Santa Gertrudes, chamada a Grande, pertence à Ordem do grande Patriarca
dos Monges do Ocidente, São Bento. Sua vida passou-se quasi inteira no
claustro, onde foi oferecida a Deus na idade de cinco anos em 1261. No
dia 27 de Janeiro de 1281, tendo Gertrudes 25 anos, o Esposo de sua alma
revelou-se a ela de modo maravilhoso; consolou-a de uma provação que a
atormentava e favoreceu-a, durante os oito anos seguintes, com notáveis
visões. Por ordem de Deus, deixou-as por escrito à Santa no maravilhoso
livro intitulado: As Revelações de Santa Gertrudes. Possuímos da mesma o
Livro da Graça especial, os Exercícios de Santa Gertrudes e as Orações
Gertrudianas. Ninguém pode ler, escreve o Padre Faber, os escritores da
antiga escola de São Bento, sem notar com admiração a liberdade de
espírito que os penetrava. Deles é Gertrudes um belo exemplo, respira
por toda a parte o espírito de São Bento. O espírito da religião
católica é um espírito fácil, espírito de liberdade, e esse era, de modo
especial, o apanágio dos Beneditinos ascéticos da velha escola. As obras
de Santa Gertrudes são, realmente, apenas o eco dos pensamentos colhidos
na santa liturgia. Filha dócil da Igreja, ouvia diariamente a sua voz
maternal ora chorando, ora regozijando-se na divina Psalmodia e nos
textos de sua oração oficial. Essa direcção certa e infalível conduziu-a
rapidamente aos cumes da perfeição. Vós me encontrareis, declarava
Jesus, no Santíssimo Sacramento e no coração de Gertrudes (Or.).
Profetiza do amor de Deus, foi a primeira grande reveladora da devoção
ao Sagrado Coração. Nosso Senhor apareceu-lhe um dia com S. João e este
disse-lhe que se inclinasse sobre o peito do Mestre a fim de ouvir as
pulsações do Coração divino; acrescentou que ele próprio as havia ouvido
na última Ceia, mas que não as pudera mencionar então, porque essa
manifestação estava reservada para os ultimos tempos, quando arrefecesse
a caridade na Igreja. Pediu-lhe, em seguida, que o revelasse ás almas.
Gertrudes, tendo na mão a sua lampada acesa, esperava a chegada do
Esposo; morreu, diz o Breviário romano, em 1334 mais consumida pelo
ardor de seu amor do que pela doença. Foi declarada Padroeira das Índias
ocidentais, e, no novo México, foi construída uma cidade em sua honra e
que ainda conserva o seu nome.
Como na [Missa Dilexísti justitiam](/missal/comum/20virgemnaomartir1, excepto:
Deus, qui in corde beátæ Gertrudis Vírginis jucúndam tibi mansionem præparásti: ipsíus méritis et intercessióne; cordis nostri máculas cleménter abstérge, et ejúsdem tríbue gaudére consórtio. Per Dóminum…
Ó Deus, que para Vós preparastes uma morada agradável no coração da B. Virgem Gertrudes, atendendo aos seus méritos e intercessão, apagai misericordiosamente as máculas do nosso coração e concedei-nos o gozo da sua companhia. Por nosso Senhor…