpo, Sangue. Alma e Divindade.
Tanto na hóstia como no cálice está Jesus Cristo todo inteiro, porque Ele está na Eucaristia vivo e imortal como no céu; por isso onde está o seu Corpo, está também o seu Sangue, sua Alma e sua Divindade; e onde está seu Sangue está também seu Corpo, sua Alma e sua Divindade, pois tudo isto é inseparável em Jesus Cristo.
Quando Jesus está na hóstia, não deixa de estar no Céu, mas encontra-se ao mesmo tempo no Céu e no Santíssimo Sacramento.
Sim, Jesus está presente ein todas as hóstias consagradas.
Jesus Cristo está em todas as hóstias consagradas, por efeito da onipotência de Deus, a quem nada é impossível.
Quando se parte a hóstia, não se parte o Corpo de Jesus Cristo, mas partem-se somente as espécies do pão.
O Corpo de Jesus Cristo fica inteiro em todas e em cada uma das partes em que a hóstia foi dividida.
Tanto numa hóstia grande, como na partícula de uma hóstia, está sempre o mesmo Jesus Cristo.
Conserva-se nas igrejas a Santíssima Eucaristia, a fim de ser adorada pelos fiéis, e levada aos enfermos, quando for necessário.
A Eucaristia deve ser adorada por todos, porque Ela contém verdadeira, real e substancialmente o mesmo Jesus Cristo Nosso Senhor.
Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Eucaristia na última ceia que celebrou com seus discípulos, na noite que precedeu sua Paixão.
a Santíssima Eucaristia, por três razões principais:
Jesus Cristo instituiu este Sacramento debaixo das espécies de pão e de vinho, porque a Eucaristia devia ser nosso alimento espiritual, e era por isso conveniente que nos fosse dada em forma de comida e de bebida.
Os principais efeitos que a Santíssima Eucaristia produz em quem a recebe dignamente são estes:
Sim. A Santíssima Eucaristia produz em nós outros três efeitos, a saber:
O Sacramento da Eucaristia produz em nós os seus maravilhosos efeitos, quando o recebemos com as devidas disposições.
Para fazer uma comunhão bem feita, são necessárias três coisas:
Estar em estado de graça quer dizer: ter a consciência limpa de todo o pecado mortal.
Quem sabe que está em pecado mortal, deve fazer uma boa confissão antes de comungar; porque para quem está em pecado mortal, não basta o ato de contrição perfeita, sem a confissão, para fazer uma comunhão bem feita,
Porque a Igreja ordenou, em sinal de respeito a este Sacramento, que quem é culpado de pecado mortal, não ouse receber a Comunhão, sem primeiro se confessar.
Quem comungasse em pecado mortal, receberia a JesusCristo, mas não a sua graça; pelo contrário, cometeria sacrilégio e incorreria na sentença de condenação.
O jejum eucarístico consiste em abster-se de qualquer espécie de comida ou bebida, exceto a água natural, que, na atual disciplina eucarística, não quebra o jejum.
Quem engoliu restos de comida presos aos dentes, pode comungar, porque já não são tomados como alimentos ou perderam tal condição.
Comungar sem estar em jejum é permitido aos doentes que estão em perigo de morte, e aos que obti prolongada. A comunhão feita pelos doentes em perigo de morte chama-se Viático, porque os sustenta na viagem que eles fazem desta vida à eternidade.
Saber o que se vai receber quer dizer: conhecer o que ensina com respeito a este Sacramento a Doutrina Cristã e acreditá-lo firmemente.
Comungar com devoção quer dizer: aproximar-se da sagrada Comunhão com humildade e modéstia, tanto na própria pessoa como no vestir, e fazer a preparação antes e a ação de graças depois da Comunhão.
A preparação antes da Comunhão consiste em nos entretermos algum tempo a considerar quem é Aquele que vamos receber e quem somosnós; e em fazer atosde fé, de esperança, de caridade, de contrição, de adoração, de humildade e de desejo de receber a Jesus Cristo.
A ação de graças depois da Comunhão consiste em nos conservarmos recolhidos a honrar a presença do Senhor dentro de nósmesmos, renovando os atosde fé, de esperança, de caridade, de adoração, de agradecimento, de oferecimento e de súplica, pedindo sobretudo aquelas graças que são mais necessárias para nós e para aqueles por quem somos obrigados a orar. sobretudo licença especial em razão de moléstia
No dia da Comunhão deve-se manter, o mais possível, o recolhimento, ocupar-se em obras de piedade, bem como cumprir com grande esmero os deveres de estado.
Depois da sagrada Comunhão, Jesus Cristo permanece em nós com a sua graça enquanto se não peca mortalmente; e com a sua presença real permanece em nós enquanto se não consomem as espécies sacramentais.
No ato de receber a sagrada Comunhão devemos estar de joelhos, com a cabeça medianamente levantada, com os olhos modestos e voltados para a sagrada Hóstia, com a boca suficientemente aberta e com a língua um pouco estendida sobre o lábio inferior. Senhoras e meninas devem estar com a cabeça coberta.
A toalha ou a patena da Comunhão deve-se segurar de maneira que recolha a sagrada Hóstia, caso ela viesse a cair.
Devemos procurar engolir a sagrada Hóstia o mais depressa possível, e convém abster-nos de cuspir algum tempo.
Se a sagrada Hóstia se pegar ao céu da boca, é preciso despegá-la com a língua, nunca porém com os dedos.
Há obrigação de comungar todos os anos pelei Páscoa, na própria paróquia, e além disso em perigo de morte.
O preceito da Comunhão pascal começa a obrigar na idade em que a criança é capaz de recebê-la com as devidas disposições.
Aqueles que, tendo a idade capaz para serem admitidos à Comunhão, não comungam, ou porque não querem, ou porque não estão instruídos por sua culpa, pecam sem dúvida. Pecam outrossim os seus pais, ou quem lhes faz as vezes, se o adiamento da Comunhão se dá por sua culpa, e hão de dar por isso severas contas a Deus.
É coisa ótima comungar freqüentemente e até todos os dias, contanto que se faça com as devidas disposições.
Pode-se comungar tão freqüentemente quanto o permita o conselho de um confessor piedoso e douto.
A Eucaristia não é somente um Sacramento; é também o sacrifício permanente da Nova Lei, que Jesus Cristo deixou à Igreja, para ser oferecido a Deus pelas mãos dos seus sacerdotes.
O sacrifício, em geral, consiste em oferecer a Deus uma coisa sensível, e destruí-la de alguma maneira, para reconhecer o supremo domínio que Ele tem sobre nós e sobre todas as coisas.
Este sacrifício da Nova Lei chama-se a santa Missa.
A santa Missa é o sacrifício do Corpo e do Sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, ein memória do sacrifício da Cruz.
O Sacrifício da Missa é substancialmente o mesmo que o da Cruz, porque o mesmo Jesus Cristo, que se ofereceu sobre a Cruz, é que se oferece pelas mãos dos sacerdotes seus ministros, sobre os nossos altares, mas quanto ao modo por que é oferecido, o sacrifício da Missa difere do sacrifício da Cruz, conservando todavia a relação mais íntima e essencial com ele.
Entre o Sacrifício da Missa e o sacrifício da Cruz há esta diferença e esta relação: que Jesus Cristo sobre se ofereceu derramando o seu sangue e merecendo para nós; ao passo que sobre os altares Ele se sacrifica sem derramamento de sangue, e nos aplica os frutos da sua Paixão e Morte.
Outra relação do Sacrifício da Missa com o da Cruz é que o Sacrifício da Missa representa de modo sensível o derramamento do Sangue de Jesus Cristo na Cruz; porque em virtude das palavras da consagração só o Corpo de nosso Salvador se torna presente debaixo das espécies de pão, e debaixo das espécies de vinho, só o seu Sangue; entretanto, pela concomitância natural e pela união hipostática, está presente, debaixo de cada uma das espécies, Jesus Cristo todo inteiro, vivo e verdadeiro.
O Sacrifício da Cruz é o único sacrifício da Nova Lei, porquanto por ele Nosso Senhor aplacou a Justiça Divina, adquiriu todos os merecimentos necessários para nos salvar, e assim consumou da sua parte a nossa redenção. São estes merecimentos que Ele nos aplica pelos meios que instituiu na sua Igreja, entre os quais está o Santo Sacrifício da Missa.
Oferece-se a Deus o Santo Sacrifício da Missa para quatro fins:
O primeiro e principal oferente do Santo Sacrifício da Missa é Jesus Cristo, e o sacerdote é o ministro que em nome de Jesus Cristo oferece este sacrifício ao Eterno Padre.
Foi o próprio Jesus Cristo que instituiu o Santo Sacrifício da Missa, quando instituiu o Sacramento da Eucaristia, e disse que fosse ele feito em memória da sua Paixão.
O Santo Sacrifício da Missa oferece-se só a Deus.
A missa celebrada em honra da Santíssima Virgem e dos Santos é sempre um sacrifício oferecido só a Deus; diz-se, porém, celebrada em honra da Santíssima Virgem e dos Santos, para louvar a Deus neles pelos dons que lhes concedeu, e para alcançar, pela intercessão deles, em maior abundância, as graças de que necessitamos.
Toda a Igreja participa dos frutos da Missa, mas particularmente:
Para ouvir bem e com fruto a santa Missa são necessárias duas coisas:
A modéstia exterior consiste particularmente em estar modestamente vestido, em observar o silêncio e o recolhimento, e em estar, quanto possível, de joelhos, excetuando o tempo dos dois evangelhos, que se ouvem estando de pé.
O melhor modo de praticar a devoção interior ao ouvir a santa Missa é o seguinte:
A Comunhão espiritual é um grande desejo de se unir sacramentalmente a Jesus Cristo, dizendo por exemplo: Meu Senhor JesusCristo, eu desejo de todo o meu coração unir-me a Vós agora e por toda a eternidade ; e fazendo os mesmos atos que se fazem antes e depois da Comunhão sacramental.
A recitação destas orações não impede ouvir com fruto a Missa, desde que haja um esforço possível de seguir as cerimônias do Santo Sacrifício.
É coisa boa rezar também pelos outros, quando se assiste à santa Missa; e até o tempo da santa Missa é o mais oportuno para rezar pelos vivos e pelos mortos.
Terminada a Missa, devemos dar graças a Deus por nos ter concedido a graça de assistir a este grande sacrifício e pedir-Lhe perdão das faltas cometidas enquanto a assistíamos.
A Penitência, chamada também Confissão, é o Sacramento instituído por Jesus Cristo para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo.
Dá-se a este Sacramento o nome de Penitência, porque, para obter o perdão dos pecados, é necessário detestá-los com arrependimento e porque quem cometeu uma falta deve sujeitar-se à pena que o Sacerdote impõe.
Chama-se este Sacramento também Confissão, porque, para alcançar o perdão dos pecados, não basta i detestá-los, mas é necessário acusar-se deles ao Sacerdote, isto é, confessá-los.
Jesus Cristo instituiu o Sacramento da Penitência no dia da sua Ressurreição, quando, depois de entrar no cenáculo, deu solenemente aos seus Apóstolos o poder de perdoar os pecados.
JesusCristo deu aos seusApóstoloso poder de perdoar ospecados, soprando sobre eles, e dizendo: Recebei o Espírito Santo: àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados, e àqueles a quem os retiverdes ser-lhes-ão retidos.
Distingue-se a matéria do Sacramento da Penitência em remota e próxima. A remota é constituída pelos pecados cometidos pelo penitente depois do Batismo, e a matéria próxima são os atos do próprio penitente, isto é, a contrição, a acusação e a satisfação.
A forma do Sacramento da Penitência é esta: Eu te absolvo dos teus pecados.
O ministro do Sacramento da Penitência é o Sacerdote aprovado pelo Bispo para ouvir confissões.
O Sacerdote deve ser aprovado pelo Bispo para ouvir confissões, porque, para administrar validamente este Sacramento, não basta o poder da Ordem, mas é necessário também o poder de jurisdição, isto é, a faculdade de julgar, que deve ser dada pelo Bispo.
As partes do Sacramento da Penitência são: a contrição, a confissão e a satisfação da parte do pecador, a absolvição da parte do sacerdote.
A contrição ou a dor dospecados é um desgosto da alma, pelo qual se detestam os pecados cometidos, e se propõe não os tornar a cometer no futuro.
A palavra contrição quer dizer fratura ou despedaçamento, como quando uma pedra é esmagada e reduzida a pó.
Dá-se o nome de contrição à dor dos pecados, para significar que o coração duro do pecador em certo modo se despedaça pela dor de ter ofendido a Deus.
A confissão consiste na acusação distinta dos nossos pecados ao confessor, para dele recebermos a absolvição e a penitência.
Chama-se a confissão acusação, porque não deve ser uma narração indiferente, mas sim uma verdadeira e dolorosa manifestação dos próprios pecados.
A satisfação ou penitência é a oração ou outra boa obra, que o confessor impõe ao pecador em expiação dos seus pecados.
A absolvição é a sentença que o Sacerdote pronuncia em nome de Jesus Cristo, para perdoar os pecados ao pecador.
Das partes do Sacramento da Penitência, a mais necessária é a contrição, porque sem ela nunca se pode obter o perdão dos pecados, e com ela só, quando é perfeita, pode obter-se o perdão, contanto que esteja unida com o desejo, ao menos implícito, de confessar-se.
O Sacramento da Penitência confere a graça santificante, com a qual são perdoados os pecados mortais e também os veniais que se confessaram e de que haja arrependimento; comuta a pena eterna em temporal, da qual também é perdoada uma parte maior ou menor, conforme as disposições do penitente; faz reviver o mereci. mento das boas obras feitas antes de se cometer o pecado mortal; dá à alma auxílios oportunos para não recair no pecado e restitui a paz à consciência.
O Sacramento da Penitência é necessário, para se salvarem, a todos aqueles que, depois do Batismo, cometeram algum pecado mortal.
Confessar-se com freqüência é coisa ótima, porque o Sacramento da Penitência, além de apagar os pecados, dá as graças necessárias para evitá-los no futuro.
Sim, o Sacramento da Penitência tem virtude de perdoar todos os pecados, por muitos e grandes que sejam, contanto que se receba com as devidas disposições.
Para fazer uma boa confissão, são necessárias cinco coisas:
Para bem nos confessarmos devemos, antes de tudo, pedir de todo o coração ao Senhor que nos dê luz para conhecer todos os nossos pecados e força para os detestar.
O exame de consciência é uma diligente investigação dos pecados que se cometeram, desde a última confissão bem feita.
Faz-se o exame de consciência trazendo diligentemente à memória, na presença de Deus, todos os pecados ainda não confessados, cometidos por pensamentos, palavras, obras e omissões contra os Mandamentos de Deus e da Igreja, e contra as obrigações do próprio estado.
Devemos examinar-nos também sobre os maus hábitos e sobre as ocasiões de pecado.
No exame devemos investigar também o número dos pecados mortais.
Para que um pecado seja mortal são necessárias três coisas: matéria grave, plena advertência e consentimento perfeito da vontade.
Há matéria grave, quando se trata de uma coisa notavelmente contrária à Lei de Deus e da Igreja.
Há plena advertência no pecado, quando se conhece perfeitamente que se faz um mal grave.
Ha. no pecado, o consentimento perfeito da vontade, quando se quer fazer deliberadamente uma coisa, embora se reconheça que é culpável.
No exame de consciência deve usar-se aquela diligência que se usaria em um negócio de grande importância.
Deve empregar-se no exame de consciência mais ou menos tempo, conforme a necessidade, isto é, conforme o número e a qualidade dos pecados que sobrecarregam a consciência, e conforme o tempo decorrido desde a última confissão bem feita.
Facilita-se o exame para a confissão, fazendo todasasnoiteso exame de consciência sobre as ações do dia.
A dor dos pecados consiste num desgosto e numa detestação sincera da ofensa feita a Deus.
A dor é de duas espécies: perfeita ou de contrição; imperfeita ou de atrição.
A dor perfeita é o desgosto de ter ofendido a Deus, porque Deus é infinitamente bom e digno, por Si mesmo, de ser amado sobre todas as coisas.
Chama-se perfeita a dor de contrição por duas razões:
A dor perfeita não nos alcança o perdão dos pecados independentemente da confissão, porque sempre inclui a vontade de se confessar.
A dor perfeita, ou contrição, produz este efeito, porque procede da caridade, que não pode encontrar-se na alma juntamente com o pecado mortal.
A dor imperfeita ou de atrição é aquela pela qual nos arrependemosde ter ofendido a Deus como nosso supremo Juiz, isto é, por temor dos castigos que merecemos e nos esperam nesta ou na outra vida, ou pela própria fealdade do pecado.
A dor, para ser boa, deve ter quatro condições: deve ser interna, sobrenatural, suma e universal.
Quer dizer que deve estar no coração e na vontade, e não só nas palavras.
A dor deve ser interna, porque a vontade, que se afastou de Deus com o pecado, deve voltar para Deus, detestando o pecado cometido.
Quer dizer que deve ser excitada em nós pela graça do Senhor, e a devemos conceber levados por motivos que procedem da fé.
A dor deve ser sobrenatural, porque é sobrenatural o fim a que se dirige, isto é, o perdão de Deus, a aquisição da graça santificante e o direito à glória eterna.
Quem se arrepende por ter ofendido a Deus infinitamente bom e digno por Si mesmo de ser amado, por ter perdido o Paraíso e merecido o inferno, ou então pela malícia intrínseca do pecado, tem dor sobrenatural, porque estes são os motivos fornecidos pela fé. Quem, ao contrário, se arrependesse só pela desonra ou castigo que lhe vem dos homens, ou por algum prejuízo puramente temporal, teria dor natural, porque se arrependeria só por motivos humanos.
A dor deve ser suma, porque devemos considerar e odiar o pecado como o maior de todos os males, visto ser ofensa de Deus, sumo Bem.
Não. Não é necessário que materialmente se chore pela dor dospecados; masbasta que no íntimo do coração se deplore mais o ter ofendido a Deus, do que qualquer outra desgraça.
Quer dizer que se deve estender a todos os pecados mortais cometidos.
Porque quem se não arrepende, ainda que seja de um só pecado mortal, continua sendo inimigo de Deus.
Para ter dor dos nossos pecados, devemos pedi-la de todo o coração a Deus e excitá-la ein tios com a consideração do grande mal que fizemos, pecando.
Para me excitar a detestar os pecados considerarei:
Sim, quando nos vamos confessar, devemos ter muito empenho em ter verdadeira dor dosnossospecados, porque esta é a coisa mais importante de todas; e, se falta a dor, a confissão não é válida.
Quem se confessa só de pecados veniais, para se confessar validamente, basta que se arrependa de algum deles; mas, para alcançar o perdão de todos, é necessário que se arrependa de todos os que reconhece ter cometido.
Quem se confessa só de pecados veniais, e não está arrependido nem sequer de um só, faz uma confissão nula; a confissão além disso é sacrílega, se adverte que lhe falta a dor.
Para tornar mais segura a confissão só de pecados veniais, é prudente acusar, com verdadeira dor, também algum pecado mais grave da vida passada, ainda que já confessado outras vezes.
É coisa boa e muito útil fazer, com freqüência, o ato de contrição, principalmente antes de se deitar, e quando se tem certeza ou se duvida de ter caído em pecado mortal, para recuperar mais depressa a graça de Deus; é útil, sobretudo, para alcançar mais facilmente de Deus a graça de fazer semelhante ato na ocasião de maior necessidade, isto é, em perigo de morte.
O propósito consiste em uma vontade determinada de nunca mais cometer o pecado, e de empregar todos os meios necessários para o evitar.
Para ser um bom propósito, esta resolução deve ter principalmente três condições: deve ser absoluta, universal e eficaz.
Quer dizer que o propósito deve ser sem condição alguma de tempo, de lugar ou de pessoa.
O bom propósito deve ser universal, quer dizer que devemos ter a vontade de evitar todos os pecados mortais, tanto os que já tenhamos cometido no passado, como os que poderíamos cometer ainda.
O bom propósito deve ser eficaz, quer dizer que é necessário termos uma vontade decidida de perder todas as coisas antes que cometer um novo pecado, de fugir das ocasiões perigosas de pecar, de destruir os maus hábitos, e de satisfazer a todas as obrigações lícitas contraídas em conseqüência dos nossos pecados.
Por mau hábito entende-se a disposição adquirida para cair com facilidade naqueles pecados aos quais nos acostumamos.
Para corrigir osmaushábitos, devemos vigiar sobre nós mesmos, fazer muita oração, confessar-nos com freqüência, ter um bom diretor sem mudá-lo, e pôr em prática os conselhos e os remédios que ele nos propõe.
Por ocasiões perigosas de pecar entendem-se todas aquelas circunstâncias de tempo, de lugar, de pessoas ou de coisas, que, pela sua própria natureza, ou pela nossa fragilidade, nos induzem a cometer o pecado.
Somos gravemente obrigados a evitar as ocasiões perigosas que de ordinário nos levam a cometer o pecado mortal, e que se chamam ocasiões próximas de pecado.
Quem não pode evitar alguma ocasião de pecado diga-o ao confessor, e siga os conselhos dele.
Para fazer o propósito auxiliam-nosasmesmas considerações que servem para excitar a dor, isto é, a consideração dos motivos que temos para temer a justiça de Deus, e para amar a sua infinita bondade.
Depois de me ter disposto bem com o exame, com a dor e com o propósito, irei fazer ao confessor a acusação dos meus pecados, para receber a absolvição.
Somos obrigados a confessar-nos de todos os pecados mortais; é bom, porém, confessar também os veniais.
As qualidades principais que deve ter a acusação dos pecados são cinco: deve ser humilde, íntegra, sincera, prudente e breve.
A acusação deve ser humilde, quer dizer que o penitente deve acusar-se diante do seu confessor sem altivez de ânimo ou de palavras, mas com sentimentos de um réu que reconhece a sua culpa, e comparece diante do juiz.
A acusação deve ser íntegra, quer dizer que se devem confessar, com as suas circunstâncias e no seu número, todos os pecados mortais cometidos desde a última confissão bem feita, e dos quais se tem consciência.
Para que a acusação seja íntegra, devem acusar-se as circunstâncias que mudam a espécie do pecado.
As circunstâncias que mudam a espécie do pecado são:
Quem, para se desculpar, dissesse uma mentira da qual resultasse dano grave para o próximo, deveria manifestar esta circunstância, que muda a mentira, de oficiosa em gravemente nociva.
Quem tivesse roubado uma coisa sagrada, deveria acusar esta circunstância, que acrescenta ao furto a malícia do sacrilégio.
Se uma pessoa não tiver a certeza de ter cometido um pecado, não é obrigada a confessá-lo; se porém o quiser acusar, deverá acrescentar que não tem a certeza de o ter cometido.
Quem não se lembra exatamente do número dos seus pecados, deve acusar o número aproximado.
Quem deixou de confessar por esquecimento um pecado mortal, ou uma circunstância necessária, fez uma boa confissão, contanto que tenha empregado a devida diligência no exame de consciência.
Se um pecado mortal esquecido na confissão volta depois à lembrança, somos obrigados, sem dúvida, a acusá-lo na primeira vez que de novo nos confessarmos.
Quem, por vergonha, ou por qualquer outro motivo culpável, cala voluntariamente algum pecado 'mortal na confissão, profana o Sacramento e por isso torna-se réu de gravíssimo mo sacrilégio.
Quem ocultou culpavelmente algum pecado mortal na confissão, deve expor ao confessor o pecado ocultado, dizer em quantas confissões o ocultou, e repetir todas as confissões, desde a última bem feita.
Quem se vir tentado a calar um pecado grave na confissão, deve considerar:
A acusação deve ser sincera, significa que é necessário declarar os pecados como eles são, sem os desculpar, sem os diminuir e sem os aumentar.
A confissão deve ser prudente, significa que, ao confessar os pecados, devemos servir-nosdos termosmaismodestos, e que devemosguardar-nosde descobrir ospecados alheios.
A confissão deve ser breve, significa que não. devemos ir falar de coisas inúteis ao confessor.
Ainda que confessar a outro homem os próprios pecados possa ser penoso, é necessário fazê-lo, porque é de preceito divino; e de outro modo não se pode obter o perdão dos pecados cometidos; além disso, a dificuldade de se confessar é compensada por muitas vantagens e grandes consolações.
Ponho-me de joelhos aos pés do confessor, e digo: Abençoai-me, Padre, porque pequei.
Inclino-me humildemente para receber a bênção, e faço o sinal da Cruz.
Depois de feito o sinal da Cruz, direi: Eu me confesso a Deus todo-poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, a todos os Santos, e a vós, Padre, porque pequei.
Depois direi: Confessei-me em tal tempo; por graça de Deus recebi a absolvição, cumpri a penitência, e fui à Comunhão. Em seguida faz-se a acusação dos pecados.
Direi: Acuso-me ainda de todos os pecados da vida passada, especialmente contra tal ou tal virtude, por exemplo, contra a pureza, contra o quarto Mandamento, etc.
Direi: De todos estes pecados e de todos aqueles de que não me lembro, peço perdão a Deus de todo o meu coração; e a vós, Padre, peço a penitência e a absolvição.
Concluída a acusação dos pecados, é necessário ouvir com respeito o que disser o confessor; aceitar a penitência com sincera vontade de cumpri-la; e, enquanto ele dá a absolvição, renovar o ato de contrição.
Depois de recebida a absolvição, é preciso agradecer a Nosso Senhor, cumprir quanto antes a penitência, e pôr em prática os avisos do confessor.
Os confessores devem dar a absolvição somente àqueles que julgam bem dispostos a recebê-la.
Os confessores não só podem, mas devem diferir ou negar a absolvição em certos casos, para não profanar o Sacramento.
Os penitentes que se devem considerar mal dispostos são principalmente:
Não. Não há excesso de rigor no confessor que difere a absolvição do penitente, porque não o julga ainda bem disposto; há antes caridade, pois procede como um bom médico, que tenta todosos remédios, ainda os desagradáveise penosos, para salvar a vida ao doente.
O pecador a quem se difere ou se nega a absolvição não deve desesperar ou afastar- se inteiramente da confissão; mas deve humilhar-se, reconhecer o seu estado deplorável, aproveitar osbons conselhos que o confessor lhe dá, e assim pôr-se quanto antes em estado de merecer a absolvição.
O verdadeiro penitente deve encomendar-se muito a Deus para escolher um confessor piedoso, douto e prudente, e deve depois entregar-se às suas mãos, e submeter-se a ele como a seu juiz e médico.
A satisfação, que também se chama penitência sacramental, é um dos atos do penitente, com o qual ele dá uma certa reparação à justiça divina pelos pecados cometidos pondo em prática aquelas obras que o confessor lhe impõe.
O penitente é obrigado a aceitar a penitência que o confessor lhe impõe, se a pode cumprir, e, se não a pode cumprir, deve dizê-lo humildemente ao mesmo confessor, e pedir-lhe outra.
Se o confessor não marcou tempo, a penitência deve cumprir-se quanto antes, e deve fazer-se a diligência por cumpri-la em estado de graça.
A penitência deve cumprir-se na sua integridade e com devoção.
Impõe-se uma penitência porque de ordinário, depois da absolvição sacramental que perdoa a culpa e a pena eterna, resta uma pena temporal a pagar neste mundo ou no Purgatório.
Nosso Senhor quis perdoar no Sacramento do Batismo toda a pena devida aos pecados, e não no Sacramento da Penitência, porque os pecados depois do Batismo são muito mais graves, visto serem cometidos com maior conhecimento e ingratidão aos benefícios de Deus, e também para que a obrigação de satisfazer por eles sirva de freio para não se recair no pecado.
Não; com nossas forças, não podemos dar satisfação a Deus; mas nós o podemos unindo-nos a Jesus Cristo que, com os merecimentos da sua Paixão e morte, dá valor às nossas ações.
A penitência que dá o confessor, de ordinário não é bastante para pagar a pena devida pelos pecados; por isso deve-se fazer a diligência por suprir com outras penitências voluntárias.
As obras de penitência podem reduzir-se a três espécies: à oração, ao jejum, à esmola.
Por oração entende-se toda a espécie de exercícios de piedade.
Por jejum entende-se toda a espécie de mortificação.
Por esmola entende-se toda e qualquer obra de misericórdia espiritual e corporal.
Á penitência que nos dá o confessor é mais meritória, porque, sendo parte do Sacramento, recebe maior virtude dos merecimentos da Paixão de Jesus Cristo.
Não; eles vão para o Purgatório, para ali satisfazerem à justiça de Deuse se purificarem inteiramente.
Sim, as almas que estão no Purgatório podem ser aliviadas com orações, com esmolas, com todas as demais obras boas e com as indulgências, mas sobretudo com o Santo Sacrifício da Missa.
O penitente, depoisda confissão, além de cumprir a penitência, se danificou injustamente o próximo nos bens ou na honra, ou se lhe deu escândalo, deve, o mais breve e na medida em que for possível, restituir-lhe os bens, reparar-lhe a honra e remediar o escândalo.
Pode-se reparar o escândalo que se causou fazendo cessar a ocasião dele, e edificando com as palavras e com o bom exemplo aqueles que se tenha escandalizado.
Devemos satisfazer o próximo quando o tivermos ofendido, pedindo-lhe perdão ou dando-lhe alguma outra reparação conveniente.
Uma boa confissão:
A indulgência é a remissão da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, remissão que a Igreja concede fora do Sacramento da Penitência.
Foi de Jesus Cristo que a Igreja recebeu o poder de conceder indulgências.
A Igreja perdoa a pena temporal por meio das indulgências, aplicando-nos as satisfações superabundantes de Jesus Cristo, da Santíssima Virgem e dos Santos, as quais formam o que se chama o tesouro da Igreja.
O poder de conceder indulgências pertence ao Papa em toda a Igreja, e ao Bispo, na sua diocese, na medida em que lhe é concedido pelo Papa.
Há duas espécies de indulgências: a indulgência plenária e a indulgência parcial.
A indulgência plenária é a que perdoa toda a pena temporal devida pelos nossos pecados. Por isso, se alguém morresse depois de ter recebido esta indulgência, iria logo para o céu, inteiramente isento das penas do Purgatório.
A indulgência parcial é a que perdoa só uma parte da pena temporal, devida pelos nossos pecados.
A intenção da Igreja ao conceder as indulgências é auxiliar a nossa incapacidade de expiar neste mundo toda a pena temporal, fazendo-nos conseguir por meio de obras de piedade e de caridade cristã aquilo que nos primeiros séculosEla obtinha com o rigor dos cânones penitenciais.
Devemos ter as indulgências em muito grande apreço, porque com elas se satisfaz a justiça de Deus e mais depressa e mais facilmente se alcança a posse do céu.
As condições para se ganharem as indulgências são:
Sim, as indulgências podem aplicar-se também às almas do Purgatório quando quem as concede declara que se lhes podem aplicar.
O Jubileu, que ordinariamente se concede todos os vinte e cinco anos, é uma indulgência plenária, à qual estão anexos muitos privilégios e concessões particulares, como o poder de obter-se a absolvição de alguns pecados reservados e de censuras, e a comutação de alguns votos.
A Extrema-Unção é o Sacramento instituído para alívio espiritual e também temporal dos enfermos em perigo de vida.
O Sacramento da Extrema-Unção produz os seguintes efeitos:
A Extrema-Unção deve receber-se quando a doença é grave, e, se puder ser, depois de o enfermo ter recebido osSacramentos da Penitência e da Eucaristia; e deve procurar-se que o enfermo a receba quando está ainda com plena consciência e com alguma esperança de vida.
É bom receber a Extrema-Unção quando o enfermo está ainda com plena consciência e com alguma esperança de vida, porque recebendo-a com melhores disposições poderá obter maior proveito; e além disso, como este Sacramento dá a saúde do corpo, se convém à alma auxiliando as forças da natureza, não se deve estar à espera de que se desespere da cura.
As principais disposições para receber a Extrema-Unção são: estar em estado de graça, confiar na eficácia do Sacramento e na misericórdia divina e resignar-se à vontade de Deus.
À vista do Sacerdote, o enfermo deve experimentar sentimentos de gratidão para com Deus, por lho ter enviado, deve recebê-lo de boa vontade e pedir, se puder, por si mesmo, os confortos da Religião.
A Ordem é o Sacramento que dá o poder de exercitar os ministérios sagrados que se referem ao culto de Deus e à salvação das almas, e que imprime na alma de quem o recebe o caráter de ministro de Deus.
Chama-se Ordem porque consiste em vários graus, uns subordinados aos outros, dos quais resulta a sagrada Hierarquia.
Supremo entre eles é o Episcopado, que contém a plenitude do Sacerdócio; em seguida o Presbiterado ou Sacerdócio simples; depois o Diaconado e as Ordens que se chamam menores.
Jesus Cristo instituiu a Ordem Sacerdotal na Última Ceia, quando conferiu aos Apóstolos e aos seus sucessores o poder de consagrar a Santíssima Eucaristia. E no dia da sua ressurreição conferiu aos mesmos o poder de perdoar e de reter os pecados, constituindoos assim os primeiros Sacerdotes da Nova Lei em toda a plenitude do seu poder.
O ministro deste Sacramento é só o Bispo.
A dignidade do Sacerdócio cristão é muito grande, pelo duplo poder que lhe conferiu Jesus Cristo sobre o seu Corpo real e sobre o seu Corpo místico, que é a Igreja, e pela divina missão, confiada aos Sacerdotes, de conduzir todos os homens à vida eterna.
O Sacerdócio católico é necessário na Igreja, porque sem ele os fiéis estariam privados do Santo Sacrifício da Missa e da maior parte dos Sacramentos; não teriam quem os instruísse na fé, e ficariam como ovelhas sem pastor à mercê dos lobos; em suma, não existiria a Igreja como Cristo a instituiu.
O Sacerdócio católico, não obstante a guerra que contra ele move o Inferno, há de durar até o fim dos séculos, porque Jesus Cristo prometeu que as potências do Inferno não prevaleceriam jamais contra a sua Igreja.
É pecado gravíssimo, porque o desprezo e as injúrias que se dirigem contra osSacerdotes recaem sobre o próprio Jesus Cristo, que disse aos seus Apóstolos: Quem a vós despreza, a Mim despreza.
O fim de quem abraça o estado eclesiástico deve ser unicamente a glória de Deus e a salvação das almas.
Para entrar no estado eclesiástico é necessário, antes de tudo, a vocação divina.
Para conhecer se Deus o chama ao estado eclesiástico, o cristão deve:
Quem entrasse para o estado eclesiástico, sem ser chamado por Deus, faria um mal muito grave e colocar-se-ia em risco de se perder.
Os pais que, por motivos temporais, induzem os filhos a abraçar o estado eclesiástico sem vocação, cometem também culpa gravíssima, porque com isto usurpam o direito que Deus reservou exclusivamente para Si de escolher os seus ministros, e porque põem os filhos em risco de condenação eterna.
Os fiéis devem:
O Matrimônio é um Sacramento instituído por Nosso Senhor Jesus Cristo, que estabelece uma união santa e indissolúvel entre o homem e a mulher, e lhes dá a graça de se amarem um ao outro santamente, e de educarem cristãmente seus filhos.
O Matrimônio foi instituído pelo próprio Deus no Paraíso terrestre; e no Novo Testamento foi elevado por Jesus Cristo à dignidade de Sacramento.
O Sacramento do Matrimônio significa a união indissolúvel de Jesus Cristo com a Santa Igreja, sua esposa e nossa Mãe amantíssima.
Diz-se que o vínculo do Matrimônio é indissolúvel, isto é, que não se pode quebrar senão pela morte de um dos cônjuges, porque assim o estabeleceu Deus desde o começo, e assim o proclamou solenemente Jesus Cristo, Senhor Nosso.
Não. No Matrimônio entre cristãos o contrato não se pode separar do Sacramento, porque para eles o Matrimônio não é outra coisa senão o mesmo contrato natural, elevado por Jesus Cristo à dignidade de Sacramento.
Entre os cristãos não pode haver verdadeiro Matrimônio que não seja Sacramento.
O Sacramento do Matrimônio:
Os ministros deste Sacramento são os mesmos esposos, que reciprocamente conferem e recebem o Sacramento.
Este Sacramento, porque conserva a natureza de contrato, é administrado pelos mesmos contraentes, declarando na presença do próprio pároco, ou de outro Sacerdote devidamente autorizado, e de duas testemunhas, que se unem em matrimônio.
A bênção que o pároco dá aos esposos não é necessária para constituir o Sacramento, mas é dada para sancionar em nome da Igreja a sua união, e para atrair sempre mais sobre eles as bênçãos de Deus.
Quem contrai Matrimônio deve ter intenção:
Os esposos, para receber com fruto o Sacramento do Matrimônio, devem:
As pessoas unidas em Matrimônio devem:
Para contrair validamente o Matrimônio cristão é necessário estar livre de qualquer impedimento matrimonial dirimente, e dar livremente o próprio consentimento ao contrato do Matrimônio na presença do próprio pároco ou de um Sacerdote devidamente autorizado, e de duas testemunhas.
Para contrair licitamente o Matrimônio cristão, é necessário estar livre dos impedimentos matrimoniais impedientes, estar instruído nas verdades principais da religião, e estar em estado de graça. Não estando em estado de graça, cometer-se-ia um sacrilégio.
Os impedimentos matrimoniais são certas circunstâncias que tornam o matrimônio ou inválido ou ilícito. No primeiro caso chamam-se impedimentos dirimentes, no segundo impedimentos impedientes.
Impedimentos dirimentes são, por exemplo, a consangüinidade até ao terceiro grau, o parentesco espiritual, o voto solene de castidade, a diversidade de culto entre batizados e não batizados etc.
Impedimento impediente é, por exemplo, o voto simples de castidade etc.
Os fiéis são obrigados a manifestar à autoridade eclesiástica os impedimentos matrimoniaisque conhecem; e é por isso que ospárocos fazem aspublicações, isto é, lêem os pregões dos que se vão casar.
Só a Igreja tem o poder de estabelecer impedimentos e de julgar da validade do Matrimônio entre os cristãos, como só a Igreja pode dispensar daqueles impedimentos que Ela estabeleceu.
Só a Igreja tem o poder de estabelecer impedimentos, de julgar da validade do Matrimônio e de dispensar dos impedimentos que Ela própria estabeleceu, porque não se podendo separar no matrimônio cristão * contrato do Sacramento, também o contrato cai sob alçada da Igreja, porque só a Ela conferiu Jesus Cristo * direito de promulgar leis e decisões acerca das coisas sagradas.
Não. O vínculo do Matrimônio cristão não pode ser dissolvido pela autoridade civil, porque esta não pode ingerir-se em matéria de Sacramentos, nem separar o que Deus uniu.
O casamento civil não é mais que uma formalidade prescrita pela lei para os cidadãos, a fim de dar e de assegurar os efeitos civis aos casados e aos seus filhos.
Um cristão não pode celebrar somente o contrato civil, porque este não é Sacramento, e portanto não é um verdadeiro matrimônio.
Os esposos que convivessem juntos, unidos somente pelo casamento civil, estariam em estado habitual de pecado mortal, e a sua união seria sempre ilegítima diante de Deus e da Igreja.
Deve fazer-se também o contrato civil, porque, embora não seja ele Sacramento, serve, no entanto, para garantir aos casados e a seus filhos os efeitos civis da sociedade conjugal; eisporque, como regra geral, a autoridade eclesiástica não permite o casamento religioso, quando não se cumprem as formalidades prescritas pela autoridade civil.
A virtude sobrenatural é uma qualidade que Deus infunde na alma, pela qual se tem propensão, facilidade e prontidão para conhecer e praticar o bem, em ordem da vida eterna.
As principais virtudes sobrenaturais são sete, a saber, três teologais e quatro cardeais.
As virtudes teologais são: a Fé, a Esperança e a Caridade.
Chamam-se a Fé, a Esperança e a Caridade virtudes teologais, porque têm a Deus por objeto imediato e principal e nos são infundidas por Ele.
As virtudes teologais têm a Deus por objeto imediato, porque pela Fé nós cremos em Deus, e cremos tudo o queEle revelou; pela Esperança esperamospossuir a Deus; pela Caridade amamos a Deus e nEle amamos a nós mesmos e ao próximo.
Deus, pela sua bondade, infunde-nos no alma a, virtudes teologais, quando nos adorna com a graça santificante; e por isso, quando recebemos o Batismo, fomos enriquecidos com estas virtudes, e juntamente com os dons do Espírito Santo.
Para quem tem o uso da razão, não basta o ter recebido no Batismo as virtudes teologais; mas é necessário fazer freqüentemente atos destas virtudes.
Somos obrigados a fazer atos de Fé, de Esperança e de Caridade:
A Fé e uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual nós, apoiados na autoridade do mesmo Deus, acreditamos que é verdade tudo o que Ele revelou e por meio da Santa Igreja nos propõe para crer.
Conhecemos as verdades reveladas por Deus, por meio da Santa Igreja que é infalível, isto é, por meio do Papa, sucessor deSão Pedro, e por meio dosBisposque, em união com o Papa, são sucessores dos Apóstolos, os quais foram instruídos pelo próprio Jesus Cristo.
Sim, temos a certeza absoluta de que são verdadeiras as doutrinas que a Santa Igreja nos ensina, porque Jesus Cristo empenhou a sua palavra, que a Igreja nunca se enganaria.
A Fé perde-se negando ou duvidando voluntariamente, ainda que seja de um só artigo que nos é proposto para crer.
Recuperamos a Fé perdida, arrependendo-nos do pecado cometido e crendo de novo tudo o que crê a Santa Igreja.
Não; não podemos compreender todas as verdades da Fé, porque algumas destas verdades são mistérios.
Os mistérios são verdades superioresà razão, as quaisdevemos crer, ainda que não as possamos compreender.
Devemos crer os mistérios, porque os revelou Deus, que, sendo Verdade e Bondade infinitas, não pode engarnar-Se, nem enganar-nos.
Os mistérios são superiores, porém não contrários à razão; e até a própria razão nos persuade a admiti-los.
Os mistérios não podem ser contrários à razão, porque é o mesmo Deus quem nos deu a luz da razão, e quem revelou OS mistérios, e Ele não pode contradizer-Se a Si mesmo.
As verdades que Deus revelou acham-se na Sagrada Escritura e na Tradição.
A Sagrada Escritura é a coleção dos livrosescritospelosProjetase pelosHagiógrafos, pelos Apóstolos pelos Evangelistas, por inspiração do Espírito Santo, recebidas pela Igreja como inspirados.
A Sagrada Escritura se divide em duas partes: Antigo e Novo Testamento.
O Antigo Testamento contém os livros inspiradosescritos antes da vinda de Jesus Cristo.
O Novo Testamento contém os livros inspirados escritos depois da vinda de Jesus Cristo.
À Sagrada Escritura dá-se comumente o nome de Bíblia Sagrada.
A palavra Bíblia quer dizer coleção dos livros santos, o livro por excelência, o livro dos livros, o livro inspirado por Deus.
A Sagrada Escritura é chamada o livro por excelência, por causa da excelência da matéria de que trata e do Autor que a inspirou.
Na Sagrada Escritura não pode haver erro algum, porque, sendo toda inspirada, o Autor de todas as suas partes é o próprio Deus. Isto não obsta a que nas cópias as e traduções da mesma se tenha dado algum engano ou dos copistas ou dos tradutores. Porém, nas edições revistas e aprovadas pela Igreja Católica não pode haver erro no que respeita à fé ou à moral.
A leitura da Bíblia não é necessária a todosos cristãos, sendo, como são, instruídos pela Igreja; mas é contudo útil e recomendada a todos.
Podem ler-se as traduções em língua vulgar da Bíblia desde que sejam reconhecidas como fiéis pela Igreja Católica, e venham acompanhadas de explicações ou notas aprovadas pela mesma Igreja.
Só se podem ler as traduçõesda Bíblia que são aprovadaspela Igreja porque só Ela é legítima depositária e guarda da Bíblia.
O verdadeiro sentido das Sagradas Escrituras podemos conhecê-lo só por meio o da Igreja, porque só a Igreja é que não pode errar ao interpretá-las.
Um cristão a quem fosse oferecida a Bíblia por um protestante, ou por algum emissário dos protestantes, deveria rejeitá-la com horror, por ser proibida pela Igreja. E, se a tivesse aceitado sem reparar, deveria logo lançá-la ao fogo ou entregá-la ao próprio pároco.
A Igreja proíbe as Bíblias protestantes, porque ou estão alteradas e contêm erros, ou então, faltando-lhes a sua aprovação e as notas explicativas das passagens obscuras, podem causar dano à Fé. Por isso a Igreja proíbe também as traduções da Sagrada Escritura já aprovadas por Ela, mas reimpressas sem as explicações que a mesma Igreja aprovou.
A Tradição é a palavra de Deus não escrita, mas comunicada de viva voz por Jesus Cristo e pelos Apóstolos, e que chegou sem alteração, de século ein século, por meio da Igreja, até nós.
Os ensinamentos da Tradição acham-se principalmente nos decretos dos Concílios, nos escritos dos Santos Padres, nos atos da Santa Sé, nas palavras e nus usos da Sagrada Liturgia.
A Tradição deve ter-se na mesma consideração em que se tem a palavra de Deus contida na Sagrada Escritura.
A Esperança é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus na nossa alma, pela qual desejamos e esperamos a vida eterna que Deus prometeu aos seus servos, e os auxílios necessários para alcançá-la.
Devemos esperar de Deus o Paraíso e os auxílios necessários para alcançá-lo, porque Deus misericordiosíssimo, pelos merecimentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, o prometeu a quem o serve de todo o coração; e, sendo fidelíssimo e onipotente, cumpre sempre a sua promessa.
As condiçõesnecessáriaspara alcançar o Paraíso são: a graça de Deus, a prática das boas obras e a perseverança no seu santo amor até à morte.
Perde-se a Esperança todas as vezes que se perde a Fé; perde-se também pelo pecado de desespero ou de presunção.
Recuperamosa Esperança perdida, arrependendo-nosdo pecado cometido, e excitando-nos de novo à confiança na bondade divina.
A Caridade é uma virtude sobrenatural, infundida por Deus em nossa alma, pela qual amamos a Deus por Si mesmo sobre todas as coisas, e amamos o próximo como a nós mesmos, por amor de Deus.
Devemos amar a Deus, porque Ele é o sumo Bem, infinitamente bom e perfeito, e além disso por que Ele o manda, e pelos inumeráveis benefícios que dEle recebemos.
Devemos amar a Deus sobre todas as coisas, com todo o nosso coração, com toda a nossa mente, com toda a nossa alma, e com todas as nossas forças.
Amar a Deus sobre todas as coisas quer dizer: preferi-Lo a todas as criaturas mais caras e mais perfeitas, e estar disposto a perder tudo antes que ofendê-Lo ou deixar de amá-Lo.
Amar a Deus com todo o nosso coração quer dizer: consagrar-Lhe todos os nossos afetos.
Amar a Deus com toda a nossa mente quer dizer: dirigir para Ele todos os nossos pensamentos.
Amar a Deus com toda a nossa alma quer dizer: consagrar-Lhe o uso de todas as potências da nossa alma.
Amar a Deus com todas as nossas forças quer dizer: esforçar-se por crescer cada vez maisno amor dEle, e proceder de maneira que todas asnossasações tenham por motivo e por fim o seu amor e o desejo de Lhe agradar.
Devemos amar o próximo por amor de Deus porque Ele o manda, e porque todo o homem é imagem de Deus.
Sim, somos obrigados a amar também os inimigos, porque também eles são nossos próximos, e porque Jesus Cristo o mandou expressamente.
Amar o próximo como a nós mesmos quer dizer: desejar-lhe e fazer-lhe, tanto quanto pudermos, todo o bem que devemos desejar para nós mesmos, e não lhe desejar nem fazer mal algum.
Amamos retamente a nós mesmos quando procuramos servi r a Deus e pôr n'Ele toda a nossa felicidade.
Perde-se a Caridade com qualquer pecado rnortal.
Recuperamosa Caridade, fazendo atosde amor de Deus, arrependendo-nose confessando-nos bem.
As virtudes cardeais são: a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança.
Chamam-se virtudes cardeais a Prudência, a Justiça, a Fortaleza e a Temperança, porque são a base e o fundamento das virtudes morais.
A Prudência é a virtude que dirige toda ação ao devido fim, e por isso procura os meios convenientes para que a ação seja em tudo bem feita, e portanto aceita ao Senhor.
A Justiça é a virtude pela qual damos a cada um o que lhe pertence.
A Fortaleza é a virtude que nos dá coragem parti não temer perigo algum, nem a própria morte, no serviço de Deus.
A Temperança é a virtude pela qual refreamos os desejos desordenados de prazeres sensuais, e usamos com moderação dos bens temporais.
Os dons do Espírito Santo são sete:
Os dons do Espírito Santo servem para nos confirmar na Fé, na Esperança e na Caridade, e para nos tornar solícitospara osatosdas virtudesnecessáriaspara conseguir a perfeição da vida cristã.
A Sabedoria é um dom pelo qual nós, elevando o espírito acima das coisas terrenas e frágeis, contemplamos as eternas, isto é, a Verdade, que é Deus, no qual pomos nossa complacência, amando-O como nosso Sumo bem.
O Entendimento é um dom pelo qual nos é facilitada, quanto é possível a um homem mortal, a inteligência das verdades da Fé e dos divinos mistérios, os quais não podemos conhecer com as luzes naturais da nossa razão.
O Conselho é um dom pelo qual, nas dúvidas e incertezas da vida humana, conhecemos o que mais convém à glória de Deus, à nossa salvação e à do próximo.
A Fortaleza é um dom que nos incute energia e coragem para observar fielmente a santa Lei de Deus e da Igreja, vencendo todos os obstáculos, e os assaltos dos nossos inimigos.
A Ciência é um dom pelo qual julgamos retamente das coisas criadas, e conhecemos o modo de bem usar delas e de as dirigir ao último fim, que é Deus.
Á Piedade é um dom pelo qual veneramos e amamos a Deus e aos Santos, e conservamos ânimo bondoso e benévolo para com o próximo, por amor de Deus.
O Temor de Deus é um dom que nos faz reverenciar a Deus, e ter receio de ofender a sua Divina Majestade, e que nos afasta do mal, incitando-nos ao bem.
As Bem-aventuranças evangélicas são oito:
Jesus Cristo propôs-nos as Bem-aventuranças para os fazer detestar as máximas do mundo, e para nos convidar a amar e praticar as máximas do seu Evangelho.
O inundo chama bem-aventurados aqueles que desfrutam abundância de riquezas e de honras, que vi vem ein delícias e que não têm nada que os faça sofrer.
Os pobres de espírito, segundo o Evangelho, são aqueles que têm o coração desapegado das riquezas; fazem bom uso delas, se as possuem; não as procuram com solicitude, se não as têm; e sofrem com resignação a perda delas se lhes são tiradas.
Os mansos são aqueles que tratam o próximo com brandura, e lhe sofrem com paciência os defeitos e as ofensas que dele recebem, sem alteração, ressentimentos ou vingança.
Os que choram, e todavia são chamados bem-aventurados, são aqueles que sofrem com resignação as tribulações, e que se afligem pelos pecados cometidos, pelos males e pelos escândalos que se vêem no mundo, pela ausência do céu, e pelo perigo de o perder.
Os que têm fome e sede de justiça são aqueles, que desejam ardentemente crescer cada vez mais na graça de Deus e na prática das obras boas e virtuosas.
Os que usam de misericórdia são aqueles que amam, em Deus e por amor de Deus, o seu próximo, se compadecem das suasmisérias, assim corporais como espirituais, e procuram socorrê-lo conforme as suas forças e o seu estado.
Os puros de coração são aqueles que não têm nenhum afeto ao pecado, sempre se afastam dele, e evitam sobretudo toda a espécie de impureza.
Os pacíficos são aqueles que vivem ein paz com o próximo e consigo mesmos, e procuram estabelecer a paz entre aqueles que estão em discórdia.
Os que sofrem perseguição por amor da justiça são aqueles que suportam com paciência os escárnios, as censuras, as perseguições por causa da Fé e da Lei de Jesus Cristo.
Os diversos prêmios prometidos por Jesus Cristo nas Bem-aventuranças significam todos, sob diversos nomes, a glória eterna do Céu.
As Bem-aventuranças não nos alcançam só a glória eterna do Paraíso; são também meios de tornar nossa vida feliz, tanto quanto é possivel, neste mundo.
Sim, certamente, os que seguem as Bem-aventuranças recebem já alguma recompensa nesta vida, porque já gozam de uma paz e de um contentamento íntimos que são princípio, embora imperfeito, da felicidade eterna.
Não. Osque seguem asmáximasdo mundo não são felizes, porque não têm a verdadeira paz da alma e estão em risco de se condenar.
As boas obras de que se tios pedirá conta particular no dia do Juízo são as obras de misericórdia.
Obra de misericórdia é aquela com que se socorre o nosso próximo nas suas necessidades corporais ou espirituais.
As obras de misericórdia são catorze: sete corporais e sete espirituais, conforme são corporais ou espirituais as necessidades que se socorrem,
As obras de misericórdia corporais são:
As obras de misericórdia espirituais são:
Há duas espécies de pecado: o pecado original e o pecado atual.
O pecado original é aquele com o qual todos nascemos, exceto a Santíssima Virgem Maria, e que contraímos pela desobediência do nosso primeiro pai Adão.
Osmales causadospelo pecado deAdão são: a privação da graça, a perda do Paraíso, a ignorância, a inclinação para o mal, a morte e todas as demais misérias.
O pecado original apaga-se com o santo Batismo.
O pecado atual é aquele que o homem, chegado ao uso da razão, comete por sua livre vontade.
Há duas espécies de pecado atual: o mortal e o venial.
O pecado mortal é uma transgressão da lei divina, pela qual se falta gravemente aos deveres para com Deus, para com o próximo, ou para com nós mesmos.
Chama-se mortal porque dá a morte à alma, fazendo-a perder a graça santificante, que é a vida da alma como a alma é a vida do corpo.
O pecado mortal:
Além da gravidade da matéria, para haver um pecado mortal requer-se a plena advertência desta gravidade, e a vontade deliberada de cometer o pecado.
O pecado venial é uma leve transgressão da lei divina, pela qual se falta levemente a algum dever para com Deus, para com o próximo, ou para com nós mesmos.
Porque é leve em comparação com o pecado mortal; porque não nos faz perder a graça divina; e porque Deus facilmente o perdoa.
Isto seria um erro enorme, porque o pecado venial contém sempre uma ofensa a Deus, e causa prejuízos não pequenos à alma.
O pecado venial:
O vício é uma disposição má da alma que leva-a a fugir do bem e a fazer o mal, causada pela freqüente repetição dos atos maus.
Entre pecado e vício há esta diferença: que o pecado é um ato que passa, enquanto o vício é o mau hábito contraído de cair em algum pecado.
Os vícios que se chamam capitais são sete:
Os vícios ou pecados capitais vencem-se com a prática das virtudes opostas. Assim, a soberba vence-se com a humildade; a avareza, com a liberalidade; a luxúria, com a castidade; a ira, com a paciência; a gula, com a temperança; a inveja, com a caridade; a preguiça, com a diligência e fervor no serviço de Deus.
Chamam-se capitais estes vícios, porque são a fonte e a causa de muitos outros vícios e pecados.
Os pecados contra o Espírito Santo são seis:
Chamam-se estes pecados particularmente pecados contra o Espírito Santo, porque se cometem por pura malícia, o que é contrário à bondade que se atribui ao Espírito Santo.
Os pecados que bradam ao Céu e pedem vingança a Deus são quatro:
Diz-se que estes pecados pedem vingança a Deus, porque o diz o Espírito Santo, e porque a sua malícia é tão grave e manifesta, que provoca o mesmo Deus a puni-los com os mais severos castigos.
Novíssimos são chamados nos Livros Santos as últimas coisas que hão de acontecer ao homem.
Os Novíssimos, ou últimas coisas do homem, são quatro: Morte, Juízo, Inferno e Paraíso.
Os Novíssimos chamam-se últimas coisas que acontecerão ao homem, porque a Morte é a última coisa que nos acontece neste mundo; o Juízo de Deus é o último entre os juízos que temos a passar; o Inferno é último mal que hão de sofrer os maus; e o Paraíso é sumo bem que hão de receber os bons.
É bom pensar nosNovíssimos todososdias, e principalmente ao fazer a oração da manha, apenas acordados, à noite antes do deitar, e todas as vezes que somos tentados a fazer algum mal, porque este pensamento é eficacíssimo para nos fazer evitar o pecado.
Um bom cristão, pela manhã, apenas acorda, deve fazer o sinal da Cruz, e oferecer o coração a Deus, dizendo estas ou outras palavras semelhantes: Meu Deus, eu vos dou o meu coração e a minha alma.
Ao levantar da cama e enquanto nos vestimos, deveríamos pensar que Deus está presente, que aquele dia pode ser o último da nossa vida; e entretanto levantar-nose vestir-nos com toda a modéstia possível.
Um bom cristão, apenas se tenha levantado vestido, convém pôr-se na presença de Deuse ajoelhar, se pode, diante de alguma devota imagem, dizendo com devoção: "Eu Vos adoro, meu Deus, e Vos amo de todo o coração; dou-Vos graças por me terdes criado, feito cristão e conservado nesta noite; ofereço-Vos todas as minhas ações, e peço-Vos que neste dia me preserveis do pecado, e me livreis de todo o mal. Assim seja". Reza depois o Padre-Nosso, a Ave-Maria, o Credo, e os atos de Fé, de Esperança e de Caridade, acompanhando-os com um vivo afeto do coração.
O cristão, podendo, deveria todos os dias:
Antes do trabalho, convém oferecê-lo a Deus, dizendo do coração: "Senhor, eu Vos ofereço este trabalho, dai-me a vossa bênção".
Deve-se trabalhar para glória de Deus e para fazer a sua vontade.
Antesda refeição convém fazer o sinal da Cruz, estando de pé, e depoisdizer com devoção: "Senhor, abençoai-nos a nós e ao alimento que vamos tomar, para nos conservarmos no vosso santo serviço".
Depois da refeição, convém fazer o sinal da Cruz, e dizer: "Senhor, eu Vos dou graças pelo alimento que me destes; fazei-me digno de participar da mesa celeste".
Quando nos vemosatormentadospor alguma tentação, devemos invocar com fé o Santíssimo Nome de Jesus ou de Maria, ou recitar fervorosamente alguma oração jaculatória, como, por exemplo: "Dai-me a graça, Senhor, que eu nunca Vos ofenda"; ou então fazer o sinal da Cruz, evitando porém que asoutraspessoas, pelos sinaisexternos, suspeitem da tentação.
Quando uma pessoa reconhece, ou duvida que cometeu algum pecado, convém fazer imediatamente um ato de contrição, e procurar confessar-se quanto antes.
É bom fazer, ao menos com o coração, um ato de adoração, dizendo, por exemplo: "Graças e louvores se dêem a todo o momento ao Santíssimo e diviníssimo Sacramento".
Ao toque das Ave-Marias, o bom cristão recita o Anjo do Senhor com três Ave- Marias.
À noite, antesde deitar, convém pôr-nos, como pela manhã, na presença de Deus, recitar devotamente as mesmas orações, fazer um breve exame de consciência, e pedir perdão a Deus dos pecados cometidos durante o dia.
Antesde adormecer, farei o sinal da Cruz, pensarei que posso morrer naquela noite, e oferecerei o coração a Deus, dizendo: "Meu Senhor e meu Deus, eu Vos dou todo o meu coração. Trindade Santíssima, concedei-me a graça de bem viver e de bem morrer. Jesus, Maria e José eu Vos encomendo a minha alma".
No decurso do dia pode-se invocar a Deus freqüentemente com outras orações breves, que se chamam jaculatórias.
É muito útil recitar, durante o dia, muitas jaculatórias, e podem recitar-se também com o coração, sem proferir palavras, caminhando, trabalhando, etc.
Além das orações jaculatórias, o cristão deveria exercitar-se na mortificação cristã.
Mortificar-se quer dizer privar-se, por amor de Deus, daquilo que agrada, e aceitar o que desagrada aos sentidos ou ao amor próprio.
Quando é o Santíssimo Sacramento levado a algum enfermo, devemos, sendo possível, acompanhá-Lo com modéstia e recolhimento; e, se não é possível acompanhá-Lo, fazer um ato de adoração em qualquer lugar que nos encontremos, e dizer: "Consolai, Senhor, este enfermo, e concedei-lhe a graça de se conformar com a vossa santíssima vontade. e de conseguir a sua salvação".
Ouvindo tocar o sino pela agonia de algum moribundo, irei, se puder, à igreja orar por ele; e, não podendo, encomendarei a Nosso Senhor a sua alma, pensando que dentro em breve tempo hei de encontrar-me também eu naquele estado.
Ao ouvir sinais pela morte de alguém, procurarei rezar um De profundis ou um Réquiem, ou um Padre-Nosso e uma Ave-Maria, pela alma daquele defunto, e renovarei o pensamento da morte.